DestaquePolícia

Afogamento não é acidente. A importância de escolher locais seguro para o lazer aquático

Com a chegada do verão e o período de férias escolares, as famílias e grupos de amigos buscam, em maior número, áreas aquáticas como piscinas, lagos e rios para se refrescarem e se divertirem. No entanto, para que a diversão seja segura e sem tragédias, é fundamental escolher locais controlados e bem sinalizados, como balneários que ofereçam a presença de salva-vidas e estruturas adequadas de segurança.

O risco de afogamento é uma realidade, mas pode ser prevenido com conscientização e a adoção de cuidados adequados em ambientes aquáticos. Em locais naturais, como rios, córregos e lagos, é importante evitar nadar ou mergulhar, especialmente em rios com baixa visibilidade do fundo.

A água, muitas vezes tranquila à primeira vista, pode esconder pedras e correntes traiçoeiras. Esses “perigos invisíveis” são enganosos e podem surpreender os banhistas, como ocorre no rio Aquidauana (MS), onde a aparência calma da água esconde a força da correnteza. Por isso, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso do Sul (CBMMS) não recomenda o uso do rio Aquidauana para lazer, devido aos riscos envolvidos, pois a falta de atenção e de orientação pode resultar em tragédias, com o custo sendo, muitas vezes, a própria vida.

Foi o que aconteceu na última quinta-feira, 5 de dezembro, quando um jovem de 19 anos perdeu a vida durante um mergulho no rio Aquidauana, uma das áreas naturais que, infelizmente, têm sido palco de muitos acidentes fatais. O jovem, que se divertia com um amigo próximo à Ponte do Grego, foi arrastado pela forte correnteza do rio. O desaparecimento foi percebido por um colega da vítima. O Corpo de Bombeiros Militar foi acionado e imediatamente iniciou os trabalhos de resgate e buscas. A equipe de mergulhadores do CBMMS realizou a busca e resgate da vítima, que se estendeu durante a noite.

A equipe de mergulhadores do CBMMS, composta pelos Sargentos Franklin Gonçalves Fonseca e Michel Barbosa Zaidan, e pelo Soldado José Lauro Camargo de Oliveira, com o apoio do Exército Brasileiro, representado pelo Tenente Lacerda, não mediu esforços para localizar o corpo da vítima. Após intensas buscas, a vítima foi encontrada dois dias depois do afogamento, a cerca de 5 quilômetros do local onde foi vista pela última vez. Sendo encaminhado o corpo à Perícia Criminal para os devidos procedimentos legais.

Como evitar uma tragédia?

Este trágico evento reforça a importância da população seguir a orientação do Corpo de Bombeiros Militar sobre os riscos de banhos e mergulhos em rios, que têm como características correntezas fortes, pedras submersas e trechos de difícil visibilidade, tornando-se altamente perigosos, mesmo para quem tem experiência em atividades aquáticas.

“Por isso, prefira sempre áreas certificadas pelo Corpo de Bombeiros Militar, que são devidamente sinalizadas, possuem salva-vidas e locais reservados para banho” orienta o especialista em mergulho do CBMMS, Sargento Franklin.

Segundo ele, essas áreas garantem maior segurança aos banhistas, evitando os riscos de afogamento, que são muito mais altos em áreas sem supervisão adequada.

Números

Só em 2024, o CBMMS registrou 60 casos de afogamentos em Mato Grosso do Sul, o que evidencia o risco constante que os banhistas correm, principalmente quando não há sinalização ou monitoramento profissional. A Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA) aponta que o risco de morte por afogamento em áreas de banho sem guarda-vidas é 60 vezes maior, o que reforça a necessidade de sempre procurar locais supervisionados.

Além disso, o mergulhador do CBMMS, Sargento Michel, reforça a importância de evitar saltos e mergulhos em águas turvas e correntosas, como no caso do Rio Aquidauana. “Nadar ou mergulhar em águas naturais, onde a visibilidade do fundo é limitada, pode ser extremamente perigoso. Mesmo em águas que parecem tranquilas, podem existir correntes fortes ou obstáculos submersos, colocando a vida do banhista em risco”, alerta. O especialista também orienta que, ao perceber um deslocamento da água diferente do fluxo natural do rio, o banhista deve se abster de adentrar a área, pois isso pode indicar a presença de uma correnteza. Assim como, alguns comportamentos do banhista podem ocasionar esse tipo de ocorrência, aponta o especialista, sendo eles:

  • 1- ingestão de bebidas alcoólicas;
  • 2- Não saber nadar (imperícia);
  • 3- Entrar em lugares desconhecidos;
  • 4- Subestimar a correnteza;
  • 5- Não observar as crianças dentro da água (distração dos responsáveis);
  • 6- Navegar em embarcações sem coletes salva vidas.

