Soja: Mercado tenta manter ligeiras altas na manhã desta 4ª feira em Chicago
Os futuros da soja, na manhã desta quarta-feira (27), operam em campo positivo na Bolsa de Chicago. O mercado tenta uma recuperação depois das ligeiras baixas registradas na sessão anterior e parece ter recebido sem muito pânico os últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) sobre o plantio da nova safra de soja no país, segundo explicam analistas.
Assim, por volta das 7h30 (horário de Brasília), os principais vencimentos subiam pouco mais de 3 pontos, com o julho/15 – a primeira posição nesse momento – valendo US$ 9,26 por bushel, enquanto o novembro/15, referência para a safra 2015/16 dos EUA, cotado a US$ 9,07.
Segundo o último reporte do departamento, a semeadura da soja dos Estados Unidos evoluiu, até o último domingo (24), para 61% da área, contra 45% da semana passada e 55% do registrado no mesmo período do ano anterior. A média dos últimos cinco anos para esse intervalo também é de 55% e as expectativas do mercado variavam entre 60 e 65%.
O USDA informou ainda que 32% das lavouras de soja já emergiram, contra o número de 13% da semana anterior, de 23% do ano passado e de 25% da média dos últimos cinco anos.
Esses números foram reportados antes do fechamento do pregão desta terça-feira (26), porém, é opinião comum entre os analistas que nesse momento o foco do mercado internacional de grão continua sendo o desenvolvimento da safra americana e, ao mesmo tempo, o impacto sobre as atuais condições climáticas sobre as lavouras.
Até o momento, nenhuma surpresa climática está prevista para as principais regiões produtoras, com exceção de uma ligeira preocupação com o frio nas áreas mais ao norte e o excesso de chuvas no sul. No entanto, problemas maiores com o impacto desse cenário ainda não foram reportados.
Para Fernando Pimentel, analista da Agrosecurity, com as expectativas de uma safra cheia nos Estados Unidos, o mercado poderia testar o patamar dos US$ 9,00 por bushel nos próximos dias, principalmente nas posições mais distantes. Já as posições mais próximas, ainda de acordo com analistas, seguem encontrando um leve suporte nos números da safra 2014/15, principalmente os de indicação da demanda.
Veja como fechou o mercado nesta terça-feira (26):
Os preços da soja praticados nos portos brasileiros subiram de forma expressiva nesta terça-feira (26). Em Paranaguá, o produto disponível subiu 1,52% para R$ 67,00 por saca, enquanto em Rio Grande a alta foi de 0,90% para R$ 67,50. E a soja da safra nova, no terminal gaúcho, subiu mais de 2% para encerrar o dia com R$ 73,00 por saca.
No interior do país, a maior parte das principais praças de comercialização também atuaram em campo negativo e registraram valorizações no final do dia. Em Jataí, Goiás, por exemplo, a alta foi de 1,3% para R$ 54,70 por saca. No sul do Brasil, alta de 0,9% para a soja de Ubiratã e Londrina, ambas no Paraná, com R$ 56,00. A exceção foi o estado de Mato Grosso, onde foi registrada uma baixa de 1,85 e 1,89%, respectivamente, para Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis.
Como explicaram os analistas, o principal fator positivo para as cotações no mercado brasileiro foi essa nova sessão de alta do dólar frente ao real. Motivado, no cenário doméstico, pela instabilidade política e econômica, a moeda norte-americana subiu fechou com alta de mais de 1,5% e recuperando o patamar dos R$ 3,15, registrando a máxima em quase dois meses. Somente neste mês de maio, a divisa americana já acumula uma alta de quase 3% frente à brasileira.
No quadro internacional, as altas, de acordo com especialistas, são justificadas pela cena incerta na Europa e foco na situação da economia da Grécia e, principalmente, pelas expectativas da elevação das taxas de juros nos Estados Unidos ainda neste ano. Assim, a moeda americana mostrou amplas altas não só frente ao real, mas diante da cesta das principais moedas mundiais nesta terça-feira.
“Essa semana será de um dólar nervoso, vai subir R$ 0,10 em um dia e cair R$ 0,10 no outro. Depois, se as medidas foram tomadas na direção certa, tem todas as condições para o dólar se estabilizar. Acredito que o dólar neste ano vai oscilar e estabilizar no patamar de R$ 3,10 a R$ 3,20”, avaliou o economista Roberto Troster, em entrevista ao Notícias Agrícolas.
Paralelamente, o que se observou nesta terça-feira, complementando o quadro positivo para a formação dos preços no Brasil, foi uma nova e forte alta para os prêmios nos portos. Os ganhos para as principais posições de entrega, as quais têm variado de 54 a 96 cents de dólar sobre os valores praticados em Chicago, ficaram entre 3,23 e 6,67%.
Até o momento, o Brasil ainda possui cerca de 30% da safra 2014/15 de soja para ser comercializada e a tendência, segundo explica o consultor de mercado Ênio Fernandes, é de que os produtores aproveitem os rallies – seja em Chicago ou seja no dólar – para realizar negócios pontuais e criar boas e novas oportunidades de comercialização.
Bolsa de Chicago
No mercado internacional, à espera dos novos números de acompanhamento de safras divulgados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta terça, o mercado fechou próximo da estabilidade e em campo negativo depois de uma sessão de volatilidade.
Entre os principais vencimentos, as baixas foram de de 1,75 a 3 pontos, com o contrato novembro/15, referência para a safra norte-americana, valendo US$ 9,04 por bushel. Para Fernando Pimentel, analista da Agrosecurity, com as expectativas de uma safra cheia nos Estados Unidos, o mercado poderia testar o patamar dos US$ 9,00 por bushel nos próximos dias. O foco do mercado internacional continua mantido no desenvolvimento do clima nos Estados Unidos e o impacto que exerce sobre o andamento da nova safra do país.
Além da pressão das boas notícias sobre a nova safra dos EUA, o mercado foi pressionado ainda pela “força do dólar e das baixas do petróleo nesta terça-feira”, explicou Bob Burgdorfer, analista do site norte-americano Farm Futures.
Nas previsões climáticas mais alongadas divulgadas nesta terça-feira pelo departamento oficial de clima do governo dos EUA, o NOAA, o foco está nas chuvas mais pesadas que podem chegar ao sudoeste das Grandes Planícies, na região central do Meio-Oeste e no leste do país nos próximos sete dias. Já os boletins com as projeções para os períodos dos próximos 6 a 10 dias e de 8 a 14 indicam condições de tempo mais úmido e temperaturas mais elevadas se desenvolvendo a partir da primeira semana de junho.
No mercado internacional, chegaram ainda, também nesta terça-feira, os números dos embarques semanais de grãos dos EUA e os números para a soja superaram as expectativas do mercado.
Na semana que terminou em 21 de maio, os embarques norte-americanos de soja somaram 291,192 mil toneladas, enquanto o mercado apostava em algo entre 80 mil e 240 mil toneladas. No acumulado do ano, o total embarcado já soma 46.870,988 milhões de toneladas, contra 41.960,880 milhões do mesmo período da safra anterior. O USDA ainda projeta que as exportações totais da safra 2014/15 somem 48,99 milhões de toneladas. E o ano comercial só se encerra em 31 de agosto.
Fonte: Notícias Agrícolas