Soja inicia semana com leves altas em Chicago à espera de novos dados da safra dos EUA
Na sessão desta segunda-feira (17), os futuros da soja parecem iniciar a semana operando próximos da estabilidade, mas mantinham-se do lado positivo da tabela durante a manhã. Por volta das 7h40 (horário de Brasília), os principais contratos da oleaginosa subiam entre 2,50 e 4 pontos, com o novembro/15, referência para a safra americana, valendo US$ 9,19 por bushel.
Nesta segunda, o mercado recebe novos e importantes dados que podem influenciar o andamento dos negócios. Após o fechamento do pregão na CBOT, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulga seu novo relatório semanal de acompanhamento de safras atualizando a condição das lavouras da nova safra. Além disso, a Farm Service Agency – uma agência do departamento – traz também seus números de área de plantio dessa nova temporada e as informações também podem mexer com o mercado.
Paralelamente, chegam ainda os números dos embarques semanais dos Estados Unidos, importante indicador da demanda, e que também pode pesar sobre o andamento das cotações. Ao mesmo tempo, os traders seguem observando o comportamento do clima no Meio-Oeste americano, o que deve ser um dos principais focos do mercado nesse mês, o qual é determinante para a cultura da soja no país.
Veja como fechou o mercado na última semana:
A semana fechou com baixas de mais de 4% para os preços da soja praticados na Bolsa de Chicago. Marcados pela intensa volatilidade, o ponto crítico para o mercado futuro norte-americano nesses últimos dias foi, sem dúvida, a chegada do último boletim de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), surpreendeu os traders e os pegou na contramão dos números.
Todas as expectativas foram contrariadas e os dados chegaram com estimativas maiores para a safra 2015/16 dos EUA, bem como trazendo um aumento de produtividade e estoques finais da safra 2015/16 dos Estados Unidos. A boa notícia ficou por conta do aumento das exportações brasileiras dessa nova temporada de 50,3 para 54,5 milhões de toneladas, de acordo com o reporte, e de um aumento das compras da China de 77 para 79,5 milhões de toneladas.
Ainda assim, os principais vencimentos da oleaginosa terminaram a semana perdendo patamares importantes e, com isso, o contrato novembro/15, referência para a safra americana, caiu de US$ 9,63 para US$ 9,16 por bushel, enquanto o março/16 foi de US$ 9,62 a US$ 9,22. Os contratos setembro e novembro encerraram a sessã desta sexta-feira com perdas de mais de 10 pontos e registrando suas mínimas em dois meses.
“O relatório baixista do USDA e mais a desvalorização do yuan (que aconteceu por três dias consecutivos nesta semana com índices de mais de 1% em cada uma das vezes) pesou sobre a soja”, disse Bob Burgdorfer, analista de mercado do site internacional Farm Futures.
O Banco Central da China realizou essas desvalorizações – aumentando sua intervenção no câmbio – como tentativa de favorecer suas exportações e tentar promover uma volta da aceleração de seu crescimento – foi saudado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) – e já informou que as ações foram suficientes e não precisarão ser repetidas no momento, uma vez que “não existe base para mais depreciação do yuan por conta dos fortes fundamentos econômicos”.
Paralelamente, o clima nos Estados Unidos. Assim como para o milho, as condições previstas para os próximos dias são favaoráveis para o desenvolvimento das lavouras norte-americanas. Segundo relatou o site internacional Farm Futures, nesta sexta e no próximo sábado, o clima deve permanecer um pouco mais seco na região oeste do Meio-Oeste e em áreas mais ao leste no domingo. Já para os próximos 5 e próximos dias devem ser de chuvas leves para a maior parte do Corn Belt, enquanto no período dos 6 a 10 dias seguintes, as condições devem ser de clima ainda ainda quente, porém, com a possibilidade de chuvas acima do normal para a metade leste dos EUA.
