AgronegócioDestaque

Soja tenta recuperação nesta 4ª buscando de volta os US$ 10

Mantendo sua volatilidade, o mercado da soja opera com ligeiros ganhos na manhã desta quarta-feira (3) na Bolsa de Chicago, depois do expressivo recuo registrado na sessão anterior. Ontem, os preços perderam mais de 20 pontos nos principais vencimentos e, pela primeira vez em seis semanas, fechou com a primeira posição abaixo dos US$ 10 por bushel.

Assim, por volta das 7h40 (horário de Brasília), o contrato janeiro/15 era negociado a US$ 9,98, subindo 3 pontos, enquanto os demais ainda lutavam para manter o patamar dos US$ 10, com ganhos entre 2,75 e 3,50 pontos. O vencimento maio/15, referência para a safra brasileria, vinha cotado a US$ 10,13/bushel.

O mercado ainda tem se movimentando influenciado pela pressão da queda dos preços do petróleo, que têm se mostrado acentuadas e levando as cotações em mínimas em cinco anos. Além disso, entre os fundamentos, não há muitas informações novas que contribuem para os movimentos do mercado, a não ser a consolidação da safra dos Estados Unidos e de uma melhora nas condições climáticas da América do Sul.

O mercado internacional da soja, nesta terça-feira (2), ampliou expressivamente suas baixas, fechou com perdas de mais de 20 pontos nos principais vencimentos e, depois de seis semanas, encerrou os negócios com o primeiro vencimento abaixo dos US$ 10 por bushel na Bolsa de Chicago, a US$ 9,95. No último dia 24 de outubro aconteceu a sessão em que os futuros da oleaginosa operavam ainda na casa dos US$ 9,00 e, na sessão seguinte, do dia 27, se recuperaram para o vencimento janeiro fechar a US$ 10,12 na ocasião.

Desde então, os preços vinham registrando boa valorização, porém, nas últimas semanas foi recebendo uma pressão mais intensa dos fundos especulativos – liquidando posições e realizando lucros não só sobre a soja, mas sobre todas as commodities agrícolas – diante da influência negativa vinda do cenário macroeconômico, principalmente com as baixas nos preços do petróleo.

Segundo informações apuradas pelo Valor Econômico, o cenário, nesta terça, foi de maior aversão ao risco por parte dos investidores diante desse recuo nas cotações do petróleo e ainda da possibilidade cada vez mais próxima de um reajuste para cima na taxa básica de juros dos Estados Unidos. O quadro teria reduzido o interesse por ativos de risco e de mercados emergentes, sustentando o fortalecimento do dólar, que fechou o dia com alta de 0,54% em R$ 2,5725, e o contrato futuro – para janeiro/15 – ficou ainda mais alto, em R$ 2,592, com ganho de 0,45%.

Para Carlos Cogo, consultor de mercado da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, esse movimento negativo não é uma tendência consolidada para o mercado da soja e, se perdeu o piso dos US$ 10,00 por bushel trata-se de algo temporário, com o mercado pressionado no curto prazo. “Essa foi uma questão se desencadeou com a baixa forte do petróleo e é, agora, o principal motivo de baixa não da soja, mas de todas as commodities agrícolas”, afirma Cogo.

O consultor explica ainda que, desde outubro, os preços da soja e do milho acumulavam uma alta de mais de 12% até o final de novembro e, com o petróleo trabalhando com níveis abaixo de US$ 70 / US$ 80 por barril, os investidores procuram mesmo garantir seu lucro em ativos que vinham positivos, como ambos os produtos negociados na Bolsa de Chicago. Dessa forma e frente a um cenário que pode durar ainda algumas semanas, “há de se considerar que é preciso acompanhar o mercado do petróleo”, orienta Cogo. “O mercado deve ficar, por algumas semanas, envolto em uma nuvem de notícias negativas vindas do cenário econômico e esse tem sido o principal motivo para as baixas. No entanto, essa pressão baixista deve ceder e o mercado se volta aos seus fundamentos. No curto prazo, o mercado ficou pressionado”, completa.

Para Steve Cachia, consultor de mercado da Cerealpar, os fundos – justamente motivados por essa maior aversão ao risco – estiveram ‘ausentes’ da ponta compradora do mercado, o que ajudou a intensificar a pressão sobre as cotações. “Os fundos não estavam presentes no lado comprador, estava fora do mercado nesta terça”, diz.

Além disso, Cachia atribui as baixas ainda ao clima favorável para o desenvolvimento da safra 2014/15 na América do Sul. As chuvas se mostram mais regulares nas últimas semanas e, de acordo com relatos de produtores de regiões importantes de cultivo, as lavouras mostram um bom potencial de recuperação. No entanto, afirmam ainda que a produtividade não deve alcançar os índices projetados inicialmente.

Para Cachia, o mercado conta agora com um momento a favor de preços mais baixos, porém, “a meta de curto prazo é tentar se manter próximo a US$ 10,00 e, portanto, vai tentar se segurar e manter o patamar a qualquer notícia positiva que surja”, diz.

No Brasil

No Brasil, os preços vêm se mantendo firmes diante do avanço do dólar e de prêmios ainda positivos nos portos e, apesar do quadro particular de custos de cada região produtora do país, remunera o produtor brasileiro.

“Dos três fatores que formam preços hoje, que são câmbio, prêmios e os preços em Chicago, dois estão acima da média. O câmbio está acima dos R$ 2,50 – ainda dependendo das medidas na nova equipe econômica -; prêmios para maio/15 na casa dos 50 cents de dólar acima da CBOT são valores historicamente altos para o período, e somente as cotações na bolsa estão abaixo da média em relação aos últimos cinco anos. Então, os preços atualmente, se pensarmos dessa maneira, não estão tão ruins como era esperado com uma safra de 108 milhões de toneladas nos Estados Unidos”, diz Glauco Monte, consultor de grãos da FCStone.

No porto de Paranaguá, com uma terça-feira de poucos negócios,  o preço da soja futura se manteve estável em R$ 62,00 por saca. Já em Rio Grande, as cotações apresentaram uma ligeira queda, de 1,55% para o disponível – ficando em R$ 63,50 – e R$ 62,50 para a soja com entrega em maio/15, recuando 0,79%. No interior do país, o dia foi de estabilidade nas principais praças de comercialização.

Fonte: Notícias Agrícolas

Mostrar Mais

Anuncie Aqui

Notícias Relacionadas

Volta para o botão de cima