Sustentada pela demanda, soja ganha força e fecha em alta na CBOT nesta 6ª feira
Na sessão desta quinta-feira (18), na Bolsa de Chicago, o mercado ganhou força no final dos negócios e terminou o dia com ganhos entre 8,50 a 10 pontos nos principais vencimentos. O vencimento janeiro recuperou a casa dos US$ 10,30 e terminou o pregão valendo US$ 10,35, enquanto o maio/15, referência para a safra brasileira, ficou em US$ 10,51.
Em contrapartida, o dólar perdeu quase 2% frente ao real, fechou em R$ 2,6550 na venda. Na mínima da sessão, a moeda chegou aos R$ 2,6454. Assim, nos portos, os preços da soja acabaram recuando, apesar de um mercado mais forte em Chicago.
No porto de Paranaguá, a soja futura fechou o dia valendo R$ 63,70, caindo 1,24%. Já em Rio Grande, o produto da safra nova ficou em R$ 65,30, recuando 1,8% enquanto o disponível subiu 0,76% e encerrou os negócios com R$ 66,00 por saca.
No interior do país, o mercado não apresentou uma direção bem definida para os preços. Em Não-Me-Toque/RS, Cascavel/PR, Campo Novo do Parecis/MT, São Gabriel do Oeste/MS e Jataí/GO, os preços permaneceram estáveis, variando entre R$ 54,80 a R$ 60,00, segundo um levantamento feito pelo Notícias Agrícolas junto às cooperativas e sindicatos rurais. Já em Ubiratã/PR houve uma alra de 0,85% para R$ 59,00 e em Londrina/PR e Tangará da Serra/MT, os preços caíram para R$ 58,50 e R$ 56,00, respectivamente.
Mercado Internacional
Em Chicago, segundo explicam analistas, o mercado foi estimulado pelo recuo do dólar – que acaba tornando os produtos negociados nas bolsas americanas mais competitivos, além da puxada registrada entre as cotações do trigo que, durante o pregão, chegaram a subir mais de 15 pontos.
Os ganhos registrados pelo grão, segundo explicou o analista e editor do site norte-americano Farm Futures, Bob Burgdorfer, estiveram no foco dos investidores e ganharam mais peso do que as exportações norte-americanas mais baixas do que as registradas na semana anterior, dando um fôlego significativo ao mercado da soja.
Além disso, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou, nesta quinta, a venda de 1,5 milhão de toneladas de soja para a China com entrega para a safra 2015/16, no ano comercial que se inicia em 1º de setembro de 2015 somente.
“Isso dá para o mercado uma perspectiva de uma demanda forte no longo prazo e anulou os dados das exportações semanais de soja abaixo das expectativas”, acredita o analista de mercado Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.
Nesta quinta-feira, o USDA informou que, na semana que terminou em 11 de dezembro, as vendas norte-americanas de soja vieram menores do que as registradas na semana anterior – e isso já vinha sendo esperado pelo mercado, segundo analistas do site norte-americano Farm Futures – e totalizaram 696 mil toneladas.
A redução, na semana, foi de 14% e, em relação à médias das últimas semanas, de 27%. A China, como sempre acontece, foi o principal destino da oleaginosa americana. O departamento reportou ainda as vendas de 350 mil toneladas da safra 2015/16.
No acumulado do ano, as vendas norte-americanas já somam 41.156,6 milhões de toneladas, contra a projeção atual do USDA para toda a temporada 2014/15 de 47,9 milhões de toneladas.
E é essa demanda muito forte, segundo Cogo, que deve continuar a dar sustentação às cotações, o que, para o produtor brasileiro, vem aliada a um dólar buscando patamares mais altos, favorecendo a formação dos preços internos, diz o analista.
“Os preços se consolidaram em patamares mais elevados no mercado internacional o dólar já mostrou que deve buscar patamares mais elevados, o que leva o produtor brasileiro a garantir melhores margens de renda”, diz. Para Cogo, as cotações da soja em Chicago ainda encontram uma firmeza entre os US$ 10,40 e US$ 10,50 por bushel. “Nos últimos 30 dias, as coisas mudaram radicalmente”, completa.
Efeitos do Petróleo
Ainda segundo Cogo, o real efeito que a crise nos preços do petróleo pode ter no mercado de grãos continua sendo incerto. “No entanto, parece que a pressão e o efeito que a queda vinha exercendo sobre o mercado se dissipou nos últimos dias”, explica.
Para o analista, se de um lado o mercado pode ser pressionado, outros benefícios podem ser colhidos com essa baixa nos preços, uma vez que os gastos menores com energia e combustíveis, principalmente de países importadores – como é o caso da China, por exemplo – poderia impulsionar um consumo maior de alimentos, trazendo mais estímulo aos preços e aos mercados.
“Uma queda dos preços dos combustíveis no varejo poderia estimular ainda mais a demanda”, diz Cogo. Paralelamente, o analista afirma ainda que essa baixa no mercado do petróleo pode trazer um recuo nos valores também dos insumos, como fertilizantes e agroquímicos, o que poderia contribuir para custos de produção mais amenos daqui em diante. “Além disso, o produtor poderia ainda sentir uma pressão menor vinda dos preços dos fretes”, diz.
Fonte: Notícias Agrícolas