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Com clima adverso nos EUA, soja inicia semana com forte alta

Na manhã desta segunda-feira (6), as principais commodities agrícolas operam com boas altas no mercado internacional, lideradas pelos futuros da soja na Bolsa de Chicago. Por volta das 7h40 (horário de Brasília), as cotações subiam mais de 12 pontos nos principais vencimentos, com o contrato novembro/14 valendo US$ 9,25 por bushel e o maio/15, referência para a safra brasileira, cotado a US$ 9,48.

Além da possibilidade de preços mais baixos aumentarem ainda mais a demanda pela oleaginosa, segundo analistas, as chuvas fortes e o clima frio que continuam presentes no Meio-Oeste norte-americano também trazem suporte aos preços. As atuais condições climáticas vêm causando algum atraso aos trabalhos de colheita nas principais regiões produtoras e isso deverá ser refletido no próximo boletim de acompanhamento de safras a ser divulgado hoje, às 17h, depois do fechamento do pregão.

“Os mercados mostram alguma força nesse início de semana, com suporte também na cobertura de posições de curto prazo por parte dos fundos de investimentos. O clima ruim nos Estados Unidos prejudica os trabalhos de campo, o que também traz algum suporte temporário aos negócios”, informou a consultoria internacional Agritel à agência internacional Bloomberg.

 

Veja como fechou o mercado na última sexta-feira (3)

Soja fecha semana com forte queda na CBOT e estabilidade no Brasil

O mercado da soja fechou a sessão desta sexta-feira (3) com baixas de dois dígitos na Bolsa de Chicago. Os principais vencimentos terminaram o dia perdendo mais de 12 pontos, ampliando suas perdas depois da divulgação da estimativa de mais uma consultoria privada para a nova safra norte-americana. Na semana, o vencimento novembro/14 recuou ,1,19% e fechou valendo US$ 9,12, enquanto o contrato maio/15 registrou uma queda de 1,37% e terminou em US$ 9,35 por bushel.

No mercado interno, a semana foi, mais uma vez, de estabilidade para os preços. Os negócios seguem se desenvolvendo em um ritmo bem mais lento do que o registrado em anos anteriores e essa deve ser a tendência para os próximos meses. O último relatório divulgado pela consultoria Safras & Mercado, reportado na quinta-feira, mostrou que apenas 12% da nova safra de soja já havia sido vendida, contra 31% registrados no mesmo período da temporada anterior.

“O produtor não vende porque, em várias regiões do Brasil, os atuais preços praticados não pagam os custos, as contas não fecham. Se ele pré-fixar com prejuízo, ele já garantiu prejuízo”, relata Ênio Fernandes. “Nesse ano, a comercialização vai ser diferente, as vendas vão se estender por todo 2015, pois serão mais cadenciadas. Se o ano passado o foco era na Helicoverpa armigera, esse ano é na comercialização”, completa.

Com esse quadro, os preços da soja no interior do país registraram mais uma semana de estabilidade. Na maior parte das praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, as cotações no mercado disponível não apresentaram uma oscilação expressiva nos últimos cinco dias, com exceção de Não-Me-Toque/RS, onde o valor subiu 3,92% e fechou a semana a R$ 53,00.

Em São Gabriel do Oeste (MS) a cotação registrou valorização de 1,85% e passou de R$ 54,00 para R$ 55,00 por saca; 0,86% de alta em Campo Novo do Parecis de R$ 52,00 para R$ 52,50 e ganhos de 1,89% em Tangará da Serra, onde o preço fechou a semana em R$ 54,00, com alta de 1,89%. Nas praças onde as cotações recuaram, as baixas foram de pouco mais de 1%.

Nos principais portos brasileiros, a semana também foi de estabilidade. Em Paranaguá, o preço se manteve nos R$ 56,00, registrando alguns dias o valor de R$ 56,50 e, em Rio Grande há o registro ligeiro de 0,52%, com a cotação em R$ 57,20 por saca. No entanto, durante a semana, esse preço chegou a superar os R$ 58,00.

