Soja: Mercado volta do feriado trabalhando com estabilidade na Bolsa de Chicago nesta 2ª
Na volta do feriado da Sexta-Feira Santa, os futuros da soja operam com estabilidade na Bolsa de Chicago. Na manhã desta segunda-feira (6), por volta das 7h20 (horário de Brasília), o mercado tinha as principais posições subindo entre 1,50 e 2,50 pontos, com o maio/15 valendo US$ 9,88 por bushel.
As cotações exibiam, dessa forma, uma ligeira recuperação em relação às leves baixas da última quinta-feira (2), quando o mercao passou por uma realização de lucros depois dos ganhos acumulados nas sessões anteriores motivados por números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgados sobre a área da safra 2015/16.
Agora, os investidores no cenário internacional deverão voltar-se, segundo analistas e consultores, para o desenvolvimento do clima e da nova temporada norte-americana para direcionar os preços.
Veja como fechou o mercado na última semana:
A semana foi mais curta para o mercado da soja e, apesar do fechamento negativo na sessão desta quinta-feira (2), o balanço foi positivo para as cotações na Bolsa de Chicago. O contrato maio/15, referência para a safra brasileira, fechou com alta de 1,96% em US$ 9,86 por bushel, enquanto o vencimento agosto subiu 1,95% na semana para US$ 9,91 por bushel.
Por outro lado, com o recuo do dólar, os preços da soja praticados nos portos fecham a semana com um saldo negativo mas, ainda assim, em patamares que remuneram os produtores rurais de forma bastante expressiva. Em Paranaguá, a baixa foi de 3,5%, com o último valor em R$ 69,00 por saca; em Rio Grande, o recuo foi de 3,34% para R$ 72,40 e em Santos, queda de 1,38% para R$ 71,50.
Bolsa de Chicago
Na Bolsa de Chicago, o mercado da soja foi marcado e direcionado, nessa semana, pelos relatórios trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) sobre os estoques trimestrais em 1º de março e também com as primeiras projeções para a área de plantio da safra 2015/16. Nos dois casos, os números vieram abaixo da média esperada pelos investidores e provocaram um bom movimento de alta para as cotações, porém, a semana terminou com uma leve realização de lucros.
Para Liones Severo, consultor de mercado do SIM Consult, essa menor área a ser cultivada com soja nos Estados Unidos na próxima temporada – apesar de ser maior do que a registrada na safra anterior – faz com que a produção fique mais suscetível ao comportamento climático nos próximos meses e deixar os preços ainda mais sensíveis às informações, principalmente diante de uma demanda que segue crescente e evoluindo.
Paralelamente, Severo afirma ainda que os estoques trimestrais apresentados mostram números menores do que o esperado e que indicam que os estoques finais da temporada 2014/15 não deverão mais ser de 10,4 milhões de toneladas, mas sem de 9,5 milhões. Assim, mostra também a necessidade da revisão de alguns números nos próximos boletins de oferta e demanda que ainda serão reportados nos meses seguintes pelo USDA.
O novo relatório mensal de oferta e demanda do departamento agrícola norte-americano será divulgado no dia 9 de abril e deverá trazer mudanças, principalmente nas exportações, haja vistas que as vendas norte-americanas apresentam um ritmo bem mais acelerado nesta temporada e já se aproximam de um “esgotamento prematuro”, segundo explica Severo. As vendas de soja estão 8% acima do registrado no mesmo período da safra anterior e as de farelo, principal insumo alimentador dos rebanhos ao redor do mundo e altamente demandado, 14%.
Na semana que terminou em 26 de março, as vendas norte-americanas de soja somaram 595,7 mil toneladas, contra 726 mil da semana anterior. Da safra 2014/15, foram vendidas somente 27,4 mil toneladas, contra a expectativa dos traders de 270 mil toneladas. Assim, no acumulado da temporada, o total já é de 48.496,8 milhões de toneladas, frente às projeções do USDA de 48,72 milhões de toneladas para serem exportadas em todo o ano comercial.
No farelo de soja, o total vendido foi de 397,6 mil toneladas, sendo 214,1 mil da safra velha. O número fez com que o acumulado no ano subisse para 9.721,7 milhões de toneladas, ou seja, 84% do total previsto – 11,61 milhões – para toda a temporada 2014/15.
Com esse quadro, Liones Severo diz, portanto, que o aumento da área nos Estados Unidos não deveria ser um motivo de preocupação para o mercado ou fator de pressão sobre as cotações, uma vez que a demanda continuará consumindo toda a soja quea ainda há para ser produzida, seja em grão como matéria-prima ou na forma de seus subprodutos. “A cada ano aumenta a demanda e países exóticos como a Tailândia, Bangladesh, Vietnã, Egito, por exemplo, estão aumentando sua participação no mercado como importadores”, explica. E isso, é claro, sem mencionar as crescentes importações da China.
Exportações Brasileiras
Os chineses já importaram um volume considerável de soja brasileira da safra que está sendo colhida e as vendas continuam aceleradas no Brasil. Em março, os produtores participaram ativamente da comercialização e realizaram muitos negócios e as exportações do país somaram 6,769 milhões de toneladas, contra 2,836 milhões de fevereiro. Nos três primeiros meses do ano, as vendas nacionais já totalizam 9,690 milhões de toneladas.
O Brasil tem observado um incremento no fluxo dos embarques de soja nos portos de Santos e Paranaguá que tem incentivado significativamente o aumento das vendas no país. E para Severo, a postura do produtor brasileiro deve ser a de continuar vendendo sua safra à medida em que as oportunidades forem aparecendo. “A oferta não pode aparecer antes da demanda. Se o comprador sente falta daquele produto, ele vai oferecer um preço de resgate”. Há, ao largo dos portos brasileiros, navios esperando para embarcar cerca de 20 milhões de toneladas.
Para o consultor, o mercado tem agora um potencial bem mais forte e mais claro de poder retomar os patamares superiores a US$ 10,00 por bushel na Bolsa de Chicago.
Fonte: Notícias Agrícolas