AgronegócioDestaque

Soja segue com volatilidade em Chicago, volta a recuar nesta quinta, mas mantém suporte

O mercado internacional da soja ainda opera com bastante volatilidade e, depois de reverter o movimento negativo da sessão anterior e fechar em campo positivo, os futuros da oleaginosa voltaram a exibir ligeiras perdas na manhã desta quinta-feira (6). Na sessão eletrônica da Bolsa de Chicago, os contratos mais negociados recuavam entre 4,25 e 6,25 pontos.

Segundo analistas, o mercado vem se comportando de forma bastante técnica, respeitando os novos suportes e resistências assumidos pelos preços depois das expressivas quedas já registradas nessa semana. Para Vlamir Brandalizze, a soja tem agora um suporte nos US$ 10,00 e uma resistência nos US$ 10,30 por bushel, porém, com uma clara tendência de preços sustentados pela força da demanda.

Nesta quinta, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) atualiza seu boletim semanal de vendas para exportação e são esses números que têm mostrado que o potencial de crescimento da demanda. Até a última semana apresentado pelo departamento, mais de 70% do volume projetado para ser exportado de soja dos EUA já estava comprometido.

Paralelamente, há ainda projeções de que as importações de soja da China disparem 38% em novembro e diretores de multinacionais do comércio internacional de grãos apostando nessa força da demanda e, principalmente, em um suporte para as cotações dos grãos. Outro fator que tem ajudado os preços da soja é o momento favorável do farelo de soja e, consequentemente, dos setores de ração e carnes.

De outro lado, pressionam as cotações o bom andamento da colheita nos Estados Unidos, que já se encaminha para a fase final, e as condições climáticas favoráveis para os trabalhos de campo agora e para as próximas semanas. Além disso, na próxima segunda-feira (10), o USDA traz seu novo relatório mensal de oferta e demanda e as expectativas são de aumento da safra norte-americana para algo próximo de 108 milhões de toneladas.

Na sessão desta quarta-feira (5), o mercado internacional da soja reverteu o movimento negativo que vinha sendo registrado durante todo o dia e fechou em campo positivo. As posições mais importantes terminaram os negócios com altas entre 9 e 9,75 e o contrato janeiro, que chegou a perder o patamar dos US$ 10,00 por bushel ao longo do dia, se recuperou e fechou em US$ 10,19. Já o maio/15, referência para a safra brasileira, ficou em US$ 10,33.

O mercado atuou com intensa volatilidade neste pregão e de forma bastante técnica. Com as baixas dos últimos dias, os preços vinham trabalhando com o suporte de US$ 10,00 por bushel para o contrato janeiro, o mais negociado agora. No entanto, as baixas registradas hoje não foram suficientes para consolidar o rompimento desse suporte e os preços voltaram a subir, explicou o consultor de mercado Ênio Fernandes. “O mercado respeitou esse suporte”, diz. “Nós devemos continuar vendo muita volatilidade”, completa.

Para Camilo Motter, analista de mercado e economista da Granoeste Corretora, o que houve foi ainda uma inversão da posição dos fundos no mercado, os quais continuam atuando de forma bastante significativa no mercado futuro americano. Além disso, acredita ainda em especulações climáticas sobre a situação do Brasil, onde as chuvas ainda são limitadas e pontuais, as quais não permitem a retomada do ritmo completo do plantio da nova safra de soja.

Fundamentos

Além da movimentação técnica, o mercado da soja conta também com fundamentos de demanda muito positivos no momento mas, ao mesmo tempo, com algumas notícias – principalmente sobre a nova safra dos Estados Unidos – que pesam sobre o mercado e acabam limitando os ganhos.

Segundo analistas da indústria pesquisados pela agência de notícias Reuters, as importações de soja pela China devem disparar em novembro e apresentar um aumento de 38%. Assim, nesse mês as compras chinesas podem chegar a 5,81 milhões de toneladas e, em dezembro, a 6,8 milhões, de acordo com estimativas do CNGOIC (Centro Nacional de Informações de Grãos e Óleos da China).

