Soja: De olho na Grécia, mercado fecha em queda na CBOT; no Brasil, dólar estimula preços
Na sessão desta segunda-feira (6), o mercado internacional da soja seguiu o mau humor do financeiro e a pressão sobre as demais commodities fechando com baixas de dois dígitos. Entre os principais vencimentos, as cotações terminaram o dia perdendo entre 11 e 16 pontos, porém com todas as posições ainda acima dos US$ 10,00 por bushel. A primeira – julho/15 – fechou em US$ 10,33, enquanto o novembro/15, referência para a safra americana, ficou em US$ 10,14.
Em contrapartida, o dólar avançou frente ao real e demais moedas – também como reflexo da alta aversão ao risco observada após o resultado do referendo na Grécia que definiu que o país não aceita as novas regras impostas por seus credores – e trouxe suporte às cotações no Brasil. Em relação às referências da última quinta-feira (2), última sessão do mercado internacional antes do feriado nos EUA, os preços subiram nesta segunda e valores para a soja disponível e da safra nova superam os R$ 73,00.
Em Rio Grande, a soja da safra velha ficou em R$ 73,90, subindo 0,41%, enquanto em Paranaguá, esse preço encerrou o dia com R$ 73,50 por saca. Já o produto da nova safra ganhou 0,68% no porto paranaense e ficou em R$ 74,00 por saca, enquanto no gaúcho registrou um ganho superior a 1% para ficar em R$ 76,30.
Bolsa de Chicago
Em Chicago, as baixas registradas pelos grãos – as quais eram ainda mais intensas no início do dia – foram um impacto imediato desse nervosismo do mercado financeiro, que motivou a liquidação de posições por parte dos fundos de investimento, pressionando as cotações, principalmente depois das últimas altas acumuladas no mercado futuro americano.
E apesar dessas baixas acentuadas, para o consultor, o mercado reagiu “bem” a essas informações ao garantir, ao menos, o patamar dos US$ 10,00, como explicou Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting. “O mercado da soja conseguiu sustentar bem o patamar dos US$ 10/bushel, e isso é muito importante. No caso do milho ainda está bem acima dos US$ 4/bushel, e do trigo tentando segurar os US$ 6/bushel”, analisa. “Acredito que nos próximos dias o mercado já se recupere, volte aos seus fundamentos e esqueça a Grécia”, completa.
Paralelamente, há ainda fundamentos positivos para o mercado da soja, também de acordo com o consultor, e os mais importantes ainda são o quadro de oferta e demanda da safra 2014/15 – com a chegada do relatório de estoques dos EUA na última semana e diante de condições ainda adversas de clima no país para o desenvolvimento da safra 2015/16. “Os fundamentos estão bem sólidos para esses patamares de preços acima dos US$ 10,00”, diz.
Além dessa movimentação, há ainda o acompanhamento do clima nos Estados Unidos, o que deve continuar no foco principal dos trader ainda pelos meses de desenvolvimento da safra americana. As novas previsões climáticas para o Meio-Oeste americano seguem indicando chuvas, no entanto, mais leves e localizadas do que as registradas há algumas semanas. Ainda nesta segunda-feira, porém, as precipitações foram volumosas no Corn Belt, de acordo com relatos do portal internacional Farm Futures.
“O tempo mais seco é esperado e necessário para ajudar as culturas que sofrem com os solos encharcados e precisam se recuperar, além de trazerem condições mais favoráveis para o tratamento de ervas daninhas e a aplicação de nutrientes”, explica Bob Burgdorfer, analista de mercado do Farm Futures.
Os últimos mapas climáticos divulgados pelo NOAA – departamento oficial de clima do governo americano – reduziram a presença das chuvas nos períodos dos próximos cinco dias e seis a dez dias, com a concentração maior dos volumes nas Grandes Planícies e na região sul do Meio-Oeste, além de projetar um tempo um pouco mais quente.
Para Brandalizze, “a partir da quarta-feira (08) o mercado vai começar a especular em cima do novo relatório do USDA de oferta e demanda que vem na sexta-feira”, com expectativa de que o Departamento revise o cenário de oferta e demanda da soja, e então “o mercado comece a trabalhar com outros padrões, mais ajustado, para provavelmente dar suporte aos US$ 10,50 e US$ 11/bushel nos próximos dias”, considera.
Fonte: Notícias Agrícolas