Agronegócio

Soja fecha em baixa em Chicago, mas dólar motiva leve alta dos preços no Brasil

Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam a sessão desta quinta-feira (30) com uma queda significativa entre as posições mais negociadas. Entre os principais vencimentos, as baixas ficaram entre 10 e 12 pontos, com o mercado perdendo os patamares de US$ 9,90 e US$ 9,80 por bushel. Com isso, o maio/15 fechou o dia valendo US$ 9,78 e agosto/15, US$ 9,71 por bushel.

O mercado internacional da soja vem registrando uma semana de boas altas, porém, nesta última sessão do mês, fechou com uma intensa realização de lucros, devolvendo boa parte dos ganhos dos pregões anteriores. Segundo explicam analistas, esses movimentos de intensa realização de lucros são bastante típicos no final do mês, quando os fundos de investimentos buscam garantir bons resultados em seus balanços e procuram ainda um bom posicionamento antes do início de um novo mês.

Porém, paralelamente outros fatores ajudaram a pressionar o mercado. Entre eles, a alta do dólar frente à cesta das principais moedas internacionais – depois baixas consecutivas que vinham tornando o mercado norte-americano mais atrativo – e também uma realização de lucros em relação à sessão anterior, onde os preços da commodity subiram mais de 10 pontos.

Apesar dessa forte queda, para alguns analistas, esse movimento negativo para as cotações não consolida uma tendência. E um dos fatores de suporte para os preços no mercado futuro norte-americano são as vendas de soja da safra 2014/15 dos EUA que, de acordo com o último boletim semanal divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), já superaram a projeção da instituição para toda a temporada, a qual termina somente em 31 de agosto.

Na semana encerrada em 23 de abril, as vendas norte-americanas somaram 433,5 mil toneladas e aumentaram em relação à semana anterior, quando foram vendidas 102,2 mil toneladas. E, com esse volume, o total do ano comercial foi elevado para 49.072,1 milhões de toneladas, contra a estimativa do USDA de 48,72 milhões de toneladas. No mesmo período da safra anterior, as vendas somavam 44.593,3 milhões de toneladas.

O principal destino da soja dos Estados Unidos ainda é a China, que adquiriu 199,3 mil toneladas na última semana, porém, outros países também participaram de forma bastante significativa nas compras como o Paquistão – com 65,9 mil toneladas -, o Japão – com 36 mil toneladas – e o Taiwan – com 28 mil. Destinos desconhecidos compraram 80,4 mil toneladas.

Entre os derivados de soja, as vendas semanais dos EUA somaram 137,4 mil toneladas – 134,9 mil da safra 2014/15 e mais 2,5 mil toneladas da 2015/16 – contra 130,1 mil da semana anterior. No acumulado do ano, o total é de 10.140,2 milhões de toneladas, enquanto na temporada anterior, o total era de 9.054,6 milhões de toneladas. O USDA estima que sejam exportadas no total 11,61 milhões de toneladas.

Sobre o óleo de soja, o departamento também informou um aumento das vendas na semana – de 4,4 para 31,8 mil toneladas. Do total, foram 7,3 mil toneladas da safra velha e mais 24,5 mil da safra nova. No total, já foram vendidas 662,8 mil toneladas de óleo, contra 583,9 mil toneladas  do mesmo período da safra anterior. A perspectiva total é de 860 mil toneladas vendidas na safra 2014/15.

Em paralelo, o mercado internacional acompanha ainda o desenvolvimento do clima no Meio-Oeste americano e o impacto que as condições terão sobre o desenvolvimento da safra 2015/16. Até o momento, o cenário se mostra favorável aos trabalhos de campo, sem indicação, nas previsões mais alongadas, de complicações para o plantio tanto da soja quanto do milho. Inclusive, ainda de acordo com analistas nacionais e internacionais, começa a perder força a especulação de que – em função de adversidades climáticas – os produtores poderiam trocar a área que seria destinada do milho para a soja.

“O clima no Meio-Oeste está sendo observado, mas os produtores continuam focados em plantar o milho antes de migrar para a soja e aproveitar bem a janela de plantio que ainda resta. Em estados como Iowa, por exemplo, há locais na região central onde a semeadura se desenvolve bem e está próxima da conclusão”, relata o editor do site internacional Farm Futures, Bob Burgdorfer.

Até o último domingo, o USDA informou que 2% da área de soja já havia sido plantada, contra 3% do mesmo período do ano anterio e 4% da média dos últimos cinco anos.

 

Mercado Interno

No Brasil, os negócios seguem pontuais e a comercialização segue sem muito ritmo, uma vez que a recuperação das cotações no mercado interno ainda são tímidas e insuficientes para trazerem o produtor de volta às vendas. O dólar mais baixo em relação aos patamares observados há algumas semanas tem sido o principal fator de pressão sobre os preços.

A retenção de soja – que não acontece só no Brasil, mas também na Argentina -, tem se dado com o produtor aguardando novos bons momentos para comercializar e esse, ainda de acordo com analistas, também acaba sendo um fatorfator de suporte para o mercado, segundo explica o consultor de mercado Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica. Além disso, há ainda as incertezas para o sojicultor brasileiro sobre o crédito que será disponibilizado para o custeio da safra 2015/16, o que também compromete o planejamento da comercialização e da aquisição de insumos para a nova temporada.

“Até a terceira semana de abril, o Brasil havia exportado 13,1 milhões de toneladas de soja em grão, contra 17,3 milhões no mesmo período da temporada anterior, uma queda de 25% nas vendas. E isso decorre da insegurança, da incerteza em vender por parte do produtor de negociar nesses últimos meses – entre março e abril – em decorrência da volatilidade do câmbio”, diz.

Nesta quinta-feira, com o dólar voltando a operar acima dos R$ 3,00 e fechando o dia com quase 2% de alta, as cotações da soja nos portos brasileiros subiram ligeiramente. O mercado encontrou sustentação também nos prêmios nos portos, os quais se mantêm positivos e contribuindo para a formação dos preços no Brasil.

Em Paranaguá, prêmio de 64 cents de dólar na entrega maio/15, 65 para junho e julho/15 – alta de 1,56% – e 72 para agosto, com baixa de 4% em relação aos últimos dias. No terminal paranaense, a soja para entrega julho/15 terminou o dia com R$ 69,00 por saca. Já no porto de Rio Grande, alta de 0,59% para o produto disponível, que ficou em R$ 68,40, e de 0,56% para a soja para maio/16, que terminou o dia valendo R$ 72,40.

Fonte: Notícias Agrícolas

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