“As margens de esmagamento melhoraram muito desde outubro. Os preços da soja dos EUA estão baixos e uma recuperação nos preços do farelo e do óleo deve dar às indústrias melhores margens”, disse Li Lifeng, analista de um website do setor à Reuters. E será essa força da demanda não só pela matéria-prima, mas também pelos subprodutos, segundo analistas, que trará sustentação aos preços da oleaginosa.

Para Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, essas quedas são pontuais, não devem causar uma preocupação excessiva entre os produtores e acredita ainda que “o momento mais crítico do mercado esse ano já passou. O mercado tem fôlego para evoluir e, além de tudo, o dólar também tem um fôlego grande para trazer uma tranquilidade ao produtor brasileiro”.

Ainda de acordo com o consultor, as últimas quedas registradas pelos preços da soja deixaram os preços muito baratos e favorecem muito as margens de setores como o de granjeiros e ração, onde a demanda é muito grande, e acabam estimulando os compradores.

De outro lado, a colheita da safra norte-americana se encaminha para a reta final, chegou a 83% até o último domingo (2) e conta com previsões climáticas que irão favorecer o bom desenvolvimento dos trabalhos de campo nessa última fase. A expectativa é de que no próximo boletim de acompanhamento de safras a ser divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) na segunda-feira (10) a área colhida já chegue a mais de 90%.

O instituto de meteorologia norte-americano MDA Weather Service mostra um clima mais seco em quase todo o Meio-Oeste de 9 a 13 de novembro, o que deve garantir o progresso da colheita. E são condições como essas que permitiram o avanço de 13 pontos percentuais na última semana, fazendo com que os trabalhos se alinhassem à média dos últimos cinco anos e encerrasse o atraso configurado no início do processo.

Passada a colheita nos Estados Unidos, segundo analistas, o foco do mercado futuro deverá se voltar à safra da América do Sul, principalmente no Brasil, onde o plantio começa com atraso e sob condições adversas de clima.

As principais regiões produtoras do Brasil vinham sofrendo com uma das piores estiagens em muitos anos e isso provocou, em alguns locais, a morte de algumas plantas e a necessidade do replantio de áreas localizadas. No entanto, novas previsões indicam melhores condições de chuvas para as próximas semanas e um cenário mais seguro para os trabalhos de campo.

De acordo com informações da Climatempo, novembro começa com uma maior disponibilidade de umidade sobre as regiões Sudeste e Centro-Oeste e, com isso, há uma intensidade maior de pancadas de chuvas sobre essas localidades e a situação de um bloqueio atmosférico se desfez. Assim, há áreas nessas duas regiões onde as precipitações podem ficar entre 100 e 200 mm.

Entretanto, a estimativa de novembro para a  safra brasileira foi revista, em função de ajustes na produtividade da soja em alguns estados. Com isso, a produção em 2014/15 deve ficar em 92,67 milhões de toneladas. Em outubro, esse número veio em 93,222 milhões de toneladas.

“No Centro-Oeste, que é o maior produtor de soja do Brasil, o atraso no plantio está sendo grande em função de uma seca prolongada em outubro. Alguns produtores precisaram fazer o replantio quando a chuva finalmente chegou. O volume de chuvas só se tornou uniforme e abundante nos últimos dias de outubro e os produtores aceleraram o plantio neste período. Com a concentração do plantio em um curto espaço de tempo, as lavouras ficam mais suscetíveis a impactos do clima. Com isso, as produtividades potenciais foram levemente reduzidas, considerando o maior risco climático”, explica a economista Natalia Orlovicin, do Departamento de Inteligência de Mercado da INTL FCStone.

Fonte: Notícias Agrícolas

Mostrar Mais

Anuncie Aqui

Notícias Relacionadas

Volta para o botão de cima