Soja fecha entre R$ 63 e R$ 64,50 nos portos com alta do dólar e dos prêmios no Brasil
Os números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgados nesta quarta-feira (10), mais uma vez, frustraram o mercado, não trouxeram novidades significativas e provocaram uma liquidação de posições. Os investidores – que aguardavam mudanças ligeiramente mais fortes – aproveitaram o momento, trouxeram um movimento mais técnico para o mercado e desencadearam um movimento de realização de lucros depois das boas altas que vinham sendo registradas nos últimos dias, segundo explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.
Assim, os principais vencimentos terminaram o dia perdendo entre 16,25 e 17 pontos na Bolsa de Chicago, com o maio/15, referência para a safra brasileira, fechando a sessão a US$ 10,45 por bushel. No Brasil, porém, o impacto dessas baixas foi menor já que uma retomada dos prêmios e um fechamento positivo do dólar – após um pregão de volatilidade – neutralizaram parte das perdas.
Com isso, a soja futura – entrega em maio próximo – terminou a quarta-feira valendo R$ 63,00 no porto de Paranaguá e R$ 64,50 por saca no porto de Rio Grande, com uma leve queda de pouco mais de 1%. Já o produto disponível no terminal gaúcho – onde os prêmios passam dos US$ 2,00 para a soja da safra 2013/14 – ficou em R$ 67,00. No início do dia, foram registrados indicativos de R$ 68,50 para a soja na indústria.
Os prêmios para a soja no porto de Paranaguá, nesta quarta, exibiram expressivo avanço e contribuíram para a formação das cotações internamente, portanto. O valor pago sobre o contrato janeiro praticado em Chicago subiu, em relação à esta terça-feira (9), 30,77% passando de 65 para 85 cents de dólar. No contrato março, aumento de 7,69% para 60 cents e de 2,7% sobre as posições abril e maio, com 38 e 36 cents, respectivamente.
Ao mesmo tempo, o dólar voltou á casa dos R$ 2,61 nesta quarta, fechou o dia a R$ 2,6125 e, de acordo com informações da agência de notícias Reuters, renovou a máxima de quase 10 anos. A alta da moeda norte-americana foi motivada, ainda de acordo com analistas, por uma aversão maior ao risco no cenário internacional motivada por uma nova queda nos preços do petróleo, os quais chegaram às mínimas dos últimos cinco anos. A cotação ficou em pouco mais de US$ 60,00 por barril, tentando segurar o patamar. No cenário interno, mercado atento às medidas tomadas pela nova equipe econômica do governo brasileiro.
Números do USDA
De acordo com o departamento, que em nada mexeu nos números de produção e áreas plantada e colhida, os estoques finais de soja dos EUA passaram de 12,25 milhões de toneladas estimadas em novembro para 11,16 milhões de toneladas. O número ficou dentro das expectativas do mercado, que variavam entre 10,89 milhões de 12,38 milhões de toneladas.
Sobre as exportações norte-americanas, o USDA aumentou sua projeção, atendendo as expectativas dos traders, de 46,81 milhões para 47,9 milhões de toneladas. Como explicou Brandalizze, o mercado apostava em uma alta bem mais forte nas vendas norte-americanas, uma vez que, no acumulado do ano comercial já mais de 80% do total projetado comprometido para as exportações, ou seja, pouco mais de 39 milhões de toneladas. “Nem parece que tivemos relatório. Esse aumento de 1 milhão de toneladas não muda nada”.
O USDA trouxe ainda um ligeiro aumento na produção mundial de soja, que passou de 312,06 milhões para 312,81 milhões de toneladas. Os estoques finais globais, entretanto, recuaram e ficaram em 89,87 milhões de toneladas, contra 90,28 milhões reportados no boletim de novembro.
O departamento reportou ainda a manutenção do número para as safras de soja do Brasil e da Argentina, em 94 milhões e 55 milhões de toneladas, respectivamente. Já os estoques finais de ambos os países foram reajustados para cima, ficando em 24,38 milhões e 34,85 milhões de toneladas.
Sobre a China, o USDA manteve suas importações de soja nesta temporada 2014/15 estimadas em 74 milhões de toneladas.
Os números mundiais de produção de grãos são muito bons para repor o deficit de alimentos dos últimos anos, mas são uma notícia ruim para os produtores, que, seguramente, vão ter de vender a safra por valores menores.
O clima favorece o plantio nesta reta final de semeadura, e a safra brasileira deverá atingir o recorde de 202 milhões de toneladas em 2015, segundo apontou na quarta (10) a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Nos EUA, um dos principais produtores mundiais de grãos, a esperada geada não veio no final de safra e os produtores norte-americanos estão levando um volume recorde de grãos para os armazéns.
A Europa, castigada por secas nos anos recentes, recuperou-se e os 28 países que compõem a União Europeia vão produzir 318 milhões de toneladas de grãos, 6% mais do que na safra anterior.
Além disso, a safra de grãos destinados à produção de óleos sobe para 34,3 milhões de toneladas neste ano, 13% mais que no anterior, segundo a Copa-Cogeca, que engloba cooperativas e produtores.
A China, um dos principais importadores de alimentos no mundo, também teve elevação da produção de grãos. Segundo dados do governo, a safra foi a 607 milhões de toneladas neste ano, 1% mais que a registrada no anterior.
Diante de números tão bons, a consequência é uma reposição da oferta de alimentos e queda de preços pagos aos produtores.
O Usda (Departamento de Agricultura dos EUA) confirmou nesta quarta (10) um recorde de produção de grãos no país. A safra de soja vai render 107,7 milhões de toneladas em 2014/15, com avanço de 18% sobre a anterior.
Já a de milho sobe para 366 milhões de toneladas, com aumento de 3%. Os dados mundiais indicam que a produção de soja em 2014/15 avança para 313 milhões de toneladas, 10% mais. A de milho tem leve crescimento, subindo para 992 milhões de toneladas, aponta o Usda.
Diante dessa oferta abundante de grãos, alguns países, principalmente a China, devem elevar as compras.
Os analistas da AgRural destacam que os novos dados dos EUA não apresentam novidades no volume a ser produzido, mas indicam um crescimento das exportações, principalmente das de soja.
Com a produção recorde, e mesmo tendo um volume maior de exportação, os EUA vão ter estoques para 41 dias de consumo de soja, acima dos 10 dias da safra anterior.
Diante desses números, analistas do Rabobank afirma que as margens de ganho serão menores para diversas commodities no próximo ano. Mas os preços menores poderão encorajar o consumo. Se isso ocorrer, haverá um suporte aos preços.
Algumas incertezas que os analistas do Rabobank colocam para 2015 são o fortalecimento do dólar, as dúvidas sobre o crescimento chinês, a menor demanda no setor de biocombustível e a fraqueza no preço do petróleo.
Já analistas do Itaú destacam o comportamento diverso das commodities. Soja, algodão e açúcar recuaram em novembro, mas milho e trigo subiram.
O Índice de Commodities Itaú acumula queda de 25,8% neste ano, pressionado pelos recuos dos preços do petróleo e do minério. Já o segmento agrícola do índice tem queda de 7,8% no período.
Fonte: Notícias Agrícolas