Agronegócio

Soja: No Brasil, preços recuam mais de 2% na semana e negócios seguem parados

Ao longo da semana, as cotações da soja recuaram nas principais praças do mercado interno brasileiro. Em Cascavel (PR), a queda foi de 2,29%, com a saca da oleaginosa cotada a R$ 64,00 nesta sexta-feira. Na região de Não-me-toque (RS), o recuo ficou em 2,07% e a saca do grão negociada a R$ 71,00. Em Jataí (GO), o preço ficou em R$ 63,40, com desvalorização de 1,71%.

Já em Tangará da Serra (MT), a saca da soja encerrou a semana a R$ 64,00 e recuo de 1,54%. Em Campo Novo do Parecis (MT), a queda foi de 0,78%, com a saca do grão a R$ 63,50. Em Ubiratã e Londrina, ambas no estado do Paraná, as cotações recuaram 0,76%, com a saca a R$ 65,00. No Porto de Paranaguá, o preço da saca disponível ficou estável em R$ 81,50 e o futuro em R$ 74,00/sc. Em Santos, o valor ficou inalterado em R$ 77,50/sc.

Os analistas reforçam que os negócios continuam parados no Brasil. Frente à queda nos valores praticados na Bolsa de Chicago (CBOT) e da acomodação cambial, os agricultores permanecem focados nos trabalhos nos campos e na conclusão do plantio do grão em muitas regiões.

“Os agricultores avançaram bastante com a comercialização quando o câmbio tocou o patamar de R$ 3,90 até R$ 4,00. Porém, diante do recuo nos valores praticados no mercado internacional e na moeda norte-americana, as negociações paralisaram. Acreditamos que no Brasil cerca de 40% da safra 2015/16 já tenha sido comprometida. E, nesse momento, os produtores estão mais focados no plantio do grão”, afirma o consultor de grãos da INTL FCStone, Glauco Monte.

Safra brasileira

De forma geral, o plantio da safra brasileira ainda caminha de maneira lenta devido ao clima irregular e atrás da média observada em anos anteriores. Conforme levantamento da AgRural, pouco mais de 70% da área projetada para essa temporada foi semeada. O índice está 11% abaixo da média dos últimos cinco anos e 6% menor se comparado com igual período de 2014.

Para o Centro-Oeste, as chuvas continuam irregulares, o que já preocupa os agricultores. No Mato Grosso, cerca de 95,6% da área foi plantada, um atraso de 2,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados oficiais do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). E há muitos casos de replantio da soja no estado.

“É um momento de bastante instabilidade, porque dentro da uma mesma região temos inconstância muito grande no volume de chuvas”, destaca o gestor do Imea, Ângelo Ozelame. Segundo ele a região nordeste é a mais afetada pela falta de chuvas, com apenas 79,4% plantado até a quarta-feira (26), contra 92% cultivado no mesmo período de 2014.

Com isso, a perspectiva é que o rendimento das áreas possa ser afetado. Porém, o instituto ainda mantém a projeção de 52,4 sacas por hectare em média para todo o estado.

Paralelamente, a preocupação na região sul do Brasil é com o excesso de chuvas. No Paraná, as precipitações pesadas e o tempo nublado têm comprometido o desenvolvimento da cultura da soja, conforme sinalizam os especialistas. Em Londrina, o volume de chuvas já supera os 400 mm em novembro.

No Rio Grande do Sul, o plantio da soja chegou a 58%, contra uma média de 65% verificados nos últimos cinco anos. Até o momento, o desenvolvimento das lavouras é considerado bom, com exceção das áreas semeadas nos dias que antecederam as fortes chuvas da segunda semana de novembro. Nestas áreas os produtores estão monitorando o stand final de plantas para tomada de decisão sobre replantar ou não estas áreas, de acordo com dados da Emater/RS.

Já no Matopiba, região agrícola que abrange parte dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia as chuvas continuam irregulares e prejudicam o avanço da semeadura da soja. “Ainda é cedo falar em perdas, mas ocorreram replantios nestas áreas, uma vez que muitos produtores apostaram nas chuvas no início de novembro e como o tempo ficou seco, muitas lavouras acabaram morrendo ou tiveram falhas”, relata o agrometeorologista, da Somar Meteorologia, Marco Antônio dos Santos.

Bolsa de Chicago

Na Bolsa de Chicago (CBOT), as cotações da soja fecharam a sexta-feira (27) do lado negativo da tabela. As principais posições da oleaginosa registraram perdas entre 2,00 e 2,25 pontos. O vencimento janeiro/16 era cotado a US$ 8,73 por bushel, já o maio/16 negociado a R$ 8,81 por bushel. Já na semana, as cotações da commodity acumularam ganhos entre 1,73% e 1,81%.

Com o feriado do Dia de Ação de Graças, comemorado nesta quinta-feira (26), a sessão de hoje foi mais curta e de poucos negócios. E o grande fato ao longo da semana foi a eleição do novo presidente da Argentina, Maurício Macri. A variável influenciou as negociações em Chicago e fez com as cotações ficassem pressionadas na última segunda-feira.

Isso por conta dos rumores de novo presidente poderia retirar as taxas de exportação na soja por três meses, o que começaria a partir de dezembro. Além disso, o clima e a evolução dos trabalhos nos campos no Brasil permanecem no foco dos participantes do mercado.

Hoje, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou novo boletim de vendas para exportação. Na semana encerrada no dia 19 de novembro, as vendas da safra 2015/16 totalizaram 1.173,6 milhão de toneladas no mesmo período. O volume representa uma queda de 35% em relação à semana anterior, na qual, foram vendidas 1.797,6 milhão de toneladas e um recuo de 18% frente à média das últimas quatro semanas.

Ainda assim, o volume ficou dentro das expectativas dos investidores que estavam entre 1 milhão a 1,5 milhão de toneladas do grão. Mais uma vez, a China foi o principal comprador do produto americano. Com isso, o volume vendido de soja nesta temporada já supera as 32.601,8 milhões de toneladas, 17% abaixo do registrado em igual período de 2014. Da safra 2016/17, foi divulgada a venda de 5 mil toneladas para o Japão.

Fonte: Notícias Agrícolas

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