Fundação Chapadão alerta para o manejo de plantas daninhas em dessecação
Momento da dessecação anterior à semeadura da soja, safra 2018/19
Com as chuvas ocorridas no último final de semana e a proximidade do início da semeadura da soja, um ponto importante para o sucesso da mesma é o controle das plantas daninhas que infestam as diversas áreas. Estas podem provocar perdas significativas, que variam em função do tempo em que a cultura fica sujeita a mato-competição. As plantas daninhas tendem a crescer onde não são desejadas, competindo por água, nutrientes e espaço.
Na região se encontram espécies resistentes ao Glifosato, entre elas a Buva e o Capim-Amargoso, com ampla disseminação, além de outras de difícil controle como a Trapoeraba, capim Andropogon e o capim Pé-de-galinha. Muitas áreas também apresentam uma diversidade de culturas de cobertura como braquiárias, crotalárias, entre outras. O manejo destas é de grande importância, haja visto que em alguns trabalhos realizados pela Fundação Chapadão, quando mal manejadas podem levar a perdas na produtividade de até 48%.
Antes de definir qual a estratégia a se utilizar é importante que o técnico faça o reconhecimento das plantas daninhas, de fatores como tipo de solo, teor de matéria orgânica, cultura em sucessão, além de conhecer os aspectos técnicos dos herbicidas, o que proporcionará uma escolha adequada do que utilizar.
Nesta amostragem, o técnico pode observar se existe a presença de determinadas pragas, que porventura possam a comprometer a cultura, como lagartas. Estas podem levar a diminuição do estande e consequentemente na produtividade.
Após esta amostragem, uma boa análise das condições de estresses das plantas, densidade, espécies, tempo de dessecação e semeadura, além dos herbicidas dispostos. Para altas produtividades, garantir o potencial produtivo, um dos aspectos importantes é levar a soja na “dianteira competitiva”.
Com o advento das plantas daninhas de difícil controle, alguns herbicidas se apresentam fundamentais para o manejo, como moléculas de 2,4 D; Saflufenacil; Clorimuron; Imazetapyr; Flumioxazin; Paraquat; Clethodim e Glufosinato de Amonio.
Os adjuvantes específicos para cada condição de planta daninha não podem ser esquecidos, sendo muito necessário em alguns casos, como Capim-amargoso e o Capim-Andropogon, o aumento dos mesmos, em relação ao usualmente usado regionalmente.
Com o atraso na distribuição do calcário em algumas áreas deve se observar se o mesmo ainda não está depositado nas folhas, haja visto que estes casos podem diminuir as eficiências dos herbicidas.
Estratégias em aplicações sequenciais têm se observado os melhores resultados, quando comparado a aplicações únicas de diversos herbicidas. Este planejamento pode ajudar a manejar melhor as plantas daninhas. Uma boa dessecação dá condições para uma boa semeadura, pois eliminará a biomassa verde produzida pelas culturas de cobertura, plantas daninhas, favorecendo a emergência e desenvolvimento inicial da cultura.
Herbicidas residuais como Diclosulan, Clomazone, Imazetapyr, Flumioxazin, S-Metalacloro e mesmo “a velha Trifluralina” tem espaço dentro do manejo, podendo levar a soja a menos aplicações de Glifosato no sistema, ou mesmo menor competição inicial, com a sementeira que porventura venha sair após a implantação da cultura. Trabalhos da Fundação Chapadão têm verificado que estes herbicidas levam à redução na competição após os 10 dias da emergência, com incrementos na produtividade na ordem de 5-10%, comparado ao tratamento tradicional realizado por alguns produtores.
Existem certos períodos em que a cultura sofre uma maior interferência, diminuindo desta forma a produtividade. Vários trabalhos podem ser encontrados na nossa literatura onde tem se observado que é dependente da quantidade de plantas daninhas encontradas no local, da espécie, se uma gramínea ou folha larga, além de fatores como clima, cultivar, espaçamento e densidade de semeadura da cultura.
Apesar das chuvas a eficiência do manejo pode ser comprometida senão observadas as condições para a aplicação. Entre os fatores de destaque: a umidade relativa acima de 50%, ventos de até 8 km.h-1 e temperaturas amenas, podem evitar os processos de perdas dos produtos no ambiente. Além de se obter melhores eficiências, evitamos riscos de toxicidade ao homem, culturas vizinhas e ao meio ambiente.
Nas últimas safras pode-se observar o aumento do Capim-Andropogon, sendo considerada por muitos pesquisadores como uma espécie de difícil controle, apresentando tolerâncias ao herbicidas Glifosato, ou mesmo necessitando doses maiores, ou mesmo a associação de outras estratégias de controle. Em Chapadão do Céu (GO) observou-se que os herbicidas residuais promoveram uma diminuição na emergência desta espécie. Outros herbicidas com ação de contato e sistêmicos promoveram com controle por ocasião da entressafra. Os trabalhos continuam, a fim de estudar todas as ferramentas em condições úmidas. O manejo da beira dos carreadores e das rodovias pode ajudar a evitar que esta espécie venha a colonizar todo o talhão.
Os pesquisadores e técnicos da Fundação Chapadão estão à disposição para o planejamento e manejo das plantas daninhas. O telefone para contato é (67)3562-2032.