Após a morte de um homem de 58 anos, no último dia 22 de março, na Fundação Hospitalar Costa Rica o médico Murilo Duarte Carmo denunciou a falta de protocolo para o diagnóstico do coronavírus na cidade. Ele alega ter sido “coagido” a colocar no prontuário médico apenas “insuficiência respiratória” sem nenhuma menção ao novo vírus. A Secretaria de Saúde do município, localizado a 306 quilômetros de Campo Grande, nega a informação.
Em vídeo, o médico conta que o paciente deu entrada no hospital por volta das 14h com um quadro de insuficiência respiratória, foi entubado e aos poucos perdeu a consciência. O homem foi levado para o setor de emergência do hospital, onde o médico percebeu um sangramento na faringe, levantando a suspeita de coronavírus.
O médico conta ter acionado a direção do hospital após a morte do paciente, que já tinha outras doenças crônicas, e informado sobre a suspeita de coronavírus. Ele disse ter solicitado a realização do exame para detecção do vírus, mas não foi atendido.
Duarte conta ter sido demitido pouco tempo após o pedido. “Fui coagido e de alguma forma tive que mudar e colocar em uma nova ficha o diagnóstico de insuficiência respiratória grave a esclarecer”, disse.
O médico diz ter ficado preocupado não só com a saúde dos outros profissionais de saúde que tiveram contato com o paciente, mas com os próprios moradores da cidade na possibilidade de um caso suspeito. Sobre a demissão ele alega ter ocorrido “sem justificativa”. Ele foi informado que “não tinha perfil para trabalhar” naquela unidade. Murilo Duarte é médico há sete anos.
Negativa – Em entrevista à reportagem do Campo Grande News, a titular da secretaria de Saúde do município, Adriana Tobal, negou a existência de qualquer caso suspeito ou confirmado de coronavírus na cidade.
Ela respondeu que os médicos foram treinados a identificar possíveis casos. Ainda segundo a secretária, o paciente em questão tinha outras doenças.
Sobre as denúncias feitas pelo médico, ela nega que ele tenha sido coagido e atribui a demissão ao comportamento do profissional. A secretária cita “falta de pontualidade” e “compromisso” e finaliza afirmando ser uma denúncia “totalmente infundada”.
Ela reforça ainda ser sanitarista há 32 anos e que não conseguiria ficar tranquila omitindo casos graves como este.
A reportagem entrou em contato com a delegacia do município para saber se há alguma investigação nesse sentido e descobriu que não há nenhum boletim de ocorrência registrado ou inquérito sobre o caso. O delegado Alexandro Mendes de Araújo também não quis se manifestar.
A Secretaria Municipal de Saúde deve registrar boletim de ocorrência contra o médico.
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Fonte: Campo Grande News
Imagem destaque: MSTodoDia