Polícia

Em manifesto policiais civis entregam chaves de delegacias

Policiais Civis de Mato Grosso do Sul decidiram, em Assembleia realizada nesta sexta-feira (27), pela entrega das chaves de todas as Delegacias do Estado. O ato representa o manifesto contra o descaso das autoridades em solucionar o desvio de função dos policiais.

Giancarlo Miranda, presidente do SINPOL, disse que os policiais fazem o serviço do agente penitenciário e, a partir desta assembleia, os policiais não irão mais fazer a custódia dos presos, nem fornecer alimentação e medicamentos, liberação para banhos de sol, abertura de cela para visita, assim como não irão receber detentos que cumprem regime semiaberto nas delegacias.

“Delegacia não é presídio. Faremos a função pela qual nós fomos treinados, para qual fizemos concurso e pela qual recebemos o nosso salário. Se o policial morre na rua, em uma troca de tiros, por exemplo, é triste, mas estava na função dele, agora morrer dentro da cela atendendo preso é inadmissível”, comentou o presidente.

O vice-presidente do Sinpol, Paulo José dos Santos Queiroz, disse que a morte do investigador foi “uma tragédia anunciada”. “Há delegacias em que o policial fica sozinho no plantão e a qualquer momento pode ser atacado. Precisa fazer o trabalho de porteiro, atender a população, receber os flagrantes da Polícia Militar (PM) e ainda fazer a custódia de presos”, disse.

No Estado 51 delegacias abrigam detentos. Na Capital, a 4ª DP e a Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos (Derf) mantêm presos. No total, há cerca de 900 presos custodiados em delegacias no estado, incluindo detentos que já foram julgados e estão cumprindo pena. Apenas as Delegacias de Pronto Atendimento Comunitário (Depacs) continuarão recebendo os presos em flagrante.

Em Chapadão do Sul a maioria dos presos foi transferida para presídios da região. Restaram apenas cinco, cujos processos ainda passam por análise.

O assessor jurídico do Sinpol, Max Dourado, afirmou que, além do risco aos policiais, a responsabilidade pelos presos acaba lesando a população. “Crimes estão deixando de ser investigados por conta do desvio de função. O policial não pode fazer o trabalho dele, fica refém do preso”.

Ainda conforme Giancarlo, há algum tempo o sindicato conversa com o governo sobre o desvio de função e o perigo que isso representa, mas os casos de agressão aos policiais que aconteceram nos últimos dias motivaram o ato simbólico. No sábado (21), um policial civil foi agredido em Itaquiraí ao atender um detento. Na quarta-feira (25), o investigador Anderson também foi agredido em Pedro Gomes e acabou falecendo.

Na próxima terça-feira (01) acontece uma reunião entre o Sinpol, a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), a Coordenadoria das Varas de Execução Penal do estado (Covep), onde os policiais civis esperam que sejam apresentadas medidas para a solução do problema ou um planejamento para que medidas sejam aplicadas futuramente.

Depois dessa reunião, os policiais se reúnem no Sinpol para decidir se continuam a manifestação ou se voltam a atender os presos.

Informações: Correio do Estado

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