Soja: Após altas expressivas, mercado inicia sessão desta 4ª feira em campo negativo na CBOT
As cotações futuras da soja negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) iniciaram a sessão desta quarta-feira (4) do lado negativo da tabela. Por volta das 8h09 (horário de Brasília), as principais posições da oleaginosa registravam perdas entre 2,00 e 6,00 pontos. O contrato março/15 era cotado a US$ 9,81 por bushel, depois ter encerrado o pregão anterior a US$ 9,87 por bushel.
O mercado exibe um movimento de realização de lucros após as fortes altas observadas na terça-feira. Ontem, as cotações chegaram a tocar do patamar dos US$ 10 por bushel, impulsionadas pelos fundos que retornaram à ponta compradora do mercado. Os analistas explicam que, depois das perdas expressivas, registradas recentemente, o mercado atingiu o nível dos US$ 9,50 por bushel, e se tornou mais atrativo aos compradores.
Além disso, cerca de 94% do volume projetado para a exportação nesta temporada já está comprometido. Segundo o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados), as exportações deverão totalizar 48,2 milhões de toneladas, porém, até o momento, o percentual chega a 45 milhões de toneladas e a temporada só termina em agosto.
Com isso, há consenso entre os analistas de que o departamento norte-americano terá que revisar as estimativas para as exportações norte-americanas. A expectativa é que o número fique acima de 50 milhões de toneladas e, consequentemente, os estoques fiquem próximos de 8 milhões a 9 milhões de toneladas no país.
Em contrapartida, os investidores começam a observar a safra de soja da América do Sul. No Brasil, com o clima irregular, muitas consultorias revisaram a estimativa para a produção, para 90 milhões a 92 milhões de toneladas, e essas informações começam a ser o foco dos investidores no mercado internacional.
Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:
Na Bolsa de Chicago (CBOT), os futuros da soja encerraram a sessão desta terça-feira (3) com altas expressivas. As principais posições da oleaginosa exibiram ganhos de mais de 25 pontos no fechamento do pregão, buscando o patamar dos US$ 10,00 por bushel. O vencimento março/15 era cotado a US$ 9,87 por bushel, com alta de 27,50 pontos.
As cotações futuras encontraram suporte na demanda firme pelo grão nos Estados Unidos. Depois de cinco pregões de queda consecutiva, as cotações atingiram o patamar dos US$ 9,50 por bushel e, se tornaram mais atrativas aos participantes do mercado. “Nesse patamar, o mercado se torna comprador e, do mesmo jeito que os preços recuaram e romperam níveis de suporte, o mercado volta a subir e quebra os patamares de resistência”, explica o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.
O analista de mercado da Jefferies, Vinícius Ito, destaca que, outros destinos, além da China, começam a aparecer nos relatórios dos embarques semanais. “Temos o Egito, Bangladesh, Filipinas, Vietnã, entre outros, comprando a soja, pois o line-up no Brasil ainda é baixo e a oferta da Argentina é pequena, o que tem expandido o programa de exportação nos EUA”, diz.
Até a semana encerrada no dia 29 de janeiro, os embarques de soja totalizaram 1.697,852 milhões de toneladas, segundo informações do boletim do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). O volume está acima do registrado na semana anterior, de 1.544,809 milhões de toneladas e do mesmo período do ano passado, no qual, foram embarcadas ao redor de 1.191,357 milhões de toneladas.
Para essa temporada, as exportações norte-americanas chegam a 45 milhões de toneladas, contra 48,2 milhões de toneladas estimadas pelo departamento norte-americano. “Os embarques de exportação física está em nível recorde, temos 37,5 milhões de toneladas já embarcadas, versus 31,5 milhões de toneladas no ano passado. O número representa um aumento de 19% e corresponde a 77,8% da projeção para essa temporada. E o ano comercial só termina em agosto, temos, no total, vendidas 45 milhões de toneladas, quase 94% do estimado”, diz o analista.
Consequentemente, a expectativa é que o departamento revise nos próximos relatórios, a projeção para as exportações. “É provável que o número chegue a 51 milhões de toneladas, com isso, os estoques que são estimados ao redor de 11 milhões de toneladas, cairiam para 8 milhões de toneladas. Ainda é considerado o número confortável, porém, é menor do que o previsto inicialmente”, ressalta Ito.
Na visão do consultor de mercado, o número deve ficar acima dos 50 milhões de toneladas. “E, com isso, teremos os estoques entre 8 milhões a 9 milhões de toneladas nos EUA. Inclusive, hoje, o mercado teria fôlego para buscar os US$ 10,20 por bushel”, sinaliza Brandalizze.
Paralelamente, os investidores começam a observar a safra do Brasil e concluir que, devido aos problemas em relação ao clima durante o desenvolvimento da cultura, a produção pode ficar abaixo das estimativas oficiais. “Em torno de 90 a 92 milhões de toneladas de soja, contra 95 milhões de toneladas projetadas pelo USDA”, ressalta o consultor.
Do mesmo, as especulações em relação ao conflito entre a Ucrânia e Rússia, também ganham espaço no cenário internacional. “Se as exportações ucranianas ficarem comprometidas, em função dessa situação, os mercados asiáticos terão que buscar os grãos nos Estados Unidos e na América do Sul”, acredita Brandalizze.
Mercado interno
No mercado interno, as cotações da soja registraram ligeiras altas nesta terça-feira (3). Segundo levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Bitencourt Lopes, em Ubiratã e Londrina, ambas no Paraná, as cotações avançaram 0,91% e a saca da soja terminou o dia negociada a R$ 55,50.
Já em São Gabriel do Oeste (MS), a alta foi mais expressiva, de 2,08%, com a saca da oleaginosa negociada a R$ 49,00. Em Jataí (GO), o preço também subiu 1,13%, para R$ 53,60 a saca. No Porto de Paranaguá, a soja para entrega em abril, subiu 3,62%, e era negociada a R$ 63,00. No Porto de Rio Grande, a saca da oleaginosa para entrega em maio/15 ficou em R$ 62,50, com alta de 0,64%.
No disponível, a saca encerrou o dia estável a R$ 62,50 no Porto de Rio Grande. Nas demais praças, a terça-feira foi de estabilidade. “No Brasil, os negócios ainda estão lentos e, apenas os produtores que precisam fazer caixa estão negociando a soja”, destaca Brandalizze.
Fonte: Notícias Agrícolas