Na semana, o dólar subiu 1,9%, chegou a encostar nos R$ 2,50 – pela primeira vez desde 2008 – mas encerrou a sexta-feira em R$ 2,46, com queda de 1,2% no dia.

 

Recuo na Bolsa de Chicago

A Informa Economics reportou sua nova projeção e indicou a colheita de soja dos Estados Unidos na temporada 2014/15 em 109,32 milhões de toneladas. O número é bem maior do que a última estimativa da consultoria, de 105,49 milhões, e fica também acima do último número do USDA de 106,42 milhões de toneladas. Nesta quinta (2), outra consultoria privada – a INTL FCStone – projetou a safra norte-americana em 110 milhões de toneladas.

A produtividade norte-americana da oleaginosa também foi reajustada pela Informa e passou de 52,27 para 55 sacas por hectare.

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em seu último boletim mensal de oferta e demanda estimou a safra de soja em 106,41 milhões de toneladas, com rendimento de 52,85 sacas por hectare.

Segundo explicou o analista de mercado João Schaffer, da Agrinvest, essas boas perspectivas para a nova safra dos Estados Unidos superaram as notícias de clima adverso no país. A região do Corn Belt, no Meio-Oeste norte-americano, observa agora a chegada de uma severa frente fria que já traz algum atraso para a colheita e pode reduzir o rendimento das lavouras em algumas regiões, principalmente onde lavouras foram plantadas mais tarde.

Segundo informações de institutos norte-americanos de meteorologia e sites internacionais, os próximos 14 dias deverão ser de chuvas acima da normalidade para o período e de uma queda brusca de temperatura. E sas última semanas também já foram registradas precipitações de cerca de 300% a mais do que o esperado para essa época em diversos estados.

“As chuvas aumentaram ao longo do Meio-Oeste e do Delta, as quais provocaram a paralisação da colheita da soja e do milho. E as precipitações devem continuar persistentes no sudeste do Corn Belt nesta sexta-feira (3) e no começo da próxima semana, o que deve manter os trabalhos de campo em um ritmo ainda bastante lento”, segundo uma avaliação do meteorologista sênior Don Keeney, da MDA Weather Services.

O cenário, entretanto, ainda não tem causado nenhum grande impacto sobre as cotações em Chicago, ainda mais diante das expressivas correções nas estimativas feitas pelas consultorias privadas.

“O mercado ainda não comprou esse atraso da colheita. E se os novos mapas saírem mostrando tempo aberto, com condições de trabalhar com as máquinas americanas, não teremos problemas nenhum e o mercado fica como está. Mas, se chegarmos na segunda-feira (6) com os novos números do USDA com a colheita em dia, mas com um clima extremamente chuvoso e a incidência de neve em boa parte do Meio-Oeste, aí sim o mercado vai puxar pra cima. O que interessa pro mercado não é o que acontece agora, mas o que pode acontecer nos próximos 15 a 20 dias”, explica o consultor de mercado Ênio Fernandes.

Além das condições de clima nos Estados Unidos, o cenário para a América do Sul também começa, aos poucos, a ser observado pelo mercado, segundo Fernandes. A falta de precipitações adequadas para um bom início do plantio da nova safra, principalmente nos Centro-Oeste do Brasil, se continuar, pode trazer algum reflexo positivo para as cotações, especialmente as de milho.

“Alguns institutos de meteorologia nacionais e internacionais mostram chuvas que permitem o plantio somente para o início de novembro, e isso quer dizer que podemos atrasar o plantio em 30 dias. Isso, se confirmado, deve atrasar também a colheita em 30 dias”, acredita o consultor.

Frente à volta do clima, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, ao foco dos negócios travando um embate com as boas projeções para a nova safra dos Estados Unidos, o mercado deverá manter sua volatilidade na próxima semana.

Na próxima sexta-feira, 10 de agosto, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz seu novo reporte mensal de oferta e demanda e o mercado aposta em uma correção nos números em relação ao boletim de setembro. Porém, até lá o departamento traz outros três boletins também importantes – de embarques semanais e acompanhamento de safras na segunda e, na quinta, o de exportações semanais – que podem acentuar ainda mais essa volatilidade.

Fonte: Notícias Agrícolas

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