Polícia

Princípio de motim em presídios de Mato Grosso do Sul deixa Segurança do estado em alerta

Protestos e princípios de motins em cinco unidades do sistema prisional de Mato Grosso do Sul colocam a segurança do estado em alerta. A revolta dos presos começou quando o Batalhão de Choque da Polícia Militar entrou na PED (Penitenciária Estadual de Dourados) nesta quarta-feira (18) para fazer um grande pente-fino na unidade.

Presos da PED enfrentaram os responsáveis pela revista, quebrando camas, ameaçando colocar fogo em colchões e, segundo informações extraoficiais, houve disparos na unidade. Os detentos protestaram contra a transferência de seis líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), que foram levados da unidade.

A transferência da liderança da facção é o que teria motivado os protestos nas unidades de Três Lagoas, Dois Irmãos do Buriti, Máxima (Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho) e PTrans (Presídio de Trânsito), em Campo Grande.

Os detentos iniciaram um ‘bate-grade’ e se recusaram a voltar para as celas em algumas unidades. Com isso, em Três Lagoas, por exemplo, os agentes penitenciários estão do lado de fora da unidade.

O presidente do Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária), André Santiago, disse que irá cobrar do governo as providências para o caso. “A falta de efetivo e condições para trabalho são as causas para o enfrentamento”, disse Santiago.

Pente-fino

Um pente-fino foi feito no estabelecimento penal nesta quarta-feira (18), na cidade de Dourados, que fica a 225 quilômetros de Campo Grande. Os agentes penitenciários foram auxiliados por aproximadamente 100 policiais do Batalhão de Choque, que se deslocaram de Campo Grande até o município. A vistoria aconteceu no raio 2 da penitenciária.

Segundo a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), a vistoria feita nesta quarta (18) já estava programada e não teria relação com as mortes de presidiários e nem com as ameaças feitas ao diretor adjunto. O presídio abriga 2 mil presos e tem capacidade para 700.

 

Mortes na PED

Nesta terça-feira (17), o preso José Luiz Alencar Domingos, de 23 anos, foi encontrado morto pendurado por uma corda na cela 3 do estabelecimento penal. Ele cumpria pena por furto e outros assaltos cometidos e em 2013 também teria sido preso por estupro. Na cela onde estava a vítima havia 13 detentos.

O corpo foi encontrado durante o ‘confere’ na manhã de terça (16). José tinha sido transferido em outubro de 2017 da Máxima de Campo Grande para a penitenciária de Dourados.

Em março deste ano, Divino Ferreira, de 28 anos, foi encontrado pendurado por uma corda artesanal em uma grade, durante o banho de sol dos internos. Antes de ser morto, ele foi obrigado a gravar um vídeo pedindo desculpas por ser simpatizante da facção criminosa rival CV (Comando Vermelho). Ele ainda diz nomes de detentos do CV que estariam na lista de mortes do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Divino ainda diz no vídeo ter assassinado uma senhora e duas crianças e ainda diz que “passar um recado para todos do MS, quem manda aqui é o PCC, que está na pista”. Ele ainda cita nomes de membros da facção rival como Luizão, Cabeça de Porco, Paulo Tripa, que estariam marcados para morrer.

Ele pede desculpas por fazer ‘chacota’ da facção criminosa e é obrigado a dizer que é ‘justo morrer’. Ele é cercado por outros detentos, tem uma corda amarrada no pescoço e é enforcado pelos colegas de cela.

No início de abril, o diretor adjunto da penitenciária registrou um boletim de ocorrência depois de sofrer ameaças de morte de um detento, que seria integrante da facção criminosa PCC.

Após o fato descoberto um ‘protocolo de segurança’ foi colocado em prática para a preservação da vida do agente. De acordo com a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) todas a apurações devidas junto da Gerência de Inteligência do Sistema Penitenciário estão sendo apuradas.

 

Protesto detentos

No dia 10 deste mês, vídeos e áudios foram divulgados, onde os detentos fazem um ‘protesto’ batendo objetos nas grades das celas. A intenção dos presos era a formação de um motim para a retirada de detentos do PCC de uma das alas do estabelecimento penal.

A Agepen negou a ocorrência do protesto e disse que os vídeos eram antigos, mas não revelou a data da filmagem. Sobre os áudios, a entidade disse ter identificado o detento e acrescentou que o celular que ele usou para espalhar os áudios foi apreendido.

O Comando da Polícia Militar na cidade, no entanto, confirmou o protesto dos presos e disse que o clima no local estava muito tenso. Informação que também foi confirmada pelo Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária).

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