O afogamento não deve ser visto como um acidente inevitável. Ele é prevenível, e essa é a melhor forma de tratamento. A conscientização sobre os cuidados em ambientes aquáticos, o respeito às orientações dos salva-vidas e a escolha de locais seguros são passos fundamentais para garantir que o lazer não se transforme em tragédia.

Para evitar tragédias em meio à diversão, o Corpo de Bombeiros Militar orienta:

  • Para banhistas: evite entrar na água pulando de cabeça. Entre primeiro com os pés e não pule em águas desconhecidas. Se ingerir bebida alcóolica evite entrar na água. Para evitar o afogamento de crianças, elas devem sempre entrar na água acompanhadas ou sob observação dos pais ou responsáveis. Na água, mantenha a criança a no máximo um braço de distância, garantindo suporte caso necessário.
  • Para a vítima de afogamento: lembre-se sempre de manter a calma. A maioria das pessoas morre por conta do desgaste físico na luta pela sobrevivência. Flutue e acene por socorro. Só grite se realmente alguém puder lhe ouvir, caso contrário, isso vai acelerar o cansaço e o afogamento. Caso esteja no mar, deixe ser levado para o alto mar e acene por socorro ou tente alcançar um banco de areia. Em rios, procure manter os pés à frente da cabeça, usando as mãos e braços para dar flutuação e utilize a correnteza ao seu favor em busca da margem.
  • Reconhecendo uma situação de afogamento: a primeira coisa a se fazer em caso de afogamento é reconhecer um afogamento. Ao contrário do que se vê nos filmes, o banhista em apuros não acena com a mão e nem grita por ajuda. O banhista encontra-se tipicamente em posição vertical, com os braços estendidos lateralmente, batendo na água. Ocorre também a submersão e emersão da cabeça diversas vezes, na luta para manter as vias aéreas acima da superfície da água. Na busca pela respiração, dificilmente as vítimas conseguem fôlego para gritar por socorro. Então, ao reconhecer um afogamento ligue imediatamente ou peça para alguém ligar 193 e avise o que está acontecendo, indicando local, quantidade de pessoas envolvidas e o que está sendo feito.
  • Ao presenciar uma situação de afogamento: Após ligar 193, forneça flutuação para a vítima. Caso não haja boia salva-vidas no local, improvise com objetos flutuantes, tais como garrafas de plástico vazias, pranchas de surf, materiais de isopor ou espuma, corda, galho resistente ou qualquer outro material que garanta suporte à vítima. O maior objetivo deve ser manter a vítima com as vias aéreas fora da água e parar o processo de afogamento, para assim ganhar tempo até a chegada do socorro profissional. Só entre na água para ajudar se tiver treinamento e preparo físico e, sempre, com um material de flutuação para oferecer ao afogado. Jamais busque o contato direto. Lembre-se: a prioridade é ajudar jogando o material de flutuação, sem entrar na água, se possível for. Caso você necessite fazer isso, tenham cuidado ao tentar retirar a vítima da água, pois você pode se tornar uma segunda vítima.

A segurança no lazer aquático depende do bom senso e da adoção de práticas responsáveis. Visto que no Brasil, os dados de afogamento são ainda mais alarmantes, a cada 90 minutos uma pessoa morre afogada. Ou seja, diariamente, são registrados em média 15 afogamentos com óbito, sendo que 70% desses incidentes acontecem em águas naturais, como rios, lagos e represas. Além disso, a SOBRASA destaca que o afogamento tem 200 vezes mais risco de levar à morte do que os incidentes de transporte.

Em busca de mais informações sobre como evitar acidentes aquáticos, o Corpo de Bombeiros disponibiliza a Norma Técnica nº 44 (NT-44), que contém orientações detalhadas sobre segurança e prevenção. Bem como, acompanhe as orientações e informações do Boletim sobre Afogamento elaborada pela SOBRASA. A melhor forma de garantir que o verão seja de diversão sem tragédias é seguir essas orientações e dar prioridade à segurança de todos.

Bombeiros MS

Mostrar Mais

Anuncie Aqui

Notícias Relacionadas

Volta para o botão de cima