Soja recupera força após semana volátil e fecha com altas de dois dígitos em Chicago
Depois de um pregão de bastante volatilidade, os preços da soja retomaram o fôlego e encerraram a última sessão da semana em campo positivo e com altas de mais de 17 pontos nas posições mais negociadas. O contrato janeiro/15 fechou o dia cotado a US$ 10,39 por bushel mas, no melhor momento da sessão, chegou nos US$ 10,40. O vencimento maio, referência para a safra brasileira, ficou em US$ 10,51, mas a máxima foi de US$ 10,53.
Na semana, as cotações da oleaginosa passaram por consecutivas baixas e negócios bastante voláteis, caracterizando, segundo analistas, um mercado ainda bastante técnico. O mercado veio ampliando os ganhos desde o início da manhã, quando aparentava um pregão calmo e de oscilações pouco expressivas e dando continuidade às boas altas registradas na sessão anterior. Além disso, os investidores buscam se posicionar antes do início da próxima semana, a qual também deve ser de poucos negócios já que na quinta-feira (27) é feriado do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos, dia que costuma ser um marco no mercado internacional de grãos, já que marca a finalização da safra norte-americana.
“O mercado vem trabalhando com um intervalo muito firme entre suporte e resistência e esse é um jogo que os players, os fundos gostam. Chega perto da resistência, os preços realizam para baixo, chega perto do suporte, voltam a subir e isso já vem acontecendo há alguns dias. Outras informações – como neve nos EUA, dados sobre a economia da China, entre outras – o mercado usa para se fortalecer esse posicionamento. Mas o suporte e a resistência estão bem definidos, com a volatilidade atuando nesse intervalo, o que atrai o especulador”, explica Ênio Fernandes, consultor de mercado.
Além disso, segundo explicam analistas, os investidores observam o momento da demanda. Nesta quinta-feira (20), com a divulgação do novo boletim semanal de vendas para exportação do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o total de vendas acumuladas na temporada 2014/15 de soja em grão chegou a 83% das 46,81 milhões de toneladas do total projetado para o ano comercial. Além disso, trouxe ainda um boas vendas semanais de farelo de soja, o que também motivou os ganhos. No início da semana, foram reportados ainda os embarques semanais de mais de 3 milhões de toneladas e o esmagamento de soja nos Estados Unidos em outubro bem acima das expectativas do mercado, números que ajudaram a compor o cenário de suporte para os preços.
Paralelamente, essa semana o USDA anunciou ainda três novas vendas de soja para destinos desconhecidos e a China, o que também trouxe uma nova força às cotações nos últimos dias, depois de baixas consecutivas registradas no mercado futuro americano. As operações totalizaram 351,152 mil toneladas.
Porém, as atenções do mercado também ainda estão bastante voltadas ao cenário de clima na América do Sul. O plantio no Brasil registrou um bom avanço nos últimos dias, mas ainda se mostra atrasado em relação às temporadas anteriores. E esse atraso – além da severa falta de chuvas regulares – já vem resultando em lavouras mal desenvolvidas e com seu potencial produtivo bastante ameaçado.
Institutos de meteorologia, no entanto, vêm indicando que, a partir da próxima semana, as regiões Sudeste e Centro-Oeste devem receber bons volumes de chuvas em importantes regiões produtoras e promover uma recuperação das plantações onde ainda há tempo. Em alguns locais, os acumulados podem passar de 100 mm.
Economia Mundial
Para alguns analistas internacionais, não somente os preços da sojas, mas dos grãos de uma forma geral, também subiram nesta sexta-feira estimulados pelas expectativas de que os cortes nas taxas de juros globais possam estimular o crescimento econômico mundial e, consequentemente, a demanda por alimentos.
Uma media de ações globais avançou expressivamente com a China cortando, pela primeira vez desde julho de 2012, suas taxas de juros, ação que surpreendeu positivamente o mercado. E a nação asiática é, atualmente, a maior consumidora de oleaginosas do mundo. Além disso, o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, anunciou, ainda nesta sexta, que irá reforçar os programas de estímulo à economia local.
Fonte: Notícias Agrícola