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Soja: Preços em Chicago têm dia de correção técnica nesta 4ª feira

O mercado internacional da soja passa por uma pequena correção técnica na manhã desta quarta-feira (14). Os futuros da oleaginosa negociados na Bolsa de Chicago, por volta das 7h40 (horário de Brasília), perdiam pouco mais de 2 pontos entre os principais vencimentos, os quais seguiam ainda acima dos US$ 9,00 por bushel. O contrato julho/16 já era cotado, nesta sessão, a US$ 9,28.

Na sessão anterior, a commodity encerrou os negócios com altas de mais de 20 pontos estimulada pelas boas e fortes notícias que chegaram dos fundamentos de demanda. No entanto, os traders ainda seguem atentos ao desenvolvimento da colheita nos EUA.

De acordo com o último boletim de acompanhamento de safras trazido pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), já há no país 62% da área de soja colhida até o último domingo (11), número que ficou em linha com a expectativa do mercado de 61%. Na semana passada, o índice era de 42%. Além disso, foi mantido o número de 64% das lavouras de soja em boas ou excelentes condições.

Paralelamente, as informações sobre a nova safra da América do Sul ganham cada vez mais força no mercado internacional. Segundo um levantamento feito pela França Junior Consultoria, cerca de 7% do plantio da temporada 2015/16 já havia sido concluído até o dia 9 de outubro nos principais estados produtores. O número é o mesmo do registrado neste período de 2014, mas fica ligeiramente acima dos 6% de média dos últimos cinco anos.

Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:

A soja fechou o pregão desta terça-feira (13) com altas de mais de 20 pontos na Bolsa de Chicago. Entre os principais vencimentos os preços terminaram o dia acima dos US$ 9,00 por bushel, com o contrato maio/16, referência para a safra brasileira, cotado a US$ 9,25 por bushel. Já o novembro/15, referência para a safra dos EUA, fechou os negócios valendo US$ 9,12.

A demanda foi o principal direcionador das cotações neste pregão, segundo relataram analistas nacionais e internacionais. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe os números dos embarques semanais de soja do país acima do esperado, além de um um novo anúncio de vendas da commodity da safra 2015/16 para a China e as notícias atuaram como combustível para o avanço dos preços.

No Brasil, o dia também foi muito positivo. A formação dos preços no mercado interno contou não só com valores maiores em Chicago, mas também com uma expressiva alta dos prêmios – que variam de 28 cents a US$ 1,10 por bushel sobre os valores praticados na CBOT – e uma retomada do dólar. Depois de consecutivas sessões de baixa, a moeda norte-americana disparou nesta terça e se aproximou, novamente, dos R$ 3,90, impactando instantaneamente em cotações mais elevadas nos portos e no interior do país.

Assim, a soja disponível terminou o dia com alta de 7,01% no porto de Rio Grande e R$ 87,00 por saca, enquanto em Paranaguá foi a R$ 82,50 com ganho de 1,85%. Já o produto da nova safra subiu 3,75% para R$ 83,00 no terminal paranaense e 4,80% no gaúcho, terminando o dia com R$ 83,00/saca.

Apesar desse quadro, como explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, afirma que os negócios internamente seguem pontuais. O mercado segue comprador – reflexo nos prêmios – e os vendedores retraídos, já que a composição do quadro ainda não á favorável, ou vantajosa.

“O momento para o produtor brasileiro, que já tem cerca de 40% da nova safra comercializada e 95% ou mais da safra velha, não é tão vantajoso com os atuais níveis de preços e, essa recente evolução das cotações ainda não leva o mercado aos valores alcançados nos últimos meses”, diz.

E a soja brasileira ganha cada vez mais o mercado internacional diante da desvalorização do real. De acordo com os últimos números da Secretaria do Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Brasil já exportou o volume recorde de 50,7 milhões de toneladas neste ano de 2015 entre os meses de janeiro a outubro (até a segunda semana).

As vendas brasileiras de soja em grão totalizaram 1,195 milhões de toneladas, com uma média diária de 170,7 mil t. Esse valor corresponde a um crescimento de 430% no volume embarcado em relação ao mesmo período do ano passado. Ainda que os preços externos venham registrando uma baixa, a receita obtida com as exportações ficou 315% acima do valor registrado em 2014, principalmente por conta do maior volume embarcado e dessa alta do dólar.

