Agronegócio

Chicago: Soja se recupera e fecha com alta de dois dígitos puxada pelo farelo nesta quinta-feira

Na sessão desta quinta-feira (20), na Bolsa de Chicago, os preços da soja recuperaram boa parte das perdas registradas na sessão anterior e fechou o dia com altas de dois dígitos e atingindo, novamente, patamares importantes para a sustentação das cotações. Na máxima da sessão, o contrato janeiro/15, o mais negociado nesse momento, bateu nos US$ 10,22 por bushel, porém, fechou o dia valendo US$ 10,21. Já a posição maio/15 terminou a sessão valendo US$ 10,35 , enquanto no melhor momento do pregão chegou a US$ 10,36. Ambas as posições terminara os negócios com alta de mais de 17 pontos.

Novamente, informações vindas do mercado de farelo vieram estimular ganhos entre os futuros da soja em grão no mercado internacional. No boletim semanal de vendas para exportação reportado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta quinta, as vendas do derivado ficaram bem acima do esperado e puxaram as cotações na CBOT de ambos os produtos.

“Os futuros da soja em grão e do farelo trabalharam em alta nesta quinta de olho no relatório de vendas semanais do USDA, o qual mostrou vendas de farelo bem melhores do que as expectativas”, disse o analista de mercado Bob Burgdorfer, editor do site norte-americano Farm Futures.

De acordo com relatórios, as vendas norte-americanas na semana que terminou em 13 de novembro foram de 265,7 mil toneladas, contra 21,3 mil toneladas da semana anterior. Os traders, entretanto, apostavam em vendas bem menores ou até mesmo negativa, segundo explicam analistas. Com esse volume, o acumulado já comprometido sobe para 6.556,7 milhões de toneladas, frente à estimativa do USDA para todo o ano comercial de 10,89 milhões de toneladas. Assim, já há mais de 60% do total projetado comprometido.

A demanda por farelo de soja tem se mostrado muito aquecida nas últimas semanas, principalmente nos Estados Unidos, onde o inverno rigoroso exigiu um volume maior de ração garantido para os animais que estão confinados e por um momento muito positivo para o setor de carnes, onde a suína, bovina e a de frango vêm registrando bons patamares de preços.

Além disso, segundo explicou um analista internacional à agência Bloomberg de notícias, as margens para os produtores de suínos e aves têm sido muito boas e alguns problemas logísticos nos Estados Unidos continuam comprometendo a chegada do farelo nos locais onde a necessidade é maior, além do derivado da oleaginosa estar competindo espaço no sistema logístico com outros produtos, como os gases e óleos de aquecimento nos EUA.

Paralelamente aos números das vendas de farelo, o mercado esboçou ainda uma tentativa de recuperação e acomodação das cotações depois de uma semana agitada e de baixas significativas. Depois do recuo registrado na sessão anterior, de mais de 17 pontos nos principais vencimentos, os fundos, ainda de acordo com analistas, voltaram às compras, também estimulando as cotações.

“O mercado está muito técnico, está testando a baixa para depois voltar a reagir. Eu acredito em um intervalo de preços ainda entre os US$ 10,00 e US$ 12,00 em Chicago para a safra que vem pela frente, mas esse é um momento em que estamos mais perto das mínimas do que das máximas”, explica Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.

E essa tentativa de reação veio mesmo após as vendas semanais de soja em grão para exportação nos EUA se mostrarem bem mais fracas do que as registradas na semana anterior. Porém, o total acumulado na temporada já passa dos 83% das 46,81 milhões de toneladas estimadas para serem exportadas no ano comercial 2014/15. As vendas para exportação de soja dos Estados Unidos, na semana que terminou em 13 de novembro, caíram significativamente em relação à semana anterior e passaram de 1.074,3 milhão para somente 490 mil toneladas. O número ficou ainda bem abaixo das expectativas do mercado, de 850 mil toneladas.

Outro fator positivo que o mercado pôde observar nesta quinta-feira foi ainda um anúncio do USDA de uma nova venda de soja para destinos desconhecidos, neste caso de 140 mil toneladas da safra 2014/15.

Clima na América do Sul

Apesar dessa reação, o mercado internacional da soja ainda continua muito atento ao comportamento do clima na América dos Sul, principalmente no Brasil e na Argentina, os dois maiores produtores depois dos EUA.

A próxima semana no Brasil deverá ser marcada por boas chuvas, de acordo com as últimas previsões climáticas. Muitas regiões produtoras do Brasil ainda sofrem com condições de um cenário de clima irregular, com precipitações localizadas e de baixos volumes. No entanto, caso essas previsões se confirmem, a situação pode melhorar para os produtores e as lavouras devem ser beneficiadas por boas precipitações, tentando uma recuperação onde ainda é possível. E essas previsões apontando para melhores condições climáticas já pressionaram as cotações ao longo dessa semana.

O NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), que é o departamento oficial de clima do governo americano, mostra que na semana de 25 a 1º de dezembro as chuvas podem chegar a mais de 130 mm na região Sudeste, principalmente em Minas Gerais e, em alguns locais, ficar entre 65 e 85 mm.

Já no Centro-Oeste, os acumulados esperados são um pouco mais baixos e ficam na casa dos 65 mm. Em alguns locais pontuais, esse índice pode chegar a 105 mm. Na região Sul, por outro lado, não devem ser registradas chuvas significativas nesse período, de acordo com o NOAA. Chove ainda no sul da região Norte, com acumulados próximos de 55 mm.

No entanto, os relatos que chegam de importantes regiões produtoras dão conta de que muitas áreas não atingirão os índices de rendimento inicialmente projetados, uma vez que as chuvas previstas não se confirmaram, as plantas morreram em muitas localidades e outras áreas tiveram ainda de ser replantadas, em alguns casos, até três vezes.

“As perdas já existem, precisamos agora acompanhar para saber qual será a extensão disso. Muitas lavouras que foram plantadas primeiro, logo depois do fim do vazio sanitário, já estão em período de floração e já não têm mais tempo para se recuperar, já que estão em sua fase reprodutiva. Os stands estão baixos e há poucas plantas. Para esses locais, a produtividade esperada pelos sojicultores é de algo entre 30 e 40 sacas por hectare somente”, diz Brandalizze.

Fonte: Notícias Agrícolas

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