Soja: Mercado tenta recuperação na CBOT nesta manhã de 3ª feira após números do USDA
Depois de perder mais de 40 pontos entre os principais vencimentos na sessão anterior, o mercado internacional da soja tenta uma recuperação na manhã desta terça-feira (13) na Bolsa de Chicago. Por volta das 7h20 (horário de Brasília), as posições mais negociadas subiam entre 5,75 e 6,50 pontos.
As cotações foram severamente pressionadas pelos últimos números trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que apontaram para um aumento da safra norte-americana, brasileira, e uma manutenção dos estoques finais dos EUA quando se esperava uma revisão para baixo.
Entretanto, para alguns consultores de mercado, como Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o mercado, aos poucos, se volta para a situação preocupante do clima no Brasil em importantes regiões produtoras e para o quadro de uma demanda bastante forte nessa temporada, confirmado pela chegada dos boletins semanais sobre os embarques nos EUA, por exemplo, para dar continuidade à essa recuperação. No link abaixo, veja a entrevista do consultor na íntegra:
Na sessão desta segunda-feira (12), depois da divulgação dos novos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o mercado da soja fechou com perdas de quase 40 pontos entre as posições mais negociadas. O vencimento março/15 encerrou o dia valendo US$ 10,16 e o maio/15, referência para a safra brasileira, cotado a US$ 10,22 por bushel.
Os futurosa da oleaginosa foram pressionados pelos números que trouxeram um aumento na produção de soja dos EUA, do Brasil e do mundo, além de uma maior produtividade norte-americana, bem como a manutenção dos estoques no país, quando as expectativas apostavam em uma redução nessas estimativas.
Números do USDA
O USDA trouxe a safra norte-americana estimada em 108,02 milhões de toneladas, contra 107,73 milhões do boletim de dezembro. A produtividade subiu de 53,87 para 54,2 sacas por hectare. Ambos os dados ficaram acima das expectativas, as quais eram de 107,9 milhões de toneladas e 53,46 sacas por hectare, respectivamente.
Dessa forma, os estoques finais dos EUA foram mantidos em 11,16 milhões de toneladas, enquanto os traders apostavam em uma redução para 10,9 milhões de toneladas. A projeção para a área colhida de soja para esse boletim era de 33,63 milhões de hectares e esse foi, exatamente, o número divulgado pelo departamento americano.
Um ligeiro aumento foi registrado nas exportações norte-americanas da oleaginosa que passaram de 47,9 milhões para 48,17 milhões de toneladas. No número do esmagamento, por outro lado, o USDA não mexeu e manteve as 48,44 milhões de toneladas.
A estimativa do USDA para a produção mundial de soja também subiu e passou de 312,81 milhões para 314,4 milhões de toneladas. Os estoques finais globais também foram revisaos para cima e ficaram em 90,78 milhões de toneladas, acima das expectativas de 90,2 milhões. Em dezembro, o número foi de 89,87 milhões de toneladas. Ainda no cenário mundial, o destaque foi para a safra brasileira, que teve sua projeção elevada expressivamente de 94 milhões para 95,5 milhões de toneladas. Os estoques finais do Brasil também subiram na projeção do USDA e passaram para 25,83 milhões de toneladas, contra 24,38 milhões do registrado no reporte de dezembro.
Mercado
Diante desses números, o mercado recuou expressivamente em Chicago, com uma corrida dos investidores para venderem e liquidarem suas posições, segundo explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. “O mercado não esperava um relatório como esse. Os investidores apostavam em um boletim mais ameno. Então, aproveitaram o dia para fazer lucro em cima das altas anteriores”.
Para Brandalizze, o número que mais chamou a atenção foi o referente à safra brasileira, de 95,5 milhões de toneladas que ficou bem próximo do reportado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) na última sexta-feira (9).
O consultor explica que, apesar de os levantamento de ambas as instituições ainda não considerarem os problemas que a nova safra brasileira está enfrentando nessa fase, o número ainda assim é bastante otimista. A realidade dos campo, segundo Brandalizze, é bastante diferente, com as altas temperaturas comprometendo o potencial produtivo das lavouras, derrubando flores e canivetinhos.
Assim, para o consultor esse movimento expressivamente negativo registrado hoje não mostra uma nova tendência para o mercado e acredita que as baixas tenham refletido somente a lógica do dia seguida pelos investidores. Brandalizze acredita que, nos próximos dias, o mercado já deva começar a recuperar parte dessas perdas ao se voltar para números mais concretos, como por exemplo os que chegam nos relatórios dos embarques semanais norte-americanos.
Os embarques semanais de soja dos EUA somaram, na semana que terminou em 8 de janeiro, 1.839,042 milhão de toneladas, contra 1.406,496 milhão da semana anterior. O total ficou acima das expectativas do mercado, que variavam de 1,2 a 1,36 milhão de toneladas. O acumulado no ano comercial subiu para 32.641,647 milhões de toneladas, enquanto na temporada 2013/14, nesse mesmo período, o volume embarcado era de 26.789,465 milhões.
E, ainda de acordo com o que explica o consultor, já há mais de 67% da última estimativa do USDA para as exportações de soja embarcados, o que reflete em um ritmo recorde para os embarques norte-americanos, batendo até mesmo o recorde registrado na temporada anterior nesse mesmo período, de pouco mais de 60%.
“O mercado, aos poucos, vai se voltar para os fatos – como os números dos embarques semanais que chegam dos Estados Unidos – e não só sobre expectativas de uma safra recorde no Brasil. Além disso, aos poucos se volta novamente aos problemas de clima pelos quais passam diversas regiões produtoras”, diz. Paralelamente, acredita ainda que as exportações norte-americanas da safra 2014/15 serão revisadas para cima e devem superar as 50 milhões de toneladas nesta temporada.
Negócios
Com essa forte queda registrada em Chicago e um dólar um pouco mais fraco em relação aos níveis das semanas anteriores – apesar da alta de 1% desta segunda – os preços da soja no mercado brasileiro também recuaram.
No interior do país, as baixas variaram de 0,85% a 1,72% nas principais praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas. Já no porto de Paranaguá, a soja com entrega abril/15 fechou o dia estável em R$ 64,00 e em Rio Grande, houve uma baixa de 1,69% para R$ 63,90 e a soja disponível ficou cotada em R$ 65,50, recuando 0,76%.
Assim, os vendedores estiveram ainda mais retraídos neste início de semana quase nenhum negócio foi efetivado, já que o intervalo de preços que interessa ao produtor nesse momento, ainda segundo Vlamir Brandalizze, vai de R$ 67,00 a R$ 70,00 por saca.
Fonte: Notícias Agrícolas