Uma família de Coxim está preocupada com o sumiço de um jovem de 21 anos que teria saído para pescar, no início da noite da quarta-feira (7), e não voltou mais para casa. Wendel Silva Alves deixou sua residência, na região central de Coxim, e entrou em um Celta de cor prata, que seguiu em direção à Avenida Presidente Vargas, onde se concentram as casas de iscas vivas.
A última mensagem que ele respondeu para a esposa foi às 18h48, quando tinha acabado de entrar no veículo. A esposa perguntou se os amigos eram da igreja e ele se limitou a responder que não. Daí em diante Alves não respondeu mais as mensagens, tampouco atendeu às ligações. Por volta da meia noite as ligações começaram ser direcionadas para a caixa postal, provavelmente pela falta de bateria no aparelho do jovem.
Na manhã da quinta-feira (8) a esposa, ainda mais preocupada, foi até o frigorífico onde o marido trabalha e ouviu de dois colegas de Wendel, companheiros da suposta pesca, que ambos não sabiam da tal pescaria e também que não imaginavam com quem o jovem poderia ter ido para o rio.
Anderson e Valderley, os colegas de Wendel, teriam mentido para a esposa do jovem desaparecido. Depois que o caso ganhou repercussão nas mídias, ambos procuraram o Corpo de Bombeiros de Coxim e contaram o que seria a história verdadeira.
Segundo as declarações, os três (Anderson, Valderley e Wendel) saíram para pescar no rio Taquari quando, por volta das 20h00, Wendel, que não sabia nadar, caiu do barco. Os colegas tentaram resgatá-lo, mas não conseguiram. Acompanhados de uma advogada, os jovens se dirigiram até à delegacia de Polícia Civil para relatar e registrar o fato.
O que está intrigando a família do jovem desaparecido é o fato de os colegas, em um primeiro momento, mentirem para a esposa do amigo e, em segundo, por procurarem as autoridades quase 24 horas após o acontecido.
A versão dos colegas de pescaria
Anderson Damião Franco Silva (30) e Valderley da Silva Sampaio (35) concederam entrevista ao site Coxim Agora no início da noite desta quinta-feira (8), a respeito do afogamento e desaparecimento do jovem Wendel Alves da Silva.
Silva e Sampaio foram os últimos a ver Wendel com vida e, segundo eles, o jovem teria possivelmente se enroscado na rede de pesca, se afogado e em seguida desaparecido nas águas do rio Taquari.
Anderson contou que conhecia Wendel há aproximadamente cinco meses e, com Valderley, combinaram de pescar na noite da quarta-feira, utilizando uma rede de arrasto.
Por volta de 18h48min de quarta-feira, Valderley buscou Wendel em casa e, em seguida, os três foram até a região da barra do Fortaleza, onde pegaram um barco e a rede, de aproximadamente 60 metros de comprimento.
De acordo com os depoentes, por não saber nadar, Valderley ficou no barranco, à margem do rio, enquanto Wendel, que também não sabia nadar, pegou uma ponta da rede e foi até o meio do rio, que não estava muito cheio e por isso era possível caminhar com facilidade; já a função de Anderson era segurar a outra ponta da rede, na outra margem.
Segundo Anderson, no momento em que eles passavam a rede, ele sentiu um puxão e escutou Wendel pedir por socorro. Apesar de estar bastante escuro, Anderson foi em direção a Wendel e tentou ajudá-lo, no entanto, o jovem ficou desesperado e passou a puxá-lo para o fundo. Sem ter o que fazer, ele apenas evitou se afogar. Wendel teria se afogado e desaparecido nas águas do rio por volta das 20 horas.
Em choque, Anderson e Valderley pegaram o barco e passaram a realizar buscas pelo rapaz, mas sem sucesso. Ambos permaneceram no local até a meia-noite.
Quando questionados sobre o motivo da demora em avisar as autoridades, Anderson e Valderley alegaram que ficaram em choque com a situação. “A justiça é divina, as coisas não estão nas mãos do homem não, estão nas mãos de Deus. Estamos com a consciência tranquila que eu tentei salvar ele, mas o julgamento é de Deus”, desabafou Anderson.
Anderson e Valderley tiveram os celulares, o barco e o veículo apreendidos e foram liberados após o depoimento, no entanto, o caso está sendo investigado pela 1ª Delegacia de Polícia Civil de Coxim.
Nesta sexta-feira (09), o delegado responsável pelo inquérito, Felipe Paiva, deve ouvir mais testemunhas, e até que o corpo da vítima não seja encontrado e passado por uma necropsia, o caso será tratado como desaparecimento.
Fonte: Edição MS e Coxim Agora