Soja tem mais um dia de baixas na manhã desta 4ª e perde os US$ 10 no março/15
Os futuros da soja seguem recuando na Bolsa de Chicago na manhã desta quarta-feira (14), dando continuidade ao movimento negativo registrado na sessão anterior. Entre as posições mais negociadas, as baixas variavam entre 4,75 e 5,50 pontos, por volta das 7h40 (horário de Brasília), com os contratos janeiro e março já operando abaixo dos US$ 10 por bushel.
Desde a última segunda-feira (12), com a chegada dos novos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o mercado vem recuando, em um intenso movimento de realização de lucros. As cotações até ensaiaram uma recuperação na manhã de ontem, no entanto, voltaram a trabalhar no vermelho.
Para alguns consultores e analistas de mercado, essa ainda não é uma tendência para os preços, já que os investidores devem se voltar para os fundamentos de clima – que na América do Sul, principalmente no Centro-Sul do Brasil está bastante adverso – e de demanda, a qual se mostra forte nessa temporada.
Para Liones Severo, consultor de mercado do SIM Consult, esse último boletim do departamento americano priorizou os dados de oferta e deixou de computar a força da demanda. No entanto, acredita que os prçeos podem voltar a subir em fevereiro na CBOT.
Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:
Os preços da soja negociados na Bolsa de Chicago perderam fôlego na tarde desta terça-feira (13) e fecharam a sessão com baixas de dois dígitos entre as posições mais negociadas. O mercado perdeu patamares importantes e o contrato maio/15, referência para a safra brasileira, encerrou o dia a US$ 10,10 por bushel.
Segundo explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, esse foi um movimento técnico de forte realização de lucros e já era esperado, depois das altas registradas no início dos negócios. No entanto, afirma também que isso não indica uma tendência para as cotações e que, aos poucos, os investidores devem se voltar aos seus fundamentos, principalmente de clima na América do Sul e demanda.
O mercado vinha sentindo ainda a pressão dos últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportados nesta segunda-feira (12) que mostraram um aumento na produção, produtividade e estoques finais norte-americanos, bem como uma elevação nas estimativas para a colheita e os estoques globais e fez com que os preços apresentassem uma baixa significativa. Ao longo dos negócios, até o início da tarde, o mercado vinha operando em campo positivo e chegou a registrar ganhos de mais de 7 pontos.
Porém, não só para Brandalizze, mas também para o consultor da Cerealpar Steve Cachia, a reação do mercado foi exagerada na sessão anterior e, mais adiante os estoques norte-americanos poderiam ser revisados para baixo diante da força da demanda que vem sendo observada nessa temporada. “A demanda continua forte, agressiva, principalmente pela China, e a tendência, mesmo com a safra da América do Sul cheia, é de que essa demanda deva continuar bastante forte, com os EUA já adiantados na comercialização para o mercado internacional e ainda estamos em janeiro”, diz.
Ainda nesta terça-feira, a Oil World divulgou uma nota afirmando que a safra de soja da América do Sul deverá ser menor do que as projeções iniciais em função do clima seco em importantes regiões produtoras do país.
Em várias localidades, o volume de chuvas em dezembro foi bem abaixo do normal nos estados de Mato Grosso, Paraná e Minas Gerais, de acordo com informações da consultoria alemã. Além disso, no período dos primeiros 20 dias desse mês, em muitas áreas as precipitações também deverão ficar abaixo da média. A nota da Oil World mostra ainda que na província de Córdoba, na Argentina, os níveis de umidade do solo também são insuficientes para um bom desenvolvimento das lavouras.
“Algumas revisões, ao menos moderadas, terão de ser feitas nas estimativas dos níveis de produtividade e produção da América do Sul”, acredita a Oil World.
No Brasil, principalmente na região Centro-Sul do país, há bolsões de seca em importantes regiões produtoras, bem como em estados do Nordeste. No Piauí, por exemplo, os sojicultores nem conseguiram ainda finalizar o plantio dessa safra, e há uma situação semelhante em regiões do oeste da Bahia e no Tocantins. Em Goiás, a estiagem já dura semanas e também já é cogitada uma quebra da safra do estado. No Paraguai, em Santa Rosa Del Monday, a produtividade já está abaixo do que o incialmente projetado, depois que as lavouras sofreram com altas temperaturas e o tempo seco entre os meses de setembro e outubro.
Mercado Interno
Acompanhando as baixas em Chicago e mais uma dia negativo do dólar frente ao real, os preços da soja recuaram também no mercado interno. No interior do país, as principais praças de comercialização perderam entre 0,85 e 1,89%, com preços variando entre R$ 52,00 e R$ 58,00 por saca.
Já nos portos, as baixas foram, mais uma vez, mais expressivas. Em Paranaguá, o valor para o produto com entrega em abril/15 recuou 4,69% para R$ 61,00, enquanto em Rio Grande, com a soja para maio/15 fechou o dia valendo R$ 62,30, com baixa de 2,50%. O produto disponível no terminal gaúcho encerrou os negócios valendo R$ 64,50, com baixa de 1,53%.
Nesta terça, o dólar caiu 1,17% para fechar a R$ 2,6369 na venda e, na mínima da sessão, bateu nos R$ 2,6278. Segundo analistas ouvidos pela agência Reuters, o mercado recebeu bem as declarações do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de que uma política fiscal mais austera está sendo implementada no Brasil e de que os ajustes, portanto, estão a caminho.
Fonte: Notícias Agrícolas