Soja: Mercado opera em queda nesta 3ª feira em Chicago aguardando números do USDA
Na manhã desta terça-feira (30), os futuros da soja recuam na Bolsa de Chicago. O mercado se mantém na defensiva à espera dos números que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz hoje sobre a área de plantio no país e ainda o volume dos estoques trimestrais em 1º de junho. Os números, segundo acreditam analistas, devem mexer com o andamento dos negócios, trazendo um possível direcionamento, e com o ânimos dos investidores.
Segundo expectativas de consultorias internacionais, a área de soja poderia vir ligeiramente maior do que o registrado no boletim de intenção de plantio de março. Apesar disso, muitos analistas – nacionais e internacionais – afirmam que, mesmo que isso aconteça, o quadro pode não refletir a realidade da safra americana, principalmente por conta das adversidades climáticas, mas sim o conservadorismo do USDA.
Além disso, os negócios receberam ainda as informações do último boletim de acompanhamento de safras, divulgado no final da noite desta segunda-feira (29). O departamento informou que o plantio da oleaginosa, até o domingo (28), foi concluído em 94% da área, o índice é o mesmo do ano passado, porém, pouco menor do que os 95% da média dos últimos cinco anos.
Apenas 63% das lavouras estão em boas ou excelentes condições, número menor do que os 65% da semana anterior e do que os 72% de 2014 nessa mesma época. Já em situação ruim ou muito ruim, o índice passou de 8% para 9% e ficou abaixo dos 5% do ano passado. Em situação regular se encontram 28% das lavouras de soja, contra 27% da semana passada e 23% do ano passado.
Veja como fechou o mercado nesta segunda-feira:
O mercado voltou à sua falta de direcionamento e, depois de operar durante toda a sessão em campo negativo, e fechou em campo negativo na Bolsa de Chicago. Na sessão desta segunda-feira (29), os principais vencimentos encerraram o dia com baixas de 3,25 a 6 pontos, à exceção do contrato julho/15, que fechou com ligeira alta de 0,50 ponto. O novembro/15, referência para a safra americana, ficou em US$ 9,80 por bushel.
Ao mesmo tempo, o dólar também recuou e fechou abaixo dos R$ 3,14 em que bateu ao longo do dia, comprometendo a formação das cotações no mercado brasileiro. Nos principais portos do país, as perdas foram de 0,67% a 1,4% nas principais referências. E, como relatam os analistas e consultores, os negócios acabam perdendo força, principalmente, porque aqui no Brasil os vendedores também aguardam por números importantes sobre a safra dos EUA que serão reportados nessa semana.
Assim, em Paranaguá, a soja disponível fechou os negócios desta segunda-feira em R$ 70,50 por saca, caindo 1,4%, enquanto o produto da nova safra manteve os R$ 73,00. Em Rio Grande, o produto da safra atual recuou 0,84% para encerrar em R$ 71,20, enquanto o da nova temporada perdeu 0,67% e ficou em R$ 73,80.
Em Chicago
Na Bolsa de Chicago, o dia foi de pouca movimentação, já que os traders seguem na espera pelos novos relatórios que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportam nesta terça-feira, um dos estoques trimestrais e o outro de área de plantio da safra 2015/16.
As expectativas para os estoques trimestrais em 1º de junho variam de 16,438 s 21,038 milhões de toneladas, com uma média de 18,48 milhões. Em 2014, nesse mesmo período, o volume dos estoques foi de 11,022 milhões de toneladas. Em 1º de março, os estoques americanos foram reportados em 36,31 milhões de toneladas.
Para a área, a expectativa dos analistas internacionais é de que os números sejam elevados em relação aos divulgados em março. A projeção é de que a área de plantio fique em 34,533 milhões de hectares, contra 34,251 milhões da previsão anterior. E em 2014, o cultivo da oleaginosa aconteceu em 34,251 milhões de hectares também. O USDA trouxe, no boletim de junho de oferta e demanda, a área colhida com soja podendo totalizar 33,872 milhões de hectares e o rendimento esperado em 51,6 sacas/ha.
“Um ponto importante é que o USDA traz nesta terça. E se eles trouxerem uma área maior do que a projeção inicial que é de 34,2 milhões de hectares, aí teremos uma pressão baixista. O que eu acredito que não deve ocorrer, porque o plantio veio com atraso. A soja sofreu muito com as chuvas. Então, esse número do USDA talvez nem seja uma realidade” acredita Vlamir Brandalizze. “Nas últimas três semanas, tivemos chuvas muito acima da média e isso dificultou a vida do produtor americano”, explica o consultor da Brandalizze Consulting.
A opinião é semelhante à do analista internacional Darin Newson, do site internacional DTN, que questiona: “Dado o quadro climático desde 1º de junho nos EUA, há de se perguntar: alguém vai considerar as projeções do USDA para a área de plantio? Se sim, por que?”
Em relação ao boletim de estoques, Brandalizze também acredita em poucas novidades. “O que temos visto com as exportações e os embarques bem rápidos é que os estoques reais dos EUA podem ser menores, mas como o USDA é conservador, demora para confirmar isso. Com relação a isso, o USDA pode trazer algumas novidades, mas não deve ser de grande impacto para o mercado”, acredita o consultor.
Clima no Meio Oeste
Os últimos mapas meteorológicos mostram que as chuvas devem continuar no Meio-Oeste durante esta semana, porém, as grandes tempestades que eram observadas nos últimos dias já não são observadas com tanta frequência.
As previsões oficiais para os próximos sete dias mostram que fortes precipitações deverão continuar chegando a estados de Ohio e Indiana, por exemplo, onde a soja e o milho já necessitam de um tempo mais seco, como explica o site internacional Farm Futures. As projeções mais alongadas, para o período dos próximos 6 a 10 dias, as chuvas ainda continuam acima do normal e as temperaturas abaixo da média para o período.
Fonte: Notícias Agrícolas