Com foco na demanda, soja fecha o dia com mais de 15 pontos de altas em Chicago
O mercado registrou mais uma sessão positiva na Bolsa de Chicago nesta terça-feira (25) e fechou o dia com altas de dois dígitos. O contrato janeiro/15, o mais negociado nesse momento, terminou o dia valendo US$ 10,51 por bushel, subindo 17,25 pontos, mas na máxima da sessão bateu os US$ 10,54. Já o vencimento maio/15, referência para a safra brasileira, encerrou os negócios com ganho de 16 pontos a US$ 10,61 e, no melhor momento da sessão, chegou a US$ 10,64.
A demanda, de acordo com analistas, permanece no foco dos investidores e o mercado segue na tentativa de se consolidar em patamares importantes como os registrados nesta quinta. “Os futuros da soja estiveram em alta nesta terça-feira com os embarques robustos dos Estados Unidos dando sustentação ao mercado”, afirmou no site norte-americano Farm Futures seu editor sênior, Bob Burgdorfer.
Em seu boletim semanal de embarques para exportação divulgado nesta segunda-feira (24), o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) mostrou que, no acumulado do ano comercial 2014/15, os Estados Unidos já embarcaram 19.410,09 milhões de toneladas, volume que é mais de 3 milhões de toneladas maior do que o registrado no mesmo período da temporada 2013/14. A estimativa do USDA para as exportações de todo o ano comercial, que só se encerra em 31 de agosto de 2015, é de 46,81 milhões de toneladas.
Ainda de acordo com analistas, com o setor de carnes muito aquecido, é consistente a demanda pelos insumos principais para esses produtos, que são o farelo de soja e o milho, componentes básicos da alimentação animal. Atualmente, os preços de todas as carnes e frutos do mar estão em níveis recordes ao redor do mundo.
Nesta terça-feira, o USDA divulgou um relatório apontando que as cotações das carnes bovina e suína deverão subir forte novamente em 2015 nos Estados Unidos, como aconteceu este ano. “Os preços das carnes deverão continuar sentindo os efeitos da seca no Texas e em Oklahoma e da epidemia do vírus da diarreia suína no futuro imediato”, informou o relatório do departamento agrícola americano.
Oferta – Por outro lado, a colheita nos Estados Unidos já na reta final – com 97% concluída até o último domingo (23) – poderia trazer alguma pressão sobre as cotações, ainda de acordo com analistas, já que poderia promover uma “normalização da oferta”, como explicou Camilo Motter, analista da Granoeste Corretora. Entretanto, explica que os dois fatores devem ser observados conjuntamente, já que esse é um momento forte da demanda, principalmente em função de um setor de rações muito aquecido diante de um consumo crescente de proteína animal.
“A oferta maior é um elemento de baixa, mas não é o único elemento que deve ser focado, a demanda é a contraparte dessa oferta e tem se mostrado forte, com a China comprando bem, e negócios sendo registrados já para a próxima safra (…) Parece que aquele fantasma de preços abaixo dos US$ 10,00 já ficou no passado”, afirma Motter.
Clima na América do Sul – Para alguns analistas ainda, o comportamento do clima na América do Sul, aos poucos, também ganha a atenção dos investidores, no entanto, devem ter mais espaço somente com uma consolidação mais efetiva da nova safra e as perdas estejam consolidadas diante das irregularidades climáticas que vêm sendo registradas.
“Devemos analisar todos os aspectos, onde eu destaco a finalização da safra americana, a forte demanda e o fator principal, no meu modo de ver, o comportamento climático na América do Sul”, diz o analista da Granoeste.
Mercado Interno – No Brasil, apesar de mais uma queda do dólar frente ao real – a moeda norte-americana recuou 0,47% e fechou odia a R$ 2,5367 – o preço da soja subiu 0,79% no porto de Paranaguá para R$ 63,50 por saca para o produto com entrega em maio/15. Já no porto de Rio Grande, os preços da soja disponível e futura permaneceram estáveis em R$ 65,00 e R$ 64,00, respectivamente.
No interior do país, entre as praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, o dia também foi de estabilidade. Apenas uma leve alta foi registrada em Não-Me-Toque, RS, de 0,87% para R$ 58,00/saca e uma queda de mais de 3% em Jataí/GO para R$ 53,00. No Mato Grosso do Sul, na região de Caarapó, o preço subiu levemente – 0,83% – para R$ 61,00.
Fonte: Notícias Agrícolas