Caminhoneiros autônomos já começam a liberar o Posto Caravaggio, na BR 163, em Campo Grande, depois de 10 dias de bloqueio no local. Segundo a liderança no local, os caminhoneiros saem de lá para seguir para seus estados de origem, abandonando o movimento grevista.
A decisão de liberar o posto aconteceu na noite de terça-feira (29), após a proposta do Governo do Estado de redução da alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do diesel de 17% para 12%. Um dos caminhoneiros à frente da manifestação na BR-163, Ademir Júnior, confirmou a liberação do local, mas atribui a desmobilização à falta de apoio da população. Descontente, ele afirma que a sociedade também deveria ter parado as atividades, ao invés de fazer filas para comprar combustível a altos preços.
Entre os caminhoneiros, as opiniões são diversas e os trabalhadores estão confusos. Em Mato Grosso do Sul, o movimento é dividido entre o sindicato, que representa empresas transportadoras e funcionários, e o movimento independente, composto tanto por funcionários quanto por caminhoneiros autônomos.
Jorge Martins é caminhoneiro há 30 anos e participou da manifestação no Posto Caravaggio. Enquanto os caminhões começam a liberar o local, ele ainda está confuso sobre tudo que aconteceu durante a greve. Jorge não sabe opinar sobre as negociações e o que foi garantido pelo Governo. Para ele, tudo não passou de “conversa fiada”.
Enquanto os caminhões começam a desocupar o posto, alguns motoristas disseram à reportagem do Jornal Midiamax que só saem do local quanto tiverem a certeza de que não encontrarão pontos de bloqueio no caminho de volta para casa. Isso porque, segundo o relato deles, há o medo de ameaças e de danos nos veículos por parte de pessoas que querem manter os bloqueios.
Um caminhoneiro, que não quis se identificar, afirma que tem medo de ter seu caminhão depredado caso encontre algum ponto de bloqueio na estrada ao seguir viagem. “Não tenho condições de sair daqui por enquanto, pelo menos não até ter certeza de que não vai ter consequências em outro ponto”, afirma. Outro grevista, que também não se identificou, conta que tem medo de ser ameaçado e atribui a desmobilização da greve à saída das empresas transportadoras do movimento.
Em Mato Grosso do Sul, a categoria não reconheceu a liderança da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) e manteve o protesto mesmo após o anúncio do fim da greve na sexta-feira (25). A manutenção da greve contou com o apoio do Sindicam-MS (Sindicato dos Caminhoneiros de Mato Grosso do Sul), mas, ainda assim, há caminhoneiros que não reconhecem a liderança sindical e se organizam em entidades autônomas.
A desocupação do posto acontece depois de uma reunião, na tarde desta terça-feira (29), com o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, que se comprometeu em reduzir a alíquota de ICMS para 12% caso a categoria encerre o movimento. Ainda na terça, o governo decretou estado de emergência em decorrência de prejuízos econômicos provocados pela greve.
Apesar da desocupação do Caravaggio, a categoria mantém dezenas de pontos de protesto em rodovias estaduais e federais do estado, inclusive em Chapadão do Sul, onde está prevista para a tarde desta quarta-feira (30) mais uma manifestação popular, com uma carreata até o entroncamento das rodovias MS 306 e BR 060.
Midiamax / Redação