A Polícia Civil, por intermédio do SIG (Setor de Investigações Gerais) e da perícia técnica da Polícia Científica, realizou nesta sexta-feira (19) a reconstituição do homicídio ocorrido na comunidade de Pedra Branca, município de Chapadão do Sul (MS), na divisa com Paraíso das Águas.
Sidinei Quintana, 43 anos, refez todo seu trajeto para esclarecer como assassinou Amanda Souza Barbosa, 34 anos, no último dia 12 de maio de 2020, uma terça-feira.
A reconstituição, que demorou cerca de três horas, reproduziu com clareza como Sidinei planejou assassinar a vítima, que não teve a chance de defesa.
Um único tiro acertou a vítima pelas costas. Ela estava próxima ao fogão, na área externa de sua residência, no momento em que foi alvejada com um único disparo de espingarda calibre 32, com munição de fabricação própria.
Mais parecendo um filme, a história é considerada macabra. O crime foi cuidadosamente estruturado e periciado, em cada detalhe, antes de ser consumado.
Sidinei ficou escondido em uma mata, nas proximidades, por meses e era próximo ao esposo e da própria vítima, com quem mantinha bom relacionamento.
Ele trabalhava como construtor civil na comunidade e acabou ganhando a confiança do casal e do filho da vítima.
QUAL SERIA A MOTIVAÇÃO DO CRIME?
Sidinei, durante o percurso da reconstituição, relatou que no ano de 2018, durante uma festa do Dia dos Pais na comunidade, houve um desentendimento entre o esposo da vítima e um morador da região, trabalhador de uma fazenda próximo ao distrito, por nome Daio.
Daio teria, durante o evento, tirado Amanda para dançar uma música, momento em que o esposo de Amanda não teria gostado e iniciado uma discussão breve no salão de eventos.
Após um ano, durante uma festa junina no mesmo local, já com a presença de Sidinei, uma outra confusão teria ocorrido. Uma discussão entre Sidinei e Daio teria ocorrido. Sidinei teria agredido verbalmente Daio, tomando as dores do esposo de Amanda, momento em que a briga acabou generalizada. Daio teria disparado um tiro de arma de fogo contra Sidinei.
Daio, dias depois, acabou preso em flagrante pela Polícia Civil de Paraíso das Águas, ao ser encontrada a arma dentro de sua residência.
Com ódio do ocorrido e muito ferido com as agressões, não só de Daio, mas de outros envolvidos, Sidinei resolveu se vingar das agressões.
A partir daí começou uma busca incessante de Sidinei pela oportunidade certa de vingar-se de Daio. Ele ficou de espreita por meses para tentar tirar a vida de seu inimigo.
Sidinei contou detalhes e não escondeu o ódio que sentia, não só de Daio, mas também do casal de amigos que havia conhecido e que tinha grande consideração.
Escondido na mata, Sidinei contou que ouviu quando, um certo dia, Daio se aproximou da residência do casal (Amanda e seu Marido) e conversaram. Ele, a partir daí, teria tomado um certo ódio do casal, por sentir que ambos o estavam traindo e planejando contra sua vida, pois disse que ouviu claramente um plano para tentar tirar sua vida.
A partir deste momento começou a seguir não só Daio, mas também o casal, que ‘planejava contra sua própria vida’.
Um certo dia, cerca de 15 a 20 dias antes de matar Amanda, escondido na mata disparou contra o esposo de Amanda, durante um churrasco, mas não acertou o alvo.
Sidinei contou que ele mesmo fabricou suas munições para cometer o crime. “Fiz com que elas ficassem mais potentes”, afirmou. Uma espingarda calibre 32, que havia lubrificado e enterrado por meses no quintal de seu lote, foi utilizada para matar Amanda.
Durante grande parte do tempo o assassino permaneceu muito próximo ao local do crime. Se refugiava ao lado da residência onde a vítima foi assassinada. Uma faca foi encontrada em um imóvel inacabado, ao lado da casa da vítima. O assassino confirmou que a faca pertencia a ele e que ficou ali por alguns dias.
COMO MATOU AMANDA
No dia do crime, uma terça-feira (12/05/2020), Sidinei ouvia um som, escondido em uma mata, próximo da residência da vítima. Sem ter noção do tempo, presumiu que fosse um domingo, dia em que poderia encontrar o casal e executá-lo. Ele acompanhava e sabia a rotina do casal.
Entre meio-dia e uma hora da tarde, horário local, seguiu silenciosamente pelos fundos da residência da vítima. Visualizou-a sozinha, próximo ao fogão da área externa da residência, e disparou somente um tiro, sem apoiar-se, com uma espingarda calibre 32, de cano serrado.
O tiro certeiro, a uma distância de 15 metros, tirou a vida de Amanda.
Sidinei, após disparar, saiu correndo pelos fundos e se escondeu na mata, onde permaneceu por vários dias.
Ainda com muito ódio e com planos de matar o marido da vítima e Daio, Sidinei permaneceu na região. Furtou um estabelecimento às margens da rodovia BR 060 e uma motocicleta Honda Titan, de um comércio da comunidade, com a intensão de fugir após concluir seu plano diabólico. Mas, acabou preso no último dia 7 de junho, um domingo à noite, após tentar furtar uma motocicleta de uma residência da Pedra Branca.
O delegado de Polícia Civil, Dr. Felipe Potter Machado (SIG Chapadão do Sul) e o investigador Neves (Paraíso das Águas), com a ajuda de um fazendeiro da região, realizaram um cerco e conseguiram encontrar o suspeito, dormindo em um sofá, ao lado da casa onde tirou a vida de Amanda.
Debaixo do sofá, estava a arma do crime, municiada. No momento do flagrante Sidinei entrou em luta corporal com a polícia.
Sidinei relatou que no momento em que foi surpreendido por policiais, pensou se tratar de alguém que quisesse matá-lo e, que se estivesse com arma em punho, teria atirado contra os policiais. Ele resistiu à prisão, mas acabou preso, dando fim a angústia que a comunidade vivia por mais de quatro meses.
Furtos, tiros e muitas incertezas fizeram, por quatro meses, da pequena comunidade de Pedra Branca um lugar de terror. Agora, a paz volta a reinar naquele lugar.
Sidinei autorizou divulgar sua imagem e disse estar arrependido pelo crime que praticado.
Após a reconstituição, realizada com clareza de detalhes, Sidinei continua à disposição da Justiça e a comunidade segue o curso da tranquilidade.
Participaram da reconstituição: o delegado de Polícia Civil, Dr. Felipe Machado Potter (Chapadão do Sul/MS), Polícia Civil (Paraíso das Águas/MS) e Polícia Científica de Costa Rica (MS).
Fonte: Brito News