Saúde

Campo Grande possui baixo risco de colapso na saúde, diz pesquisa

Pesquisadores de quatro universidades brasileiras fizeram modelo matemático que calcula o quão perto as estruturas de saúde estão do colapso, levando em conta a quantidade de pacientes internados por causa da pandemia causada pela Covid-19, o novo coronavírus. De acordo com o levantamento, Campo Grande seria a penúltima capital do Brasil a ficar sem vagas em unidades de saúde.

O estudo foi realizado observando a quantidade de respiradores, leitos clínicos, médicos clínicos, infectologistas e pneumologistas, número de casos confirmados do novo coronavírus e número de óbitos pela doença em cada cidade.

Segundo as informações, a medida foi feita levando em consideração dados disponíveis no dia 20 de abril deste ano, há oito dias. Nesse período, Campo Grande tinha 89 casos e dois óbitos. Até ontem, conforme o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES), eram 126 casos na Capital, com nove pessoas internadas até a tarde de domingo (26). O número de mortes continua o mesmo: duas mulheres haviam falecido por conta da doença até ontem.

O modelo criado, chamado pelos pesquisadores de Covid-Index, varia entre 0 e 1 o índice que indica a proximidade de colapso. Segundo a metodologia usada, “quanto mais próximo de zero, melhor é o desempenho da região na utilização da estrutura hospitalar para o combate ao coronavírus. Quanto mais próximo de 1, pior é o desempenho da mesorregião”.

 

CÁLCULO

Os dados usados na produção da Covid-Index foram tirados do departamento de informática do Sistema Único de Saúde, o DataSUS. No ranking criado com essas informações, Campo Grande aparece com 0,01, atrás apenas de Aracaju (SE), que tem índice 0. Por outro lado, cinco capitais aparecem com 1 de índice, o que indica colapso na rede de saúde. As piores situações estão em Manaus (AM), Macapá (AP), São Paulo (SP), Fortaleza (CE) e Palmas (TO). Algumas cidades já têm a situação de colapso confirmada; outras três estão em alerta: São Luiz (MA), com 0,92, Recife (PE), que tem 0,61, e Rio de Janeiro (RJ), com 0,59.

O modelo foi criado por pesquisadores da Escola de Engenharia da Universidade de São Paulo (EESC/USP), Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Universidade Estadual Paulista (Unesp-Bauru) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Além do parâmetro sobre as capitais, o estudo também fez um recorte levando em consideração os estados e microrregiões do Brasil.

Entre os estados, levando em consideração o mesmo critério de avaliação, Mato Grosso do Sul ocupa a 24ª posição, com índice de colapso de 0,05, atrás de Mato Grosso (0,04), Sergipe (0,02) e Tocantins (0). O aumento é puxado por alguns municípios do interior onde já há casos confirmados, internações e mortes.

 

ESTADO

Entretanto, entre as microrregiões analisadas, a primeira do Estado a aparecer está na 92ª colocação – a região de Nova Andradina, que tem índice de 0,35. O Alto do Taquari é a segunda de Mato Grosso do Sul a apresentar valor preocupante, com 0,26, na 124ª posição. Ao todo são oito microrregiões no Estado, das quais, a de Campo Grande aparece em 306º lugar, com índice de 0,06.

Para o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, os números são fruto da agilidade que o governo e as prefeituras tiveram. “Fomos proativos, construímos a ampliação de leitos, trabalhamos em conjunto com a prefeitura de Campo Grande e com as do interior e já conseguimos adicionar 111 leitos de UTI no Estado”, declarou.

Resende ressalta que isso não continuará a ser suficiente se a população não colaborar com o distanciamento social. “Estamos construindo tudo paulatinamente. Precisamos retardar a curva, por isso o isolamento é essencial. Esses números [isolamento] decaíram um pouco e pode ter grande impacto”.

Ao todo, Mato Grosso do Sul tem 684 leitos de UTI, sendo cerca de 300 deles em Campo Grande, entre rede pública e privada. Desse total, 151 estão reservados para pacientes com Covid-19 em todo o Estado, e até ontem de manhã, apenas quatro eram usados.

Fonte: Correio do Estado

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