Alunos da rede municipal de ensino de Chapadão do Sul estão participando da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro.
A Secretaria Municipal de Educação informou que já houve a seleção nas escolas e foram escolhidos os melhores trabalhos para representar o município na etapa estadual nas categorias: poema, memórias literárias e crônicas. Agora, haverá a seletiva estadual, posteriormente a regional e se os trabalhos forem selecionados, vão para a etapa nacional.
A Olimpíada de Língua Portuguesa desenvolve ações de formação de professores com o objetivo de contribuir para a melhoria do ensino da leitura e escrita nas escolas públicas brasileiras.
A Olimpíada tem caráter bienal e, em anos pares, realiza um concurso de produção de textos que premia as melhores produções de alunos de escolas públicas de todo o país. Na 3ª edição participam professores e alunos do 5º ano do Ensino Fundamental (EF) ao 3º ano do Ensino Médio (EM), nas categorias: Poema no 5º e 6º anos EF; Memórias no 7º e 8º anos EF; Crônica no 9º ano EF e 1º ano EM; Artigo de opinião no 2º e 3º anos EM. Nos anos ímpares, desenvolve ações de formação presencial e a distância, além da realização de estudos e pesquisas, elaboração e produção de recursos e materiais educativos.
Uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC) e da Fundação Itaú Social, com coordenação técnica do Cenpec — Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária, a Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro tem como parceiros na execução das ações o Conselho Nacional de Secretários de Educação (CONSED), a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e o Canal Futura. No ano de 2014, o programa lançou os Cadernos Virtuais, adaptação da Coleção da Olimpíada ao suporte digital, com linguagem hipertextual e diversos recursos multimídia (áudios, textos para projeção, vídeos e jogos).
Chapadão do Sul participa desde o início das edições das Olimpíadas, e em sua 4ª edição a SEMED contou com o apoio da Professora Coordenadora Marlene Maurer no desenvolvimento das oficinas e demais acompanhamentos.
A comissão julgadora municipal foi composta pelas professoras: Sandra Cristina Mioto de Gouvea, Ângela Maria Marim Oliveira e Silvane Waldow Medeiros.
Veja abaixo os trabalhos selecionados para representar Chapadão do Sul
POEMA:
Título: O lugar onde moro
Quando cheguei nessa cidade,
Eu tinha alguns meses de idade.
Alguns tempos se passaram,
Logo meus pais trabalho arrumaram.
No começo com tanta dificuldade,
Começaram a ver oportunidades.
Meus pais com muita humildade,
Fixaram-se nessa pequena cidade.
Hoje, têm fazendas e fazendeiros,
Com a presença de pioneiros.
Onde as máquinas colhem,
Milho sorgo e algodão,
E os agricultores comercializam tudo,
Ajudando no crescimento da nação.
Também tem bancos, lojas e mercados,
Escolas com um bom aprendizado.
Diversão para toda a comunidade,
A cultura que é tratada com atenção,
Como churrasco, baile e chimarrão.
Mato Grosso do Sul é o estado,
Lugar onde se cultiva a tradição,
Que passa de geração a geração.
Por isso afirmo com emoção,
Chapadão do Sul, é a cidade do meu coração!
Cidade que cresceu,
Onde o sonho renasceu.
Lugar de progresso,
Povo que vem desbravando,
E investe com sucesso.
ALUNO: LEANDER LEITE DA SILVA
PROFESSORA: MARIA DOS REIS
ANO: 5º ANO
ESCOLA: ÉRICO VERÍSSIMO
________________________________________________________________
MEMÓRIAS LITERÁRIAS
Título: Cheirinho de Infância
Quando cheguei a Chapadão do Sul, no ano de 1990, eu era criança, tinha apenas sete anos, a cidade era pequena, estava apenas começando, mas já havia luz elétrica e água encanada.
Assim que terminamos de descarregar a mudança, uma vizinha chegou lá em casa com um bolo, era um presente de boas-vindas e enquanto minha mãe e as vizinhas conversavam, meus irmãos e eu esperávamos ansiosos para comer o bolo. Aquele cheirinho maravilhoso! Hum!!! Lembro-me até hoje! Minha mãe, que era muito desconfiada, não nos deixou comê-lo, pois era uma estranha que o havia feito e não saberíamos o que ela havia colocado. Foi somente à noite, quando nosso pai chegou e minha mãe contou a ele toda a história, que pudemos comer o bolo, ele nos explicou que isso era normal, sempre que chegava alguém novo na cidade, os vizinhos traziam guloseimas para recepcioná-lo. Nos dias seguintes, também outras vizinhas trouxeram pão, bolachas caseiras e deliciosas cucas, uma forma delicada para demonstrar carinho aos novos vizinhos.
Na rua que morávamos, havia aproximadamente oito casinhas, todas simples e humildes, porém acolhedoras. Os vizinhos eram amigáveis e confiáveis; não havia furtos . Recordo-me até hoje que minha mãe estendia a roupa lavada no varal e no outro dia, ainda estava lá, ninguém mexia nas coisas alheias. Nossa casa ficava bem no finzinho da cidade e o que dividia nosso quintal de uma fazenda que tinha ali perto, era uma cerca de arame farpado. E logo descobrimos que lá era um lugar de muitas diversões. Meus irmãos, eu e outras crianças da vizinhança fugíamos para uma represa que havia do outro lado da cerca. Lá, tomávamos banho e brincávamos de guerrinha de lama. O meu irmão, o mais sortudo, sempre chegava em casa com uma ou mais sanguessugas grudadas na perna.
