Soja: Adido do USDA reduz projeção para safra do Brasil para 92 milhões de toneladas
Embora o Brasil tenha recebido bons volumes de chuvas nos últimos dias, o potencial da safra 2014/15 de soja continua ameaçado e já deverá ficar aquém do esperado pelos produtores rurais em quase todas as regiões do país. Segundo o professor e fisiologista Elmar Floss, a colheita brasileira pode registrar nessa temporada uma média de produtividade de 49 a 50 sacas por hectare.
Diante de um cenário de adversidades climáticas e uma safra muito irregular, o adido do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em Brasília já reduziu sua projeção para a safra brasileira para 92 milhões de toneladas. Esse número é 2 milhões de toneladas menor do que a projeção oficial do USDA, mas ainda aponta um recorde e um volume 5,3% maior do que a colheita 2013/14.
Essa projeção menor chega a um período onde uma série de comentaristas e consultorias privadas de mercado vêm revisando suas expectativas para a produção brasileira. O adido do departamento americano manteve ainda sua previsão para a área plantada no Brasil em 31,5 milhões de hectares, porém, afirma que problemas climáticos e um significativo atraso no plantio em todo o país reduziu as projeções de rendimento.
A consultoria alemã Oil World, por exemplo, estima a safra brasileira de soja em 89 milhões de toneladas. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), por sua vez, em seu último levantamento da nova safra de grãos projetou a colheita do Brasil em algo entre 89,3 milhões e 91,7 milhões de toneladas.
Situação das Lavouras
A principal característica, e a mais observada entre as lavouras de soja dessa safra por todo o Brasil, é a irregularidade. Há problemas com a população de plantas, com a emergência e um baixo potencial produtivo. A falta de chuvas na época do plantio provocou uma deterioração das sementes e, em alguns casos, a necessidade de um processo de replantio repetido mais de uma vez.
“Por mais seco que esteja o solo, há alguma umidade ligada à matéria orgânica. E a semente de soja, rica em proteína, que é um colóide, tem a capacidade de absorver essa água. Então, com 13 a 14% de umidade nesse solo, em poucos dias essa umidade sobe, vai a 25%, 26%, mas a soja não germina porque precisa de 50% de umidade para germinar, consequentemente, há uma deterioração dessa semente. Quanto mais tempo demorar a chuva, como em algumas regiões em que essa semente ficou três semanas no solo, menor é o vigor das plantas e há uma emergência desuniforme”, explica o fisiologista Elmar Floss.
Assim, essas plantas menos vigorosas se mostram mais frágeis, com menos raízes, com menos ramificações emitidas e, as ramificações são fundamentais e determinantes para o número de vagens por plantas, que é o principal componentente e indicativo de produtividade, ainda segundo explica o especialista.
“A pior situação está no Brasil central. De maneira geral, nunca vi a lavoura de soja tão ruim como nesse ano”, relata Floss direto de Sapezal. A safra de Mato Grosso se mostra atrasada, com a altura das plantas desaparelhada e os produtores já afirmam que as perspectivas iniciais de rendimento, portanto, não devem se confirmar por conta desse cenário.
E em muitas áreas onde as lavouras já se mostram em estágios de desenvolvimento mais avançados, entrando na fase reprodutiva, fica ainda mais limitada a possibilidade de recuperação dessas plantas, mesmo com a chegada de boas chuvas como foi observado nos últimos dias. Como explica o fisiologista, um stress hídrico e temperaturas elevadas fazem com que a soja entre em floração mais cedo do que deveria por um “instinto de sobrevivência”, deixando as plantas com uma estatura baixa e configurando mais um fator de ameaça à produtividade.
Fonte: Notícias Agrícolas