Soja fecha setembro com maior sequência de perdas desde 2008
A sessão regular desta terça-feira (30) foi de forte volatilidade para o mercado internacional da soja. Ainda assim, os preços encerraram mais um dia em campo negativo, com perdas de mais de 10 pontos nos principais vencimentos na Bolsa de Chicago. O contrato novembro/14, referência para a safra norte-americana, fechou o pregão com recuo de 11% no acumulado do mês, valendo US$ 9,12 por bushel. Já a posição maio/14 ficou valendo US$ 9,36. De acordo com a agência internacional de notícias Bloomberg, essa foi a maior sequência mensal de baixas desde 2008.
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou seu novo relatório de estoques trimestrais de soja cortando o volume para a posição em 1º de setembro em 35%, movimento que chegou a ser refletido pelo mercado futuro norte-americano. Em seguida da divulgação, os futuros da soja reduziram as perdas e logo passaram para o campo positivo. No entanto, as altas não foram consistentes e os preços voltaram a operar no vermelho.
No Brasil, as perdas foram sentidas pelos preços no mercado interno, inclusive em função de um dia de pequeno recuo para o dólar. Em Paranaguá, a soja para entrega em maio de 2015 permaneceu estável nos R$ 56,00 por saca. Por outro lado, em Rio Grande registrou um recuo de 1,57% e fechou o dia a R$ 56,60. Já a soja disponível no terminal gaúcho apresentou uma baixa considerável – de 4,10% – e terminou o dia valendo R$ 58,50.
Fundamentos
De acordo com os números do departamento, os estoques trimestrais ficaram em 2,5 milhões de toneladas. Em 2013, nesse mesmo período, os estoques ficaram em 3,84 milhões de toneladas. Em junho, os estoques trimestrais foram reportados pelo departamento em 11,02 milhões de toneladas.
O número ficou bem abaixo das projeções do mercado, que falavam em algo entre 2,72 milhões e 4,08 milhões de toneladas, com uma média de 3,43 milhões de toneladas. No link abaixo, leia a notícia completa sobre os estoques trimestrais reportados pelo USDA:
A última sessão de setembro termina, portanto, marcando o quinto mês consecutivo de baixas, com o cenário de fundamentos, principalmente da nova safra norte-americana, predominando entre os negócios. O mercado ainda observa as boas condições das lavouras nos Estados Unidos – que devem resultar em uma safra de mais de 106 milhões de toneladas de soja – o cenário favorável de clima e o bom andamento da colheita no Meio-Oeste norte-americano.
O último boletim do USDA de acompanhamento de safras mostrou que, até o último domingo (28), 10% da área cultivada com a oleaginosa nos EUA já foram colhidos, número que, no entanto, bem abaixo da média dos últimos cinco anos para esse período da temporada que é de 17%.
Apesar da forte queda registrada nesta pregão, segundo analistas, não houve nenhum fato novo que tenha motivado esse movimento. “Esse foi um dia em que o mercado se voltou mais para a colheita da grande safra dos Estados Unidos”, disse o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. “Não teve nada de novo no mercado nesta terça-feira, os negócios não deram nem importância para os últimos números do USDA”, completa.
Para Márcio Antônio Ribeiro, analista de mercado da Cerrado Corretora, os grandes números da temporada 2014/15 devem continuar ditando o tom negativo para o mercado. “Os números da grande oferta mundial (estoques de passagem) vão pressionar o mercado nos próximos meses. Acredito que não haverá, pelo menos no curto prazo, alguma notícia que possa provocar uma alta sustentada nas cotações tanto da soja quanto do milho”, disse.
Fonte: Notícias Agrícolas