Às vésperas do USDA, soja inicia a semana operando com estabilidade em Chicago
Na semana em que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulga dois importantes relatórios na terça-feira (31), os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago iniciam seus trabalhos ainda operando com estabilidade. Por volta das 7h40 (horário de Brasília) da sessão desta segunda-feira (30), os principais vencimentos subiam entre 2,25 e 3,25 pontos.
A expectativa é dos traders e analistas de mercado indiquem um aumento de área para a soja na safra 2015/16, apesar de, no Annual Outlook Forum realizado pelo USDA no início do ano, a indicação do órgão foi de que poderia ser registrada uma redução no espaço dedicado à oleaginosa nesta próxima temporada. Desta forma, os investidores seguem buscando estar bem posicionados antes da chegada desses números e operam ainda na defensiva, o que faz com que os preços exibam movimentações pouco expressivas.
Veja como fechou o mercado na última sexta-feira:
Nesta última sessão da semana, os futuros da soja recuaram e fecharam os negócios com baixas de 6 a 7,25 pontos entre os principais vencimentos. O contrato maio/15, que começou a semana valendo US$ 9,83 por bushel, caiu 1,67% e encerrou a sexta-feira com US$ 9,67; já o contrato agosto/15 registrou uma queda semanal de 1,72% para fechar em US$ 9,71.
No entanto, o dólar retomou seu movimento de alta nesta semana e, de segunda (23) a sexta-feira (27), acumulou uma alta de 2,87%, fechando o dia a R$ 3,23. Assim, os preços da soja nos portos brasileiros também apresentaram um balanço semanal positivo, já que a variação cambial tem sido, segundo vêm explicando analistas e consultores, o fator determinante para os negócios no mercado interno.
No porto de Rio Grande, o valor para maio/15 subiu de R$ 72,30 para R$ 73,50 por saca, com alta de 1,66% na semana; em Paranaguá, a alta foi ainda mais expressiva – de 2,8% – para R$ 73,50 contra os R$ 71,50 da última segunda. O produto disponível subiu 1,12% passando R$ 71,30 para R$ 72,10. Já no porto de Santos, a cotação se manteve estável nos R$ 72,50.
Além do dólar, outro fator que vem contribuindo para os ganhos da soja no Brasil são os prêmios que seguem positivos nos portos. Em Paranaguá, o valor para março e abril é de 45 cents de dólar sobre o valor praticado em Chicago, enquanto para maio é de 44 e para junho o número é de 42 centavos.
E são esses prêmios ainda positivos, segundo explicam os analistas, que seguem atuando como importante termômetro da demanda e, ao se mostrarem positivos, indicam sua firmeza. No mercado americano, os prêmios também estão positivos e mais altos ainda do que os registrados no Brasil.
No interior do país, por outro lado, as cotações da soja não apresentaram uma direção comum. Enquanto a semana foi positiva para praças como Tangará da Serra/MT, com alta de 1,79%; São Gabriel do Oeste/MS, ganho de 7,55% e Jataí/GO, subindo 0,41%; os preços recuaram 1,57% em Não-Me-Toque/RS, 0,83% em Londrina, em Cascavel e Ubiratã, as três no Paraná.
Com esse quadro, março registrou um ritmo de negócios bastante acelerado para o mercado brasileiro da soja. Os preços subiram de forma geral nas principais regiões produtoras do país, os produtores aproveitaram boas oportunidades de comercialização e isso fez com que as vendas da safra 2014/15 pudessem retomar seu ritmo normal e alcançar as médias dos últimos anos.
O dólar nesse mês acumulou uma alta de mais de 12% frente ao real e aumentou a competitividade do produto brasileiro em relação à oferta norte-americana nesse momento, uma vez que contava com preços mais atrativos aos compradores.
Na Bolsa de Chicago
Na Bolsa de Chicago, as baixas registradas pelos futuros da soja refletiram, novamente, os investidores que seguem aguardando os novos números a serem divulgados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no dia 31 de março, terça-feira da próxima semana.
“Os futuros da soja e do milho trabalharam em queda na tarde desta sexta-feira diante de um dólar mais alto e dos traders aguardando pelo novo relatório de plantio do USDA da semana que vem”, afirma Bob Burgdorfer, analista de mercado e editor do site norte-americano Farm Futures.
Além disso, para o analista de mercado Vinícius Ito, da Jefferies Corretora, de Nova York, outro fator de pressão sobre as cotações no mercado internacional foi ainda o clima favorável ao desenvolvimento da colheita na Argentina, ao lado de alguns atrasos sendo registrados em áreas onde o plantio do milho já começou nos Estados Unidos.
“A preocupação é com o produtor americano não conseguindo plantar o milho a tempo, há a possibilidade dele migrar para outras culturas, como a soja, por exemplo”.
De acordo com informações da agência internacional da Reuters, durante o mês de março, campos muito úmidos nos estados sulistas de Mississippi, Louisiana, Texas e Arkansas reduziram o ritmo do plantio do milho e assim os trabalhos de campo ainda estão acontecendo em um ritmo abaixo do normal.
Plantadeiras de alta tecnologia, semeando 30 linhas de uma só vez, permitem, no entanto, que os produtores norte-americanos recuperem o ritmo rapidamente. No entanto, caso o plantio do milho se atrase muito, mais acres podem vir a ser cultivados com soja, que é uma cultura que possui um ciclo ligeiramente mais curto do que o do cereal.
Fonte: Notícias Agrícolas