AgronegócioDestaque

Soja: Mercado fecha em baixa com números do USDA sobre safra dos EUA

Os números trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) para a soja não trouxeram muita surpresa ao mercado, porém, os preços voltaram a recuar nesta segunda-feira (10) e fecharam o pregão em campo negativo na Bolsa de Chicago. Entre os principais vencimentos, as baixas ficaram entre 9 e 11 pontos e o contrato maio/15, referência para a safra brasileira, terminou o dia valendo US$ 10,25 por bushel.

A pressão maior veio do aumento projetado para a safra de soja 2014/15 dos Estados Unidos, que passou de 106,8 milhões para 107,73 milhões de toneladas. A expectativa do mercado, entretanto, era de 108 milhões de toneladas.

No entanto, segundo explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, apesar desse número ter ficado abaixo do esperado, houve a confirmação de uma produção maior no país e isso criou um efeito psicológico sobre os preços nesta sessão.

No entanto, logo após a divulgação do relatório, as cotações chegaram a registrar algumas altas, mas, logo voltaram a cair. Ainda de acordo com Brandalizze, o mercado também teve muito de uma movimentação técnica nesta segunda, com fundos trocando de posições – saindo da soja e partindo para o milho – o que ajudou em uma pressão mais acentuada sobre a oleaginosa e uma leve alta nas cotações do cereal.

Se de um lado veio a pressão da oferta, de outro veio o alívio com números um pouco maiores para a demanda, tanto sobre as exportações quanto do esmagamento. As vendas externas norte-americanas foram revisadas para cima, passando de 46,27 milhões para 46,81 milhões de toneladas, enquanto o processamento foi elevado de 48,17 milhões para 48,44 milhões de toneladas.

Para Brandalizze, essas 540 mil toneladas a mais que vieram nas exportações norte-americanas são um volume pouco expressivo diante do acelerado ritmo dos embarques e das vendas para exportação que estão sendo observados nos Estados Unidos nesta temporada. “Esse número é pequeno. Além disso, não temos visto cancelamentos, os volumes estão sendo cumpridos e, por isso,o USDA deve ir corrigindo nos próximos relatórios os dados sobre as exportações, que pode encerrar o ano comercial em algo próximo de 50 milhões de toneladas”, acredita o consultor.

Ainda nesta segunda-feira, o USDA atualizou seu número de embarques semanais e, mais uma vez, os números vieram bastante fortes para a soja 2.481,018 milhões de toneladas. O número ficou ligeiramente menor do que o registrado na semana anterior – 2.774,947 milhões – porém, elevou o acumulado no ano para 13.494,468 milhões de toneladas. O volume fica bem acima do registrado nesse mesmo período do ano comercial anterior, de 11.775,679 milhões de toneladas.

Segundo explicou o analista de mercado Vinícius Ito, da Jefferies Corretora, de Nova York, há um grande movimento da demanda no curto prazo, principalmente pela China, e isso tem sido refletido nos números tanto dos embarques quanto das vendas para exportação semanais nos boletins divulgados pelo USDA.

“Estamos vendo uma quantidade de embarque (de soja) nos Estados Unidos 17% maior do que o do ano passado, é um novo recorde, e 7,3% a mais de vendas. Os americanos já venderam 77% da estimativa para todo o ano comercial, esse é o ritmo que temos observado e estamos somente no segundo mês (da temporada)”, explica.

Dessa forma, o mercado deve se voltar a esses números e informações nos próximos dias, já que o impacto imediato e mais expressivo sobre os preços vem mesmo dos dados da oferta, ainda segundo explicou Vlamir Brandalizze. “O mercado está muito comprador”.

Números do USDA

Estatística

Safra do Brasil

Além das informações e do andamento da safra e da comercialização nos Estados Unidos, o mercado deve se voltar, cada vez mais, ao desenvolvimento da produção de soja no Brasil e na América do Sul de uma forma geral.

O clima nessa época de plantio e início de desenvolvimento das lavouras da temporada 2014/15 aqui, no entanto, tem se mostrado bastante irregular, tem prejudicado o bom andamento dos trabalhos de campo e trazido um expressivo atraso para o plantio. Com isso, a safra atualmente estimada pelo USDA em 94 milhões de toneladas pelo USDA poderia não atingir esse potencial caso o regime de chuvas não se regularize e crie um cenário mais favorável. Em algumas regiões há áreas que já foram replantadas três vezes.

Para o consultor da Brandalizze Consulting, para que esse número de 94 milhões fosse atingido, seria preciso que os 34 milhões de hectares fossem cultivados e que o clima corresse da melhor forma possível, o que não tem acontecido. Assim, a safra brasileira poderia ficar entre 90 e 92 milhões de toneladas se as condições forem melhores daqui para frente.

Mercado Interno

Nos portos brasileiros, os preços da soja caíram aliando as perdas em Chicago e um recuo do dólar frente ao real. Em Paranaguá, o produto futuro – entrega maio/15 – recuou 1,49% e fechou em R$ 63,00. Já em Rio Grande, o dia terminou com a soja valendo R$ 64,00, registrando uma queda de 1,54%.

No interior do país, os preços também exibiram ligeiras baixas de pouco mais de 1%. Em Tangará da Serra/MT, por exemplo, a baixa foi de 1,72% para R$ 57,00 e em Campo Novo do Parecis, baixa de 1,67% para R$ 56,00. Já em São Gabriel do Oeste, no MS, o preço subiu 1,67% para R$ 61,00 e em Jataí/GO, a alta foi de 0,96% para R$ 52,75. No mercado disponível, a oferta restrita da safra 2013/14 e uma demanda muito aquecida, principalmente por parte dos indústrias de processamento, têm mantido uma firmeza dos preços.

Fonte: Notícias Agrícolas

Mostrar Mais

Anuncie Aqui

Notícias Relacionadas

Volta para o botão de cima