Soja fecha semana com preços mais fracos no BR, mas ainda em alta; CBOT avança 2%
Após uma nova semana de volatilidade entre as posições mais negociadas da soja na Bolsa de Chicago dispararam nesta sexta-feira (25) e encerraram o dia com altas que ficaram na casa dos 20 pontos. As boas notícias da demanda, como explicaram os analistas, se mantiveram no foco dos traders, e os principais contratos fecharam a semana com ganhos de 2,45% a 2,60%, e apenas o vencimento novembro/15, referência para a safra norte-americana, ficou abaixo dos US$ 8,90 por bushel. O vencimento maio/16, inclusive, buscou os US$ 9,00, mas fechou com US$ 8,9950.
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) realizou, nesta semana, quatro anúncios de vendas da soja da safra 2015/16 para a China que superaram 1 milhão de toneladas. Paralelamente, a nação asiática assinou um acordo de US$ 5 bilhões com os EUA para a compra de 13,18 milhões de toneladas da oleaginosa na visita de uma delegação chinesa ao país.
As notícias chegaram como novidade ao mercado e foram bem recebidas, absorvidas como combustível para as cotações que vinham caminhando de lado na CBOT, registrando oscilações bastante tímidas. Além disso, chegam em um momento em que os produtores, apesar disso, se mantêm retraídos nas vendas.
Frente a preços que ainda não remuneram como deveriam o sojicultor norte-americano, o mercado nos EUA está travado e essa postura também contribui com essa trajetória positiva traçada pelas cotações nos últimos dias. “Na faixa de US$ 8,50 a US$ 8,70, o mercado não tem vendedores, só compradores”, explica Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting.
Por outro lado, as altas no mercado internacional acabam limitadas pelo avanço da colheita da nova safra nos Estados Unidos e diante dos bons reportes de produtividades que chegam do Meio-Oeste americano. “Já devemos ter cerca de 14 a 15% da área colhida nos EUA, a colheita está se desenvolvendo bem nesta semana e a produtividade está surpreendendo. Isso acaba sendo um fator limitante”, explica o consultor.
Ainda segundo Brandalizze, por conta disso, o mercado vai, em momentos pontuais, perder esse suporte recém observado entre os preços, justamente por conta dessa pressão da entradad no mercado da nova oferta norte-americana. Entretanto, no quadro geral, acredita que os fundamentos da demanda devem continuar ganhando força e sendo refletidos pelas cotações no médio prazo.
Em seu boletim semanal de vendas para exportação, o USDA trouxe, na última quinta-feira (24), um volume de 1,3 milhão de toneladas que superou as expectativas e se mostrou 44% acima do registrado na semana anterior, informações que também surpreenderam os investidores.
“Volumes como estes são observados somente perto de outubro, quando a safra americana já está com a colheita indo para o final e há um balizador de preços. Agora, nesse nível (de preço), o mercado está muito comprador, pois acha que a soja está barata. E a demanda futura (para a safra 2016/17) também está aquecida”, afirma Brandalizze.
Para o consultor em agronegócios Ênio Fernandes, o mercado deverá testar algumas mínimas em um período de 28 de setembro a algo entre 6 e 8 de outubro, pressionado, principalmente por esse avanço da colheita, e com o “contrato novembro/15 orbitando próximo dos US$ 8,50 por bushel”.
Dali em diante, ainda segundo Fernandes, o mercado deve buscar novos ganhos e o patamar dos US$ 9,30, mas com variações ainda tímidas entre as posições mais negociadas. Em linhas gerais, até dezembro, o consultor acredita em preços trabalhando em um range de US$ 8,80 a US$ 9,50.
“Dezembro é sempre um mês de ebulição, porque é quando começa a briga por área entre soja e milho nos EUA, tem os fechamentos de final de ano, as informações sobre a safra americana, o impacto das exportações brasileiras”, diz. Além disso, lembra ainda que neste ano ainda contam as especulações e expectativas sobre a taxa de juros nos Estados Unidos. “Eu não acredito que o Fed vá subir os juros nos EUA antes de janeiro”, completa.
Complementando os fatores que direcionam os negócios no mercado internacional há o comportamento do dólar e do real. A semana foi bastante volátil para a moeda norte-americana frente à brasileira e a valorização foi expressiva, com a divisa nacional renovando sua máxima histórica nesta quinta (24), mas devolvendo boa parte dos ganhos na sessão desta sexta-feira.
E esse ganho forte do dólar frente ao real reduz de forma significativa a competitividade da soja norte-americana frente aos compradores, o que signfica dizer uma baixa da moeda brasileira nestes últimos pregões também contribuiu para os ganhos da oleaginosa em Chicago. “Dez entre dez consultores internacionais querem saber sobre a situação do real diariamente”, relata Ênio Fernandes.
Mercado Brasileiro
Essa volatilidade e incerteza sobre o câmbio foi o fator protagonista dos negócios com a soja no mercado brasileiro na última semana. Os preços da oleaginosa nos portos brasileiros registraram os melhores níveis do ano, bateram em R$ 90,00 por saca no disponível, mas os produtores não realizaram vendas em volumes muito grandes. Os negócios foram pontuais e os sojicultores se afastaram da ponta vendedora do mercado.
Com isso, no balanço semanal, é possível perceber que as cotações no interior do Brasil não caminharam em uma direção comum, ainda assim, a maior parte das principais praças de comercialização fechou em alta, segundo um levantamento feito pelo Notícias Agrícolas junto à cooperativas e aos sindicatos rurais.
A exceção foram Tangará da Serra, com baixa de 2,99% para R$ 65,00 a saca, e Campo Novo do Parecis, recuando 1,52% para encerrar também com R$ 65,00. Já em Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, o preço da soja subiu 12,68%, saltando de R$ 71,00 para R$ 80,00 por saca, e em Jataí/GO, alta de 2,36% para R$ 65,00.
Nos portos, a soja disponível subiu 3,70% em Paranaguá – para terminar a semana valendo R$ 84,00 – e 0,12% em Rio Grande, onde o último preço foi de R$ 84,30 por saca. Já o produto da nova safra brasileira, entregas março e maio/16, ficaram em, respectivamente, R$ 82,00 e R$ 84,00, subindo 2,50% e 0,60%.
No mesmo período, o dólar acumulou uma alta de 0,44% depois das máximas históricas dos últimos dias. Nesta sexta-feira, a moeda terminou a sessão com R$ 3,9757, perdendo 0,39%, reflexo, segundo explicaram analistas à agência de notícias Reuters, das intervenções severas do Banco Central brasileiro na flutuação da taxa cambial no país.
Fonte: Notícias Agrícolas