Calor gera prejuízo de quase R$ 250 milhões a agropecuária
A onda de calor, a maior dos últimos 15 anos, deixa um rastro de prejuízo de quase R$ 250 milhões na agropecuária de Mato Grosso do Sul. As perdas da soja, cujo plantio está parado, representam quebra de R$ 100 milhões. Já para a pecuária, o decréscimo estimado é de até R$ 140 milhões. O plantio da soja em Mato Grosso do Sul deve recuar para a estaca zero por causa da estiagem. “É muito provável que as 100 mil hectares plantadas sejam perdidas”, projetou o analista em agricultura da Famasul, Leonardo Carlotto Portalete. Ele calcula que o prejuízo alcance R$ 100 milhões, considerando apenas os custos de produção. Por causa da seca, os produtores suspenderam o plantio do grão, provocando uma janela de duas semanas de atraso.
Portalete explica que o custo médio de plantio é de R$ 1 mil por hectare. Ele informou, ainda, que a área com soja corresponde, até o momento, a 100 mil hectares. Se o calor e a falta de chuva matar a totalidade das lavouras – o que é muito provável, segundo o analista –, os produtores amargarão prejuízo de R$ 100 milhões. “E isso só com o custo de plantio”, observa o especialista.
A alta probabilidade de perda total se relaciona ao estágio das plantas de soja. “Nesse momento, estão bem sensíveis, com resistência muito baixa”, disse Portalete. Ele explica que o período sem chuva superior a 15 dias é demasiado para a soja em início de plantio. “A raiz está muito superficial e o solo está com pouca reserva de água”, informou. “Se não chover em cinco dias no máximo, vai perder tudo”, sentenciou.
O produtor deverá reiniciar o plantio na área perdida ou, simplesmente, abandoná-la, afirma Portalete. Qualquer que seja a decisão, o trabalho só será retomado após a chuva, prevista para a próxima semana. Mesmo que parte da lavoura sobreviva à estiagem, o produtor enfrentará outros problemas. “A produtividade será menor. Quem espera colher 60 sacas por hectare, deverá colher 40 a 45”, disse. De acordo com o analista da Famasul, o Estado todo sofre com a seca, mas a situação é ainda mais crítica na região norte, onde estão importantes produtores de soja, como São Gabriel do Oeste e Coxim.
Fonte: Correio do Estado