Como nossa casa era construída bem no fundo do quintal, meu pai aproveitava o espaço da frente para cultivar mandiocas e abóboras. Nessas plantações, havia várias joaninhas bem verdinhas que eu e minha irmã colhíamos e as amassávamos para fazer um suco, cuja aparência não era boa e o cheiro pior ainda . Completávamos as refeições com bolinhos de lama e quando nossos irmãos vinham nos atormentar (aliás , que irmão não atormenta o outro?), derrubavam o nosso suco e pisavam nos nossos bolos. É claro que não ficávamos quietas, juntávamos um monte de mamonas e jogávamos neles, naquele momento, as mamonas viravam munição para ambos os lado e tudo virava uma guerra. Ah! Como sinto saudades daquela época!
Até para irmos à escola era divertido, pois sempre vínhamos em grupos e como nossa casa era longe, tínhamos que atravessar a cidade e apesar das dificuldades com a distância; ora com o pó na época da seca , ora com a lama nos dias de chuva, tudo virava festa.
A escola continua no mesmo local, porém hoje ela está reformada. Naquela época, tinha apenas dois pavilhões e uma pequena casa , onde ficava o refeitório. Havia um grande pátio descoberto, um espaço enorme, onde corríamos e brincávamos. E como corríamos!
Lembro-me também que as provas eram feitas com a letra do professor, escritas num papel carbono, que se chamava matriz e rodadas no mimeógrafo, saíam da máquina com cheirinho de álcool e tinham que ser colocadas para secar e só depois de secas que eram aplicadas.
São recordações únicas e muito preciosas, pois aproveitei ao máximo a minha infância, que foi regada de brincadeiras e alegrias. Creio que a aproveitei de um modo que nenhuma criança dos dias de hoje a vive. Recordo-me dos aromas, dos sabores e das cores de uma infância feliz e repleta de emoções. Lembranças que jamais podem ser substituídas.
(Texto baseado na entrevista concedida pela senhora Marilzângela Aparecida de Almeida)
ALUNA: ISABELA COGO GARCIA
ANO: 7º B
PROFESSORA: MARILZÂNGELA APARECIDA DE ALMEIDA
ESCOLA: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
____________________________________________________
CRÔNICA
Título: Reforma
O ano de 2014 já havia iniciado, mas ninguém sabia quando e onde começariam as aulas do segundo bimestre, isso porque a nossa escola estava passando por uma reforma, algo muito esperado por todos nós. Surgiram vários boatos na cidade, entendam cidade do interior, todos comentam sobre tudo. A questão era uma só: as aulas começariam no Ginásio Municipal, no prédio da Faculdade ou na escola mesmo.
O dia estava certo, mas o local ainda causava muitos comentários. Após alguns dias, a notícia estava nas redes sociais, no rádio e na boca do povo, as aulas iriam começar no prédio da Faculdade.
A ansiedade era muita e todos estavam bastante curiosos para saber como seria estudar na “Faculdade”. O primeiro dia de aula foi bastante tumultuado, a nossa rotina de filas para a entrada , nosso recreio sempre no pátio cercado por muros altos, deixaram de existir e agora tínhamos que nos acostumar com um grande pátio sem muros e com muitas árvores em volta.
Os dias, naquele novo ambiente, foram cheios de situações engraçadas, inusitadas e polêmicas. Algumas vezes, nos sentimos em casa, pois ali estavam nossos professores e todos os funcionários da nossa escola, mas em outros momentos, estávamos nos sentindo como “peixe fora d´água”. Afinal, agora o prédio tinha andares, escadas e muitas salas com carteiras acadêmicas – as nossas eram diferentes, tínhamos cadeira e carteira separadas – e tudo indicava que teríamos que ficar por ali por um bom tempo.
Fatos engraçados foram acontecendo com o passar dos dias. Chuva de cuspes vindos do andar de cima era comum, meninos subindo nas árvores, no recreio, tornaram-se brincadeiras constantes durante esse tempo. Algumas quedas das escadas foram hilárias e isso era motivo de muitas risadas e de muitos choros também de quem caía, claro. Vivi momentos únicos na “Faculdade” e tenho certeza que muitos dos meus amigos também.
Depois de passarmos três meses fora, finalmente estávamos de volta. As aulas agora seriam num novo prédio, nossa escola tinha sido reformada e estávamos muito ansiosos para retornar e descobrir o que estava por vir naquele “nosso lugar”. Encontramos uma escola totalmente reformada e agora tínhamos ar-condicionado nas salas de aulas – um luxo para uma escola pública – sem falar nas lousas brancas, algo muito bom para os alunos e professores.
Confesso, foi diferente, foi divertido, foi demorado, mas o tempo que estudamos na “Faculdade”, deixou marcas que jamais esqueceremos.
ALUNA: LARISSA FERNANDA DE OLIVEIRA E SILVA
PROFESSORA: ESTELA MARA DE ANDRADE
ANO: 9º A
ESCOLA: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Fonte: Assessoria de Imprensa da Prefeitura Municipal