Soja: Preços no Brasil fecham a semana com mais de 2% de alta apoiados no dólar
Na sessão desta sexta-feira (13), os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam em campo positivo pelo segundo dia consecutivo e os dois últimos vencimentos entre as posições mais negociadas terminaram a semana bem próximos dos US$ 10 por bushel. Os contratos julho e agosto/15 fecharam com US$ 9,99 por bushel. Os investidores buscaram garantir um bom posicionamento antes do feriado do Dia do Presidente nos EUA, que será comemorado na próxima segunda-feira (16) e quando a CBOT não funciona. Os negócios serão retomados na terça, dia 17.
No mercado interno, os preços da soja nos portos explodiram nos últimos dias e os negócios também se aqueceram expressivamente no Brasil. Somente esta semana, o preço no porto de Paranaguá subiu 2,34%, passando de R$ 64,00 para R$ 65,50, e em Rio Grande a alta foi de 3,12%, de R$ 64,20 para R$ 66,20.
No interior do país, as principais praças de comercialização apresentaram ganhos de 0,88% e 3,70% na semana. Em Jataí/GO, por exemplo, o preço subiu de R$ 54,80 para R$ 56,10, com alta de 2,37%.
Esse avanço foi motivado pelo dólar, que saiu da casa dos R$ 2,60 para superar os R$ 2,80 e, no terminal gaúcho, o preço da soja chegou a pegar R$ 67,00 na máxima da semana. E desde que a moeda norte-americana iniciou essa escalada de alta, a comercialização ganhou um dinâmica muito mais expressiva. Nesta sexta, a divisa fechou o dia com alta de 0,37% a R$ 2,8313 e, no mês, já acumula alta de 5%.
A valorização do dólar supera os ganhos na CBOT, uma vez que cada 1 centavo de real no aumento da taxa cambial corresponde a um aumento equivalente a 4 centavos por bushel em Chicago. “Portanto, o aumento da taxa cambial de R$ 2,60 para R$ 2,87 resultou em um aumento de 27 centavos de reais por dólar, ou seja, correspondeu a um aumento equivalente de US$ 1,08 por bushel, base futuros da soja na CBOT”, explica o consultor de mercado Liones Severo, do SIM Consult. “O mercado real sempre prevalece”, completa.
Alguns investidores temiam que a perspectiva de contração econômica e inflação acima do teto da meta neste ano, somada à crise na Petrobras e ao possível racionamento de energia e água, possa provocar a perda do grau de investimento brasileiro, o que diminuía o apetite por ativos domésticos, informou a agência de notícias Reuters. “Se não tivermos nenhuma marola, sobreviveremos a 2015. Mas se houver qualquer marolinha, o cenário se complica muito”, disse o estrategista da corretora Coinvalores Paulo Celso Nepomuceno à agência.
“Nas últimas duas semanas, o produtor evoluiu muito em termos comerciais. Ele tem visto o produtor se movimentar e a cada momento de repique de preços ele tem entrado e feito alguma fixação. Em todas as praças os negócios foram retomados, depois de ficarem bem parados em janeiro”, explica França Jr.
Bolsa de Chicago
O mercado, nos últimos dias, veio sendo estimulados por novidades sobre a já forte e constituída demanda mundial pela oleaginosa, com a chegada de alguns novos números do USDA. Nesta sexta, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou uma nova venda de soja para a China – 120 mil toneladas da safra 2015/16 – e ontem, as vendas semanais para exportação ficaram acima das expectativas do mercado. Do total previsto para ser exportado pelos EUA no ano comercial 2014/15, 95% já estão comprometidos. Além disso, os embarques norte-americanos também estão bastante acelerados e somam, no acumulado do ano comercial, 38.954,560 milhões de toneladas, contra 33.101,166 milhões do mesmo intervalo da safra 2013/14.
Outro fator que contribui para o avanço das cotações na Bolsa de Chicago é o dólar um pouco mais fraco frente à cesta das principais moedas internacionais. Com a moeda norte-americana mais “barata”, o produto dos EUA acaba se tornando mais competitivo, quadro que estimula os ganhos no mercado internacional. Além disso, com o mercado financeiro menos nervoso nesta sexta, ainda de acordo com os analistas, atrai os investidores para ativos mais arriscados e sensíveis, como as commodities agrícolas.
Daqui em diante, os principais fatores a serem observados pelo mercado da soja serão a conclusão da safra da América do Sul, principalmente o impacto do clima sobre os resultados que ainda precisam ser concretizados, e os primeiros indicativos para a safa 2015/16 dos Estados Unidos, segundo explica Flávio França Junior, consultor de mercado da França Junior Consultoria.
Os números para a nova safra do Brasil ainda são divergentes. Enquanto o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) apostam em algo próximo de 94,5 milhões de toneladas, as consultorias privadas têm estimativas que variam de 91 a 92,5 milhões de toneladas. Nesta sexta, a Céleres Consultoria trouxe sua projeção revisada para a safra brasileira com 91 milhão de toneladas.
Para a nova safra dos EUA, na próxima semana, será realizado o Anual Outlook Fórum, trazendo números do USDA com as primeiras projeções de oferta e demanda para o país e, apesar de ser dados muito iniciais, são indicadores importantes para o mercado, como explica França. Entre as informações mais esperadas está a previsão para a área de plantio, a qual poderia vir maior para a soja e menor para o milho.
Fonte: Notícias Agrícolas