Soja fecha semana com baixas de mais de 2% em Chicago e nos portos do Brasil
Nesta sexta-feira (10), o mercado internacional da soja passou por uma sessão de pouca movimentação e estabilidade, típico da última sessão da semana. Durante todo o pregão, os futuros da oleaginosa registraram oscilações limitadas e fecharam o dia com perdas de pouco mais de 1 ponto nas posições mais negociadas. Na semana, porém, o saldo foi negativo e as perdas mais severas, sendo de 2,66% para o vencimento maio/15, que fechou com US$ 9,52 por bushel e, para o agosto/15, de 2,85% para US$ 9,57.
O mercado recebeu, na semana, os últimos números de oferta e demanda sobre a safra 2014/15 dos EUA e mundial divulgados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e o boletim, sem novidades, acabou pesando sobre as cotações e motivando uma intensa realização de lucros, principalmente na última quinta-feira (9). Ainda assim, como explicou o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o mercado não conseguiu romper, para baixo, o patamar dos US$ 9,50 por bushel.
“O mercado liquidou forte suas posições na sessão anterior, porém, não conseguiu romper o nível dos US$ 9,50, já que esse número acaba estimulando novas vendas por parte dos fundos de investimentos, promovendo uma ligeira recuperação dos preços”, explica.
Além disso, o consultor afirma ainda que o mercado mantém sua posição mais conservadora ainda diante das expectativas para a nova safra norte-americana. O plantio dos grãos deve começar de formas mais significativa a partir da próxima semana e o foco dos negócios deve se voltar com muita atenção ao comportamento climático nos Estados Unidos.
Segundo explica o analista Mário Mariano, da Novo Rumo Corretora, o mercado ainda se mostra mais sensível a novos movimentos de venda por parte dos fundos de investimento, justamente em função dessas especulações climáticas. “Sempre que observarmos uma alta mais forte nos preços, poderemos ter os fundos vendendo por conta dessa incerteza climática”, diz.
Especificamente nesta sexta-feira, o mercado recebeu ainda a notícia de uma nova venda de soja para destinos desconhecidos nesta sexta-feira. Foram 200 mil toneladas, sendo 140 mil da safra 2014/15 e mais 60 mil da temporada 2015/16. O anúncio vem no dia seguinte do boletim semanal de vendas para exportação do departamento indicar um cancelamento (ou movimento de washout) para pouco mais de 137 mil toneladas na semana que se encerrou em 2 de abril.
Ao lado da chegada dos novos números do USDA e da espera pelo início do plantio nas principais áreas produtoras de grãos dos EUA, bem como pelo comportamento climático nessas regiões, o mercado, ainda de acordo com Mariano, observou as informações vindas da América do Sul. O departamento agrícola norte-americano manteve sua projeção de uma safra de soja no Brasil de 94,5 milhões de toneladas – em linha com as 94,3 milhões estimadas pela Conab – e aumentou a estimativa para a safra da Argentina de 56 para 57 milhões de toneladas. “Esse aumento da produção na América do Sul e a evolução da colheita pesou no mercado nesses últimos dias”, explicou.
Durante toda a semana, o mercado viu boa vendas acontecendo na Argentina, estimuladas, segundo Mário Mariano, pela desvalorização da moeda local e pelo tamanho da safra desta temporada, a qual já começa a exigir um avanço da comercialização para que os estoques não sejam ainda mais elevados no país e, no momento em que inevitavelmente cheguem ao mercado, pesem severamente sobre as cotações.
O analista afirma ainda que, somente nessa semana, a Argentina teria vendido cerca de onze navios de soja pra a China, enquanto esse número, no Brasil, teria ficado em sete. “Há uma transferência momentânea e natural de demanda nesse momento”, diz.
Porém, os produtores argentinos ainda apostam na soja como um ativo financeiro mais seguro e têm evitado suas vendas à espera de melhores momentos de comercialização, segundo explica Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. Porém, no país segue o embate entre produtores e governo federal sobre as vendas da soja estocada.
“O que a gente sente dos produtores da Argentina é que eles vão esperar o máximo possível para vender a soja que têm na mão para garantir a renda. Com os atuais níveis de preços e no dólar oficial local e mais a retenção de 35% de imposto que o governo coloca (sobre as exportações de soja), o produtor, mesmo colhendo uma boa safra, quase não tem lucro”, diz Brandalizze. “A situação deles não é muito boa”, completa.
Mercado Interno
No Brasil, a semana foi bastante negativa para as cotações. Ao mesmo tempo que os principais vencimentos da oleaginosa perderam valor na Bolsa de Chicago, o dólar também perdeu patamares importantes frente ao real e pesou ainda mais sobre a formação dos preços no mercado brasileiro. Nos portos, as baixas semanais superaram os 3%.
E com isso, ainda de acordo com os analistas, reduziu ainda mais o ritmo dos novos negócios no Brasil e a comercialização da safra 2014/15 ainda não se distancia muito dos 50%, registrando um nível menor do que o da safra anterior.
Em Santos, a soja caiu 6,29% para R$ 67,00 por saca; em Paranaguá, 3,62% para R$ 66,50. No porto de Rio Grande, a baixa foi de 3,42% para o produto disponível, que fechou a semana com R$ 67,70 e para a soja com entrega maio/15, queda de 3,64 e último valor em R$ 71,40.
Fonte: Notícias Agrícolas