Indígenas de Mato Grosso do Sul abandonaram o trabalho escravo no interior de Goiás e foram acolhidos por moradores de Cassilândia. Uma denunciante disse que para comer era preciso caçar animais na floresta.
Conforme o relato da família que recebeu as vítimas, os guarani-kaiowá Eslaudecir Tora (27 anos) e Elaine Arce (17 anos) saíram de aldeias em Coronel Sapucaia e Paranhos e foram trabalhar na fazenda de uma mulher que, inclusive, teria sido candidata à vereadora em Aporé (GO).
No entanto, ao contrário do prometido, a realidade se mostrou cruel e era preciso caçar para comer carne. A moradia do casal, que tem dois filhos (um bebê de quatro meses e outro de 1 ano e meio), era de improviso e os nativos levaram calote da empregadora.
‘’Para comer carne, tinha de caçar tatu ou seriema’’, detalhou a denunciante. “No serviço a patroa me apertava demais. Não tinha arroz, feijão, passamos fome”, disse Eslaucedir, que se comunica com dificuldades em português.
‘’Eles pediram ajuda, mas ninguém naquele município os amparou. A mulher ainda os intimidava’’, diz a moradora que, junto com o esposo, um amigo e outro casal, conseguiu atender às necessidades mais básicas da família. Ela destacou que, logo depois, o serviço social da cidade alugou uma casa para os índios e o SUS também promoveu assistência.
Por envolver indígenas, o Ministério Público Federal já foi acionado e também houve denúncias no Ministério do Trabalho, a fim de fazer o acerto correto com os trabalhadores.
‘’Desse ano [2020] só foi pago o salário de março. Somente mil reais’’, lamentou a cassilandense.
Ainda segundo a família acolhedora, os nativos não querem voltar para as aldeias e estão procurando trabalho em Cassilândia.
Fonte: Top Mídia News