Após boas altas, soja tem manhã de estabilidade em Chicago nesta 3ª feira
Após encerrar o dia com ganhos de dois dígitos na sessão anterior, o mercado internacional da soja, nesta terça-feira (27), opera próximo da estabilidade, porém, em campo negativo. Por volta das 7h40 (horário de Brasília), os principais vencimentos perdiam pouco mais de 1 ponto na Bolsa de Chicago.
Ontem, o mercado foi estimulado pelos bons números dos embarques semanais divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que superaram 1,5 milhão de toneladas. Entretanto, segundo analistas, o impacto dessa informação acaba sendo temporário nesse momento do mercado, e insuficiente para, sozinho, estimular uma continuidade dos ganhos.
Assim, o que se observa nessa manhã, é o mercado ainda buscando mais informações e notícias novas que possam definir uma melhor direção para as cotações.
Veja como fechou o mercado nesta segunda-feira:
Na sessão desta segunda-feira (26), os futuros da soja voltaram a subir na Bolsa de Chicago e fecharam o dia com os principais vencimentos com altas de mais de 11 pontos na Bolsa de Chicago. A posição maio/15, referência para a safra brasileira, encerrou os negócios valendo US$ 9,90 por bushel.
O fato do dia, que fez com que o mercado fechasse o dia com ganhos de dois dígitos, foi o bom volume divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) dos embarques semanais de soja do país, que superaram 1,5 milhão de toneladas e ficou acima das expectativas dos traders.
Os EUA embarcaram, na semana encerrada no dia 22 de janeiro, 1.522,036 milhão de toneladas de soja, enquanto as projeções do mercado variavam entre 1,28 milhão e 1,47 milhão de toneladas. Na semana anterior, o total foi de 1.521,831 milhão. Já foram embarcadas, ainda segundo o boletim, 35.715,085 milhões de toneladas no acumulado do ano comercial, enquanto o estimado pelo USDA para toda a temporada é de que sejam exportadas 48,17 milhões de toneladas. No ano comercial anterior, o total no acumulado era de 30.343,370 milhões.
Segundo explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, informações como estas – ou como as das vendas para exportação nos EUA atualizadas todas às quintas-feiras – tem trazido alguma movimentação em uma época típica de “um mercado mais fraco nesse finalzinho de janeiro e início de fevereiro”.
Entretanto, afirma ainda que, notícias como essas têm validade e impacto curto sobre o andamento dos negócios. “Mas, esses números mostram que, talvez, a China não tenha todo aquele estoque que o mercado acredita que o país tenha. Se tivessem, não estariam levando seus volumes tão rapidamente”, completa.
Além disso, ainda segundo o consultor, com quase toda a safra norte-americana já comercializada, há um processo de migração dos compradores do mercado dos EUA para os exportadores da América do Sul, o que estimula os investidores a também trabalharem com esse fato de uma forma negativa. “Os investidores trabalham com essa lógica e não enxergam que a demanda continua forte e aquecida”, diz.
O consultor da Brandalizze Consulting e demais analistas afirmam ainda que o mercado segue atento também às informações vindas da macroeconomia, principalmente às oriundas da Zona do Euro, onde a moeda local registra seu menor nível 11 anos, motivada, entre outros fatores, pela formação de um novo governo na Grécia. O presidente eleito é conhecido por esse contra políticas de austeridade e assim, “investidores parecem estar dispostos a realizar lucros após o impressionante rali de sexta-feira em antecipação à formação de um novo governo e sua retórica contra os credores internacionais da Grécia”, disse o analista do Eurobank Equities Nikos Koskoletos.
Clima no Brasil
As notícias sobre as adversidades climáticas no Brasil parecem perder força nesse início da semana, com a chegada de chuvas em algumas regiões produtoras. Apesar disso, os relatos vindos do campo ainda sinalizam uma preocupação grande por parte dos produtores mas, ao mesmo tempo, o mercado global ainda trabalha com números de uma safra cheia no país, na casa de 95 milhões de toneladas, segundo explica Vlamir Brandalizze.
Em Guaíra, no Paraná, a colheita já alcança cerca de 40% da área plantada e a produtividade média é indicada em apenas 30 sacas por hectare. Na cidade, uma das mais importantes na produção de soja do estado, as precipitações seguem irregulares e o calor ainda é intenso.
Em Mato Grosso, na região de Tangará da Serra, o rendimento das lavouras de soja também se mostra bastante irregular por conta do clima adverso. E a preocupação dos produtores locais agora é com a chuva prevista para 15 de fevereiro, que poderia atrasar o desenvolvimento da colheita.
A Faeg (Federação de Agricultura do Estado de Goiás) já sinaliza perdas bilionárias por conta das chuvas irregulares. Segundo números da instituição, as perdas na safra de soja já se aproximam de 15%, ou 1,4 milhão de toneladas a menos na colheita goiana da temporada 2014/15.
Mercado Brasileiro
No mercado brasileiro, os preços apresentaram, nesta segunda-feira, uma ligeira recuperação já que, além das boas altas registradas em Chicago, o dólar também fechou o dia com um pequeno ganho frente ao real. A divisa subiu 0,06%, porém, ficou abaixo dos R$ 2,60 pela terceira sessão consecutiva, terminando os negócios em R$ 2,5905.
Assim, no porto de Rio Grande, a soja da safra 2014/15 ficou em R$ 60,00, com alta de 0,84% e o produto disponível em R$ 61,50, estável. Já em Paranaguá, alta de 1,72% para R$ 59,00 na soja com entrega em abril/15. No interior do país, os preços não apresentaram uma direção definida, com altas de quase 1% em algumas praças e baixas de mais de 4% em outras.
Assim, os negócios no Brasil seguem parados e, para Vlamir Brandalizze, o produtor tem adotado a postura mais acertada nesse momento, já que é preciso esperar as cotações evoluírem um pouco mais para voltarem a participar do mercado. Além de preços mais ajustados, há ainda valores altos dos fretes, os quais seguem firmes e subindo.
“O produtor deve aguardar por momentos mais atrativos e isso se refere a preços de R$ 5,00 a R$ 6,00 a mais do que têm sido praticados nos portos nesse momento, para que compense para que ele volte a vender no interior. E isso não deve ser visto nessa semana, principalmente, porque não há novidades esperadas para o câmbio brasileiro”, orienta o consultor.
Fonte: Notícias Agrícolas