Dólar

O dólar, nesta terça-feira, fechou valendo R$ 3,8935 e alta de 3,58%. A moeda registrou, segundo noticiou a agência Reuters, a maior alta diária desde setembro de 2011. Na máxima da sessão, a divisa bateu em R$ 3,8962, buscando se aproximar, novamente dos R$ 3,90.

Segundo analistas, o avanço veio refletindo mais preocupações com a cena política do Brasil e as incertezas crescentes sobre a abertura de um impeachment da presidente Dilma Rousseff. Já no mercado externo, momentos pontuais de aversão ao risco, no caso da moeda, contribuíram.

Mercado Internacional

Na Bolsa de Chicago, os traders estiveram atentos às novidades sobre a demanda pela soja norte-americana, que voltou a se aquecer nas últimas semanas. Ao mesmo tempo, os últimos dados sobre as importações da China vieram para completar o terreno positivo para os preços.

De acordo com o boletim semanal de embarques de grãos reportado pelo USDA, os EUA embarcaram, na semana encerrada em 8 de outubro, 1.831,696 milhão de toneladas, contra 1.155,816 da semana anterior e 1.447,267 milhão do mesmo período da temporada anterior. As expectativas dos traders, no entanto, variavam de 1,1 milhão a 1,225 milhão de toneladas.

No acumulado da temporada, os embarques de soja dos Estados Unidos já somam 4.428,376 milhões de toneladas, total que supera o registrado no mesmo período do ano comercial 2014/15, quando 3.951,607 milhões de toneladas já tinham sido embarcadas.

Ainda nesta terça, o USDA trouxe o anúncio da venda de 240 mil toneladas de soja da safra 2015/16 dos EUA para a China e também favoreceu o andamento dos negócios.

Paralelamente, vieram os números da China. A maior compradora mundial da oleaginosa – e de commodities de uma forma geral – importou, em setembro, 7,26 milhões de toneladas de soja em grão. O volume é pouco mais de 6% menor do que o adquirido em agosto, porém, supera em mais de 40% o total registrado em setembro de 2014.

“As importações chinesas de setembro foram excepcionalmente fortes para esta época do ano. E as principais origens foram, claramente, os países da América do Sul, com os compradores aproveitando as vantagens da desvalorização do real”, disse, em nota, o banco internacional Australia & New Zealand Bank. “As compras de commodities da China não foram fortes diante de uma recuperação de muitos mercados ainda em agosto”, informou o comunicado.

“Hoje foi praticamente a China no mercado”, disse Brandalizze.

No entanto, o consultor afirmou ainda que, ao lado dos fundamentos positivos, o movimento de alta das cotações encontrou força ainda no mercado técnico. Com o rompimento da barreira dos US$ 9,00 por bushel nas posições mais próximas – novembro/15 e janeiro/16 -, o terreno para os ganhos se tornou ainda mais fértil e, dessa forma, os traders “vão buscar agora a consolidação do suporte para o mercado nesse patamar”, disse.

Ao lado desses dois fatores, há ainda a evolução da colheita nos Estados Unidos. Os trabalhos de campo seguem evoluindo de forma bastante satisfatória frente à condições de clima bastante favoráveis e a chegada da nova oferta norte-americana, se não pressiona o mercado, acaba sendo um limitador das altas.

Nesta terça-feira, às 17 horas, o USDA atualiza seu relatório semanal de acompanhamento de safras e traz o novo percentual da área colhida no país. A expectativa do mercado é de que este índice chegue na casa de 61% e, até o último domingo (4), já havia 42% da área colhida.

Ao mesmo tempo e apesar da recente evolução dos preços – esta foi a terceira sessão de altas para a commodity na CBOT – as vendas por parte dos produtores norte-americanos ainda é bastante limitada.

Como explicou Vlamir Brandalizze, a cotação de Chicago e mais os prêmios praticados para a soja americana ainda não compõem valores que possam remunerar adequadamente os sojicultores, que têm um custo médio de produção sensivelmente acima dos atuais níveis de preços.

Fonte: Notícias Agrícolas

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