Em Chicago, mercado da soja dá continuidade às baixas nesta manhã de 4ª feira
Na manhã desta quarta-feira (20), os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago dão continuidade às baixas registradas na sessão anterior e seguem operando em campo negativo. Assim, por volta das 7h30 (horário de Brasília), as cotações perdiam entre 4,50 e 6 pontos nas posições mais negociadas, com o vencimento novembro/15 cotado a US$ 9,18 por bushel.
O mercado segue refletindo o bom desenvolvimento dos trabalhos de campo nos Estados Unidos para a safra 2015/16 e as condições climáticas que se mantêm favoráveis para o desenvolvimento das lavouras. Além disso, as previsões para os próximos também se mostram favoráveis.
E esse, segundo analistas, deve ser o foco do mercado daqui em diante e a pressão sobre as cotações podem continuar nos próximos dias, como explica Flávio França Junior, analista de mercado da França Junior Consultoria. Porém, alerta ainda para a necessidade do acompanhamento e a consolidação dessa nova temporada, nos próximos meses.
Os números da demanda, ainda de acordo com o analista, seguem fortes e, apesar de não estarem mais no foco central dos traders, poderia trazer algum fôlego às cotações da soja praticadas na Bolsa de Chicago. “Teremos ainda espaço para algum suporte nos preços da soja, principalmente nos contratos de safra velha – julho e agosto-, via demanda, principalmente pelo consumo norte-americano. E esse spread entre o julho e o novembro já começou a ficar mais evidente”, explica França.
Soja: Mercado fecha a 3ª feira com baixas em Chicago e nos portos brasileiros
Na sessão desta terça-feira (19), os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago registraram uma nova rodada de baixas para os preços dos principais contratos e assim o dia terminou com perdas de 8,25 a 11,75 pontos entre as posições mais negociadas. O vencimento referência para a safra norte-americana – novembro/15 – fechou o dia com US$ 9,23 por bushel, perdendo o patamar dos US$ 9,30.
No Brasil, o dia foi de estabilidade para as cotações. Apesar da ligeira alta registrada pelo dólar frente ao real, as referências mais pressionadas em Chicago e dos prêmios muito fortes, os preços da soja nos portos apresentaram um leve recuo ou não mostraram alterações.
Em Rio Grande, onde ficaram em R$ 67,20 para o produto disponível, que perdeu 0,3%, enquanto para a entrega maio/16 foi registrada uma baixa de 0,55% para R$ 72,00 por saca. Em Paranaguá e Santos, estabilidade em R$ 66,50 e R$ 67,80, respectivamente. No interior do país, as baixas mais expressivas não chegaram a 2% em algumas das principais praças de comercialização, como Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, ambas em Mato Grosso.
Embora tenha apresentando baixas mais limitadas no início do pregão, o mercado foi ampliando seus movimentos negativos, de acordo com analistas, a medida em que, por conta de um cenário de clima favorável nos Estados Unidos, os trabalhos de campo apresentam um progresso significativo e as previsões seguintes ainda indicam um quadro que irá favorecer o desenvolvimento da nova safra norte-americana. E informações como esta acabam motivando a saída de fundos de investimento do mercado de grãos nesse momento.
Segundo o último boletim de acompanhamento de safras divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), até o domingo 17 de maio, 45% da área norte-americana já havia sido semeada e o número ficou acima do registrado no mesmo período do ano passado e também superou o índice da média dos últimos cinco anos.
“O clima favorável nos Estados Unidos favorece o plantio e tem feito muitos fundos deixarem o mercado internacional de grãos hoje. Além disso, temos ainda um dólar mais alto, que também é um fator negativo para os preços”, explica Steve Cachia, consultor de mercado da Cerealpar.
Segundo informa o site norte-americano Farm Futures, o Meio-Oeste dos EUA tem tido chuvas significativas e ainda deve ter mais, o que pode contribuir para o desenvolvimento das lavouras recém plantadas. “Há ainda um clima frio podendo prevalecer no Meio-Oeste este final de semana, porém, ainda não está claro se as baixas nas temperaturas poderão prejudicar a safra”, disse Bob Burgdorfer, analista do portal.
Completando o quadro descrito por Cachia, o analista Márcio Genciano, da MGS Rural, disse ainda que a forte alta do dólar index frente a uma cesta de importantes moedas foi um dos principais fatores dessa pressão mais severa sentida pelas cotações na sessão desta terça.
Entretanto, para Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, as baixas que vêm sendo registradas ainda se mostram limitadas frente ao potencial da nova safra dos EUA e isso é reflexo do omportamento do produtor norte-americano, que controla e limita suas vendas diante dos valores menores que são praticados atualmente, esperando por patamares em que seu rendimento não seja comprometido.
Nos EUA, estamos vendo que o produtor não está vendendo nesses patamares de US$ 9,30 que tem girado em Chicago para o novembro/15. Para ele ter margem, ele alegar que teria que vender na faixa de US$ 10,00 e mais os prêmios (no Golfo do México), que estão entre 60 e 90 cents de dólar. Para eles comercializarem e terem alguma margem, precisariam de preços entre US$ 10,50 e US$ 11,00 com os prêmios no Golfo”, afirm a Brandalizze.
Além disso, o mercado atua ainda, nas posições mais próximas, com informações positivas da safra 2014/15, principalmente vindas do quadro da demanda, vide os prêmios que seguem positivos no Brasil e no Golfo do México, que é o principal canal de escoamento da soja norte-americana.
Hoje, o USDA anunciou uma nova venda de soja dos EUA para a China na casa de 132 mil toneladas da safra 2014/15. Além disso trouxe os números dos embarques semanais do país, que ficaram em 341,097 mil toneladas, apresentando uma expressiva alta em relação à semana anterior, quando foram embarcadas 263,385 mil.
Assim, no acumulado da temporada, os embarques de soja em grão já somam 46.5679,796 milhões de toneladas, número bem maior do que o registrado no mesmo período da safra 2013/14, onde o total era de 41.870,337 milhões de toneladas. O USDA estima que em toda o ano comercial, que termina em 31 de agosto, sejam exportadas 48,99 milhões de toneladas, porém, mais de 49 milhões já foram vendidas pelo país.
Fonte: Notícias Agrícolas