Campo Grande, após a morte de uma adolescente de 15 anos, investiga o segundo caso de síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica na Capital. Diagnosticada com Covid-19 depois de sua morte, a jovem era tratada para dengue.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde ( Sesau ), esse não foi o primeiro caso suspeito do município.
“Este é o segundo caso sob investigação em Campo Grande, sendo que o primeiro foi descartado pelo fato de a criança não ter apresentado resultado positivo para infecção”, afirmou a Secretaria em nota.
A jovem, que aparentemente não tinha nenhum tipo de comorbidade, é o caso de óbito pela doença mais jovem de Mato Grosso do Sul.
Até agora a pessoa mais nova a morrer por conta do novo coronavírus era um rapaz de 24 anos, residente em Aparecida do Taboado, que morreu no dia 24 de agosto deste ano.
A adolescente deu entrada no Hospital da Unimed da Capital na sexta-feira (16), com sintomas de dengue.
Segundo a Sesau, ela apresentava “vômito, dor abdominal, vertigem e lipotimia (episódios de perda de consciência), evoluindo para morte encefálica, declarado o óbito na terça-feira”.
Somente após a família autorizar a doação de órgãos, foi feita a coleta para exame RT-PCR para a Covid-19, que resultou positivo. Ainda conforme a pasta, é padrão esse tipo de exame para garantir que o órgão doado seja sadio.
“A partir desse momento foi criada uma investigação de síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica relacionada à Covid-19”, disse a Sesau.
“É um aviso aos jovens, principalmente os que teimam serem mais fortes do que a doença, o vírus é poderosíssimo e tem levado muitos jovens em vários países, principalmente esses novos surtos”, alertou o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende.
“São pessoas em faixa etária menor do que a que foi acometida no primeiro surto epidêmico”, completou.
A secretaria do município não soube dizer se algum familiar da jovem fez exame para a Covid-19, já que seria de “responsabilidade do hospital em que a adolescente esteve internada o rastreio dos contactantes dela”.
NOTIFICAÇÃO
Desde o dia 7 de agosto deste ano, tornou-se obrigatória a notificação de casos da síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica ao Ministério da Saúde, já que ela pode estar associada ao novo coronavírus.
Até julho deste ano, dados do Ministério, 71 casos caseiros registrados no Brasil, em quatro estados diferentes, sendo 29 no Ceará, 22 no Rio de Janeiro, 18 no Pará e 2 no Piauí, além de 3 óbitos no Rio de Janeiro.
“Esses casos, aptos a serem apontados para uma possível relação de uma nova característica da Covid-19 em crianças e adolescentes, cabe ressaltar que essas ocorrências foram raras até o momento”, diz trecho de nota do Ministério da Saúde.
O órgão ressalta que a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) já emitiu um alerta mundial aos pediatras sobre a identificação de uma nova condição clínica. “Possivelmente associada à Covid-19, caracterizada pela síndrome inflamatória multissistêmica (SIM-P), com manifestações clínicas semelhantes à síndrome de Kawasaki típica, Kawasaki incompleta e / ou síndrome do choque tóxico”.
Segundo a OMS, os sintomas mais frequentes dessa síndrome: febre persistente, pressão baixa, conjuntivite, manchas no corpo, diarreia, dor abdominal, náuseas, vômitos, comprometimento respiratório, entre outros.
Sintomas muito parecidos com o que uma jovem de Campo Grande apresentou.
Ainda conforme o Ministério da Saúde, países como Espanha, França, Itália, Canadá e Estados Unidos também identificaram casos em crianças e adolescentes. “No mundo, há relatos de mais de 300 casos”, acrescentou o órgão.
Fonte: Correio do Estado