Soja inicia semana com foco na safra dos EUA e expressiva baixa em Chicago nesta 2ª
O mercado internacional da soja iniciou a semana operando com expressiva baixa na Bolsa de Chicago. Na sessão desta segunda-feira (1), os futuros da oleaginosa perdiam entre 6,50 e 8,50 pontos, por volta das 7h40 (horário de Brasília), e o contrato novembro/15, referência para a safra norte-americana, já operava abaixo dos US$ 9,00 por bushel.
Depois das boas altas registradas na sessão da última sexta, o mercado volta devolvendo parte dos ganhos e ainda focado na nova safra dos Estados Unidos, a qual se desenvolve bem até o momento e conta com condições favoráveis de clima nas principais regiões produtoras.
Assim, o mercado já tenta buscar um posicionamento, segundo explicam analistas, antes da chegada do novo boletim de acompanhamento de safras que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulga nesta segunda-feira, porém, só depois do fechamento do pregão.
Veja como fechou o mercado na última semana:
Nesta sexta-feira (29), o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos divulgou números sobre a demanda pela soja norte-americana e trouxe suporte para as cotações praticadas na Bolsa de Chicago. Os dois vencimentos mais negociados nesse momento, dessa forma, conseguiram garantir um fechamento semanal positivo. Para o julho/15, alta de 1,3% com o último valor em US$ 9,34 por bushel, enquanto o novembro/15 terminou a semana com US$ 9,06 e ganho de 0,22%.
No Brasil, a semana também registrou um balanço positivo para os preços da soja disponível nos portos. Em Rio Grande, o valor subiu 3,59%, passando de R$ 66,90 para R$ 69,30 por saca, enquanto em Paranaguá, o ganho foi de 3,03% e fechou com R$ 68,00. No interior do país, o fechamento semanal também foi positivo para a maior parte das principais praças de comercialização, com altas que variaram de 1,8 a 2,7%.
Na Bolsa de Chicago
A semana, que começou somente na terça-feira (26) depois de um feriado nos EUA, foi de pouca movimentação para o mercado futuro norte-americano, já que os traders seguem com sua atenção quase totalmente voltada às informações que chegam sobre a nova safra do país e, até o momento, há poucas novidades sobre o assunto.
Porém, o boletim reportado pelo USDA nesta sexta-feira sobre as vendas semanais para exportação trouxeram o total acumulado no ano comercial passando de 50 milhões de toneladas, enquanto a última projeção do departamento é que o país exporte em toda a temporada 48,99 milhões de toneladas. As vendas – entre safra velha e nova – subiram em relação à semana anterior e permitiram altas ligeiramente mais fortes entre as posições mais negociadas. As vendas de farelo e óleo também vieram com volumes significativos.
Complementando o cenário, o departamento americano trouxe ainda, no final da semana, o anúncio de uma nova venda de soja – na casa de 202 mil toneladas da safra 2015/16 – para destinos não revelados e também influênciou de forma positiva sobre o mercado.
Nesta sexta-feira também, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos anunciou novas e mais elevadas metas de uso de biocombustível no país em 2015 e 2016, o que foi outro fator de estímulo para os negócios na CBOT, conforme informou o site norte-americano Farm Futures. E essa informação colaborou para altas também nos futuros do óleo de soja na Bolsa de Chicago.
No entanto, se por um lado essas informações promovem uma breve recuperação nos preços, principalmente das posições mais curtas, de outro, o mercado internacional ainda mantém seu tom especulativo diante do acompanhamento da nova safra dos Estados Unidos. Os últimos números do USDA mostram que pouco mais de 60% da área destinada à soja já foi plantada e, até o momento, as condições climáticas mantêm-se favoráveis aos trabalhos de campo.
Por conta desse quadro, o vencimento novembro chegou a testar os US$ 9,00, operou com US$ 8,99, mas logo se recuperou, segundo explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. “Com esses patamares, os produtores americanos começam a sair do mercado, não vendem a soja”. E assim, com a soja tão barata, devemos ver os compradores participando mais do mercado, explica o consultor.
Novos números sobre a nova safra dos Estados Unidos serão reportados na próxima segunda-feira, 1º de junho, e deverão, ainda de acordo com analistas, influenciar o andamentos dos negócios em uma nova semana.
Afinal, como explicou o consultor Ênio Fernandes, essas altas foram pontuais e o mercado poderia voltar a perder o fôlego nas próximas sessões. O contrário, no entanto, poderia acontecer caso o cenário climático traga alguma surpresa e proporcione alguma força ao mercado.
No Brasil
Paralela à pouca movimentação das cotações em Chicago, o principal fator de alta para os preços no Brasil foi o forte avanço do dólar frente ao real. Na semana, a divisa americana subiu mais de 1% frente à brasileira e, assim, as cotações encontraram espaço para uma recuperação. A moeda terminou a semana com R$ 3,18.
Com isso, novos negócios foram efetivados ao longo da semana, porém, ainda de forma pontual e com os produtores aproveitando picos de preços e boas novas oportunidades de comercialização que sugiram nos últimos dias. Segundo os últimos números levantados por consultores e analistas, os negócios da safra 2014/15 – que ainda conta com cerca de 30% do volume colhido a ser comercializado – devem continuar ocorrendo dessa forma, com um ritmo menos intenso e de maneira mais cadenciada.
Ao mesmo tempo, os indicativos de preços para a nova safra de soja do Brasil já trabalham, nos portos, na casa dos R$ 70,00 por saca. Nesta semana, os últimos valores em Rio Grande e Paranaguá, respectivamente, ficaram em R$ 73,90 e R$ 72,00, depois de baterem na máxima de R$ 75,00 ao longo da semana.
Apesar disso, ainda de acordo com Ênio Fernandes, as vendas da nova safra estão ligeiramente atrasadas em relação à temporada 2014/15, ainda observando a formação desse novo cenário de preços e mercado com a chegada de novas safras.
Fonte: Notícias Agrícolas