“A previsão de clima a partir de domingo para a próxima semana traz chuvas de 50 até 100 mm em algumas partes no norte do Meio-Oeste americano, regiões em que as preocupações com o stress hídrico eram maiores. Ainda é bem verdade que, na região Sul, no Delta dos EUA, há áreas muito preocupantes”, explica Marcos Araújo, analista de mercado da Agrinvest Commodities. “Estamos na fase reprodutiva da soja, enchimento de grãos, e nesse momento, temperaturas elevadas e stress hídrico poderiam repercutir negativamente na produtividade e por isso, essas chuvas são favoráveis e por isso o mercado interpretou como uma pressão baixista para os preços”, completou Araújo.
E para intensificar ainda mais a volatilidade para os negócios no mercado internacional, os trader aguardam também os números de área de plantio que o Farm Service Agency, uma agência do USDA, divulga na próxima segunda-feira (17). “Esses números podem dar alguma melhor noção de quanto foi efetivamente plantado de soja e milho pelos produtores americanos. Os traders irão, certamente, comparar esses números com aqueles que foram reportados pelo USDA na quarta-feira”, explica Bob Burgdorfer, analista de mercado do Farm Futures.
Ainda na segunda, chegam os novos índices de condições das lavouras na segunda e de acordo com Burgdorfer, não devem sofrer muitas alterações em relação aos dados trazidos nesta semana diante das condições climáticas esperadas para o final de semana. Na última segunda, o USDA informou que 63% das plantações de milho estavam em boas ou excelentes condições.
Dólar e Preços no Brasil
Além de uma semana negativa para os futuros da soja no Brasil, a sexta-feira registra um balanço negativo também para o dólar frente ao real, com uma baixa acumulada de 0,71%. A moeda americana fechou a sexta-feira com R$ 3,4831, após ter sessões de volatilidade e com influências ainda do cenário político e econômico conturbado no Brasil e que veio se acalmando, bem como do mercado financeiro também acumulando alguns momentos de tensão e nervosismo dos investidores nos últimos dias.
“Todas as notícias hoje (sexta-feira) colaboraram para um quadro mais tranquilo”, disse o diretor de câmbio da corretora Pioneer, João Medeiros à agência de notícias Reuters, acrescentando que se o cenário político continuar melhorando, a tendência de médio prazo é que a pressão sobre o câmbio diminua. “Se o quadro político realmente se confirmar mais tranquilo, acho que podemos voltar a uma cotação mais próxima de 3,20 reais, mas isso não é imediato, ainda levaria algum tempo”, completou.
Dessa forma, preços mais baixos no Brasil no interior do país e nos portos e negócios bem menos aquecidos. Nos terminais de Rio Grande e Paranaguá, as baixas na semana variaram entre 1,28% a 4,32% para a soja disponível e da safra nova. Os valores, no porto gaúcho, ficaram em R$ 77,50 em ambos os casos e, no paranaense, os preços encerraram a semana com R$ 76,00 e R$ 77,00, respectivamente. Em Santos, a baixa foi mais agressiva – 5,7% – e a última cotação foi de R$ 74,50.
“As altas nos portos – tanto para soja quanto para milho – se dão em função do dólar mais valorizado. Na medida em que o dóalr faz as correções, os preços tendem a recuar, e quando se alia às quedas na CBOT, essa desvalorização é muito grande”, diz Márcio Genciano, consultor de mercado da MGS Rural.
O consultor relata ainda que, no interior do Brasil, depois do relatório do USDA, os preços da saca da soja chegaram a recuar entre R$ 3,50 e R$ 4,00. De acordo com um levantamento feito pelo Notícias Agrícolas junto às cooperativas e aos sindicatos rurais, os valores nas principais praças de comercialização perderam mais de 3%. Em Ubiratã e Londrina, no Paraná, queda de R$ 65,00 para R$ 62,50; em Campo Novo do Parecis, em Mato Grosso, de R$ 61,00 para R$ 59,00/saca.
Fonte: Notícias Agrícolas